Créditos da imagem: Fábio Lima/O POVO
“Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”
O velho ditado que diz “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come” pode ser aplicado em diversas situações. O ex-goleiro Rogério Ceni, que os são-paulinos chamam de “Mito”, para perturbar corintianos e palmeirenses, hoje técnico do Fortaleza, que levou ao título da Série B do Brasileiro, pode estar vivendo essa dúvida de difícil solução. Renova contrato com o time cearense ou busca outros ares?
Ceni é uma pessoa inteligente – por isso tornou-se um grande goleiro – e como tal, fez-se o maior artilheiro do mundo. Teve sucesso já na primeira empreitada após trocar o gol pelo banco – ou na segunda, se quiserem levar em conta a rápida passagem pelo São Paulo, e sabe que não pode se iludir. Nem mesmo imaginar ser possível repetir o feito permanecendo no Fortaleza ou assumindo um outro time. Seja da Série B ou da A.
Ficando, sabe que o grupo de jogadores não poderá ser o mesmo, e disse isso logo após a conquista do título, sábado em Florianópolis, quando venceu o Avaí por 1 a 0. Um grupo formado para ganhar a Série B, ainda que de qualidade, nunca estará à altura do que o time precisa para viver dias de tranquilidade na Série A. E nenhum clube que acaba de ser promovido tem condições de formar outro elenco tão forte para a nova série.
Falando de dinheiro, ainda que tivesse ao seu lado algum magnata “russo”, disposto a derrubar fortunas para contratar “craques” classe A, faltaria tempo para transformar um grupo em um time, e restaria a dúvida se o elenco vingaria. Mesmo nessa absurda hipótese, o risco de uma decepção continuaria. Daqui para frente, no imediato, nada será como antes. E a torcida hoje campeã, mesmo se muito bem conscientizada a não pensar em título, jamais aceitaria sossegada o risco de novo rebaixamento. E nessas horas quem paga o pato é sempre o técnico. Herói ou não.
Restaria aceitar convite de um time mais robusto, da Série A, que na certa não faltará. Veja que já descarto novo desafio na Série B. Menos ainda um rabo de foguete ligado a alguns dos que já viveram a Série A e caíram – até mais de uma vez. Há os que o imaginam de volta ao São Paulo, o que não acredito. Não com a mesma diretoria que já o usou. Que outro mais? Santos, se Cuca se mandar? Fluminense, Vasco, Botafogo? Times quebrados. Flamengo? Um caldeirão em permanente ebulição. Corinthians? Não, água e azeite não se misturam. Palmeiras, Grêmio e Inter parecem bem servidos. Cruzeiro? Talvez, se Mano Menezes for para a Europa, como anda dizendo. Atlético?
Rogério Ceni é agora o novo dos novos, tão reclamado pelos que pedem renovação, mas que vivem, ainda, na gangorra. Quando se pensa que um deles vai finalmente se firmar, lá vem a degola e a contratação, às pressas, de um “veterano”. Alguns que pintaram bem e subiram como foguete, caíram como vara apagada e desistiram. Lembram do Zetti? Darío Pereyra?
Rogério não tem pinta de quem desiste. Nem de quem aceita viver mais anos de aprendizado. Onde estará em janeiro de 2019?