Créditos da imagem: Montagem/No Ângulo
Contrapontos
Estive viajando nesta última semana. Mas, graças ao PPV, assisti aos jogos de Flamengo x Santos e São Paulo x CSA – este último terminando de madrugada. Pude conferir colunas dos colegas sobre os jogos e, respeitosamente, venho apresentar minhas discordâncias em dois tópicos.
1 – o copo meio cheio e meio vazio de Sampaoli
Fiquei sinceramente surpreso com a descrição quase eufórica do primeiro tempo santista. Parecia que realmente levaram a sério a bravata de Jorge Jesus sobre o Flamengo ter o nível de times como o Liverpool. Ainda não possui sequer o padrão. A ideia de jogo intenso lembra o campeão europeu, mas os buracos na pressão se dão em maior quantidade – fora a inevitável diferença de ritmo decorrente dos campeonatos jogados por cada um. O que o Santos fez de diferente, a rigor, foi entrar sem o medo dos adversários anteriores do Flamengo. Posicionou-se e jogou concentrado de modo a dificultar as ações rubro-negras e rondar a área do mandante. Porém, tal performance rendeu apenas duas oportunidades claras. Menos do que na péssima partida contra o São Paulo. Além disso, faltou pensar no óbvio: e se, mesmo com tudo bem executado, o Flamengo fizesse um gol?
Sim, teve o golaço de Gabriel Barbosa após o erro de Sasha. E teve o intervalo, permitindo a Jesus reorganizar os discípulos. Tais fatores dificultariam a vida de qualquer time no Maracanã. Mas o Santos não conseguiu sequer uma centelha de reação. Durante todos os 45 minutos complementares, o jogo estava 1 a 0 e já parecia resolvido. Nem mesmo um lance casual colocou em risco a meta de Diego Alves. Algo que, com esse placar, costuma acontecer até num Barcelona x Granada. Ou seja: quando conseguiu medir forças, o Santos pouco produziu; quando dominado, fez menos que um time pequeno. Entendo que existe até uma preocupação contra críticas oportunistas a Sampaoli. Porém, ignorar estes pontos e ainda ver algo a comemorar pelos santistas se assemelha mais, a meu ver, a um início de fase depressiva de quem conta muito com seu sucesso.
2 – o suposto “desperdício” de Daniel Alves na lateral
Muito antes do festejado reforço, já era praxe de comentaristas e torcedores vislumbrar atletas caros em posições diversas. Pablo teve uma temporada boa (e só) como centroavante, em 2018. Mal chegou e já se falava em usá-lo na ponta, com Diego Souza de centroavante. Saiu Diego e veio Alexandre Pato. Mesmo com pífias participações como 9 sempre que tentado (inclusive na passagem anterior pelo SPFC), foi outro que nem chegou e já era “escalado” onde não costuma atuar. Pablo, adivinhem, ficaria aberto de novo. Juanfran, que chegou ao mesmo tempo que Daniel, também não escapou da criatividade da turma do “é só fazer isso que dá certo”. Os eternos tarados pelo uso de três zagueiros imaginaram o sucesso do espanhol fazendo o que nunca fez, sendo que marcação nunca foi seu forte. Também deve ser “só” combinar com o adversário…
Daniel Alves é lateral-direito desde sempre. Para não mentir, foi terceiro volante de Dunga poucas vezes. Também jogou uma partida adiantado, pela Juventus, como elemento surpresa. Foi questão de acabar a surpresa para não funcionar mais. Daniel veio ao SPFC com ganhos condizentes aos de um grande lateral-direito. Se a ideia for mudá-lo de posição aos 36 anos (algo que, se deu certo, foi há décadas), deveria haver um belo desconto. Supondo que haja chances de funcionar, requer muitos treinos. Tudo o que não haverá até o fim do ano. Falta um turno de campeonato, mas menos de 30 % da temporada. Querem tentar? Esperem 2020. Isso se os mundos esportivo e financeiro não colidirem antes e Daniel não sair no fim de 2019, num “negócio bom para todos”. Desperdício não é estar na lateral. É estar neste São Paulo de Leco, Raí & companhia juvenalina.
Continuo pensando que será muito bom, para o futebol brasileiro, que Jorge Sampaoli leve o Santos a um patamar acima do que se cogitava. Assim como não me chatearia se viesse a me enganar com minha visão pouco animada da passagem de Daniel Alves no São Paulo, para o qual torço. Portanto, gostaria de pensar e concluir diferentemente. Mas nem sempre dá pra concluir o desejado. Não, a meu ver, nestes casos acima.
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