Créditos da imagem: Corinthians Atual
O Corinthians já fez história nesse Campeonato Brasileiro.
Independentemente do final, que ainda está longe.
No melhor dos cenários, os comandados de Fábio Carille podem se tornar os maiores campeões na era dos pontos corridos.
Superando a campanha do próprio Corinthians, em 2015, que conquistou 81 pontos.
Aproveitamento de 71,1%, o melhor desde que o Brasileirão passou a ter 20 times, em 2006.
O time corintiano pode ser o primeiro campeão invicto nesse modelo de competição, com jogos de ida e volta, em 38 rodadas.
O Inter de Porto Alegre é o único na história que ganhou o Campeonato Brasileiro sem perder jogos.
Foi em 1979.
Jogou 23 partidas – em diversas fases – e não perdeu de ninguém.
No pior dos cenários, o Corinthians pode repetir fiascos como, por exemplo, o do Palmeiras, em 2009.
O time comandado por Muricy Ramalho estava na liderança faltando cinco rodadas para o fim.
Despencou – para usar um termo que Renato Gaúcho usou para o atual Corinthians – e ficou sem a taça.
Pior, terminou em quinto na classificação, e nem vaga na Libertadores para consolar.
Seja como for o desfecho, a campanha do Corinthians no Campeonato Brasileiro de 2017 vai ser histórica.
Com os 44 pontos já conquistados na competição, no mínimo, já igualou a melhor campanha em um único turno de Brasileirão, desde 2003, época em que a competição passou a ser disputada em turno e returno, por pontos corridos.
Só uma improvável goleada de 6 ou mais gols do Sport, em Itaquera, no sábado, tira esse recorde do Corinthians.
Caso vença o campeão pernambucano, iguala os 47 pontos ganhos pelo Cruzeiro, no primeiro turno de 2003.
Só que com quatro jogos a menos, já que o primeiro Campeonato Brasileiro de pontos corridos foi disputado com 24 equipes.
Desde 2006, o torneio passou a ser disputado por 20 times.
Mesmo que o Corinthians sofra a primeira derrota na competição de 2017 – ainda assim – já tem garantido aproveitamento superior a 77% dos pontos disputados, desempenho que nenhum outro time conseguiu.
Os comandados de Fábio Carille também igualaram o recorde de invencibilidade no campeonato por pontos corridos.
Atlético paranaense, em 2004 e o São Paulo, em 2007 igualmente ficaram 18 jogos sem perder.
Na liderança do Brasileirão 2017 desde a 5ª rodada, o time vai alcançar a marca de 100 rodadas como líder, desde 2003.
Está bem próximo do recorde do Cruzeiro, que conseguiu ficar 105 rodadas na liderança.
Caso mantenha o primeiro lugar até a 38ª e última rodada, o Corinthians supera o Cruzeiro de 2014 – que ficou 33 rodadas à frente – e estabelece recorde de 34 rodadas na liderança, desde quando o campeonato passou a ser disputado por 20 clubes.
Números espetaculares, ainda mais se os compararmos com outros números do dia a dia corintiano.
O clube é um dos mais endividados do país.
Em dificuldade para honrar o pagamento até de pequenas despesas.
A contratação do zagueiro Pablo – um dos maiores destaques da campanha corintiana em 2017 – antes dada como certa, foi suspensa porque o clube não consegue apresentar garantias de que pode cumprir o acordo com o jogador e com o Bordeaux, da França, clube que detém os direitos federativos do zagueiro.
E pode acabar ficando sem Pablo.
Problema que não é novidade.
As dívidas trabalhistas – dos calotes aplicados em jogadores e empresários – aumentaram de 8% para 13%.
Ano passado, envolvido na crise financeira, vendeu metade do time titular, campeão em 2015.
Boa parte dos negócios foram com times da China.
O Corinthians ficou só com metade dos 144 milhões arrecadados nas transferências.
O restante acabou nos bolsos dos empresários.
Ao assumir a presidência do Corinthians, em fevereiro de 2015, Roberto Andrade prometeu austeridade administrativa.
A prática contrariou o discurso.
Não reduziu despesas nem aumentou receitas.
E olha que o atual mandatário corintiano teve chance de colocar as contas do clube nos trilhos.
O Corinthians recebeu R$ 81 milhões da TV Globo a título de luvas por um novo contrato de direitos de transmissão, válido de 2019 a 2024.
Somando os R$ 74 milhões arrecadados com o desmonte do time hexacampeão, o problema com o endividamento poderia ter caminhado para a solução.
No entanto – ameaçado por um processo de impeachment motivado por fraudes em documentos relativos ao estádio – Roberto de Andrade aumentou os investimentos em aquisições de atletas.
No ano passado, a Arena Corinthians gerou impacto negativo de 73 milhões de reais nas contas do clube, que deixou de arrecadar R$ 48 milhões em bilheterias e ainda precisou tirar R$ 25 milhões de seu caixa para cobrir outras dívidas relativas à Arena.
As dívidas não diminuíram, mas as receitas aumentaram muito.
Saltaram de R$ 264 milhões para R$ 415 milhões, fruto – especialmente – do acordo com a TV.
Mas salários e despesas administrativas do clube – além do que é gasto com a pagamento e manutenção da Arena – drenaram os ganhos do clube.
Verdade que grande parte dos problemas foi herdada das administrações anteriores de Andrés Sanchez e, especialmente, Mário Gobbi.
Novos prejuízos são esperados para o exercício de 2017.
Mais atletas serão vendidos. Novos empréstimos bancários vão ser contraídos.
No entanto, por incrível que pareça, os maus passos administrativos acabaram gerando algo positivo.
O Centro de Treinamento é um dos melhores do mundo, com profissionais gabaritados que estabeleceram um padrão Corinthians de qualidade.
Mesmo desfalcados de muitos que foram absorvidos por Tite na seleção brasileira, manteve a filosofia e o alto nível de trabalho.
E é isso que explica o desempenho atual do time corintiano.
De quarta força do futebol paulista, no início de 2017 – assumiu papel de protagonista no futebol brasileiro, escrevendo uma incrível história de sucesso.
Uma pequena correção: no Campeonato Brasileiro de 1979, que conquistou de forma invicta, o Internacional disputou 23 jogos, e não 26.
Sérgio Paz
Obrigado, Sergio Paz, foi corrigido! 😉
Essa campanha do Corinthians tá surreal!!!!! E acrescentaria ao texto que está também aproveitando a base, coisa que não fazia antes!!!!!!
Está mesmo quebrando paradigmas no futebol brasileiro! Incrível pensar que há menos de um ano foi esta mesma diretoria que tirou o Carille para inventar de contratar o Oswaldo de Oliveira absolutamente sem nenhuma razão.
Outra coisa que tem me impressionado neste atual Corinthians é a média de público. Praticamente todos os jogos têm sido para mais de 40 mil pessoas!
Quem poderia dizer isso no início do ano? Beira o bizarro!