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O técnico do ano
Sei que corro o risco de um eventual vexame quebrar meus dedos, mas tá valendo. Independentemente de quem for o campeão da Libertadores, meu voto para melhor técnico brasileiro de clube em 2017 vai para Renato Gaúcho. Meus demais indicados seriam Fábio Carille e Jair Ventura, por seus ótimos trabalhos no decorrer da temporada. Ambos conseguiram levar ao limite o potencial de seus elencos. Renato também fez isso, porém com a diferença que justifica minha escolha: foi o único que se propôs a tomar a iniciativa das partidas. Mesmo contando, na maioria dos jogos, com um único atleta capacitado para criar. Mesmo perdendo jogadores fundamentais para a movimentação e o rompimento das defesas adversárias. Mesmo não raro desvalorizando a si mesmo com frases infelizes, como a apologia aos “espertos”.
Renato estava longe do mercado até o final de 2016. Perdera espaço por conta da forma peladeira como montava seus times. Assemelhava-se ao perfil de Levir Culpi: bom para escolher jogadores e sofrível para organizá-los. Tanto a impressão geral era essa que o título da Copa do Brasil foi logo atribuído, em termos táticos, ao antecessor Roger Machado – que chega ao Palmeiras na berlinda. Outro contraponto foi Rogério Ceni. Indagado sobre o período de estudos do novato são-paulino, Renato desdenhou dizendo que preferia ficar na praia. Pois podem estar certos que, entre um futevôlei e uma cerveja, alguma coisa ele estudou. Não apenas pela marcação adiantada de seu time, como pelos ajustes no posicionamento de Luan e Pedro Rocha. Especialmente do primeiro, que recuou para atuar entre as espaçadas linhas adversárias. De quebra, usou o sentido de baladeiro para colocar juízo em atletas há muito desacreditados, como Cortez.
O que gerou questionamentos foi perder todas as disputas encerradas até aqui. Pode ser que termine o ano sem nenhum título. Inclusive, há críticas contraditórias sobre isso. Uns reclamam que quis ganhar três campeonatos quase simultâneos (Brasileirão, Copa do Brasil e Libertadores) sem elenco para aguentar. Outros afirmam que abriu mão muito cedo do campeonato nacional, logo que seu time foi surpreendido em casa pelo campeão Corinthians. Pendo para esta segunda observação, que leva a outro reparo: o aparente negligenciamento do time reserva, presa fácil quando atuou. Também não sei até que ponto o treinador leva jeito para a transição dos garotos no time principal. Nomes como Lincoln começaram o ano prometendo e não evoluíram. Faltaria paciência com inexperiência e deslumbramentos? A médio e longo prazo, isso não é bom para o clube. Acaba enchendo o elenco de medalhões e tirando ainda mais espaço dos jovens. Uma bola de neve com chumbo no meio.
Ainda assim, além do que postei acima, há mais razões para elogiar. Porém, a principal delas é mesmo ser a voz isolada – e bem sucedida – num ano em que a palavra de ordem foi “esperar”. Outros tentaram, mas deram com os burros (literalmente) n’água. O Palmeiras e seus técnicos acharam que tomar a iniciativa era jogar como um bando de histéricos. O São Paulo deixou um estagiário fazer um projeto escolar de ofensividade, que representou o primeiro passo (os outros caem na conta da diretoria) para outra temporada temerária. O Santos mandou Dorival embora (não sem motivos) e viu Levir confirmar a impressão do segundo parágrafo. O Atlético Mineiro sequer conseguiu matar alguém no Horto. O Flamengo não entra na análise porque de técnico estrangeiro falei em outro texto. De todo modo, escolho Renato porque a única forma de reanimar o futebol doméstico é essa. Se continuarem vivendo de bola parada e contragolpe, tudo o que critico nas demais colunas vai se ampliar.
Até onde Renato Gaúcho irá adiante em seu intento? Sinceramente, não sei. Chega uma hora em que até o mais ofensivo dos técnicos capitula pela vitória. Telê Santana quebrou a sina de pé-frio fechando o SPFC contra o Bragantino – inclusive, arrancando alfinetadas por não ter feito isso em 1982 (uma bobagem, já que a seleção toda estava na área no terceiro gol de Rossi). Provavelmente o desfalcado Grêmio tentará o mesmo contra o Lanús. Não apagará o fato de que 90 % da caminhada terá sido feita jogando para frente. Pode ser o primeiro de muitos passos. Ou o último. Mas, enfim, the “Gus” goes to Renato Portaluppi. Não parece grande coisa. E não é nada mesmo. Mas fica o registro para a posteridade – inclusive, se for o caso, para que tirem sarro do colunista.
ALÉM DE SER UMA FIGURAÇA, MANJA MUITO DE FUTEBOL ESSE RENATO GAÚCHO!
Meu voto tbm é no Renato.
O cara é fera,o ultimo dos grandes caras do Futebol….
Quando se joga todas as fichas num só número, é preciso ganhar. Veremos hoje
SIM, SE NÃO GANHAR IRÃO CHOVER CRÍTICAS!
Concordo, Gustavo Fernandes! Acho que o Carille fez um trabalho mais fundamental para seu clube (até porque o Renato já tinha a base campeão do Brasil em 2016), mas o trabalho do Renato é melhor. Nem tanto por tomar mais a iniciativa do jogo (e discordo de você quanto a igualar o Corinthians aos outros times brasileiros no sentido de só contra-atacar, porque o Corinthians faz isso com passes curtos e bola no chão, não em “estocadas” ou jogo aéreo), mas porque individualmente o Grêmio não me parece nada demais mesmo. Fora Grohe, Geromel, Arthur e Luan, são todos jogadores absolutamente comuns, mas com o Renato estão jogando como uma equipe de exceção.
Luan não é comum. Tem qualidades acima da média que foram bem usadas por Renato. O que lhe falta é velocidade e um chute mais forte.
Jogadores comuns tah bom kkkkkkkkkkj
O Carille fez mais diferença no time dele!!!!!!!!!!!!!!!!!