Créditos da imagem: FIFA
Copa do Mundo é Copa do Mundo, já dizia Galvão Bueno. E a cada Copa ouvimos uma série de comentários fatalistas a respeito da relação entre o torcedor Brasileiro e sua Seleção.
Já não temos mais vínculo com o time, já não nos relacionamos e nos empolgamos como antes. Nem as ruas são enfeitadas!
Quanta bobagem. E aqui passo a correlacionar a Seleção com o desenvolvimento do Futebol e do Mundo. Porque não dá para analisar a relação entre Torcida e Seleção sem contextualizar a relação com o tempo e o espaço. Lá vamos nós.
Até a Copa de 86 a maior parte dos atletas da Seleção jogava no Brasil. A partir de 90, como mostra o quadro abaixo, a Seleção passou a se internacionalizar. Em maior ou menor grau, a maioria dos atletas passou a jogar fora do Brasil, com destaque ao time titular. Reflexo direto do fortalecimento do Futebol Europeu e do enfraquecimento do Brasileiro, seja pela questão econômica, seja pelo amadorismo dos dirigentes, seja porque os jovens querem simplesmente morar em Madri ou Paris e não em São Paulo ou no Rio.
Países onde atuavam atletas brasileiros das Copas do Mundo. Fonte: Nexo Jornal
Em todas as Copas (desde 90) ouvimos que a Seleção não tem proximidade com o torcedor. Nesse sentido, talvez lá na década de 90 isso foi verdade. Hoje é absolutamente uma falácia.
Se até a Copa de 98 víamos poucos jogos de campeonatos europeus, e só tínhamos acesso aos jogadores brasileiros pelos gols do Fantástico e um jogo aqui e outro ali – o clássico Campeonato Italiano na Band aos domingos de manhã e a Bundesliga na TV Cultura no sábado de manhã confirmam isso – hoje tem jogos europeus de segunda a segunda, 7 ou 8 ligas, mais Champions League e Europa League.
Atualmente, qualquer garoto sabe quem é Firmino, como joga Coutinho e segue Neymar e Gabriel Jesus diariamente. Os atletas são mais expostos e cobrados 24 horas por dia. Aliás, dia desses o veterano Paulo Cesar Caju disse que na sua época o jogador era cobrado na rua quando não ia bem, e hoje nem estão aqui. Bobagem infinita! Os atletas eram cobrados nas suas cidades e por poucos, enquanto hoje tem que ouvir impropérios vindos de Porto Alegre, Kuala Lumpur, Miami ou Turim. A cornetagem está globalizada e presente 24/7!
Mesmo nas Copas anteriores a 90 o torcedor acompanhava seus jogadores de maneira bem menos ostensiva. Era pelo rádio, no videotape, pelo jornal, e só. Lembro de ver o videotape dos clássicos paulistas na TV Cultura no final da noite de Domingo, depois de ouvir pelo rádio, e isso é início da década de 90!
Mas ainda tem a festa. Cadê a festa? Cadê as ruas pintadas?
Você acha mesmo que o problema é só o distanciamento entre torcida e Seleção? Não lhe passa pela cabeça que ao longo dos anos as ruas foram ficando mais violentas, com mais carros e menos gente? A sociedade foi mudando no tempo, e mesmo as alternativas de diversão também. No lugar de ir para a rua pintar e fazer uma festa para ninguém – afinal, que adversário será zoado em caso de vitória? – as pessoas preferem os computadores, smartphones e boa parte delas prefere ir atrás de um emprego.
O mundo mudou. E esta é a grande diferença que está no ar, e que faz parecer que há apenas um sentimento de distanciamento.
O torcedor ao longo do tempo foi mudando com o mundo. Passou a defender mais seu clube que a Seleção, passou a ter outras atividades e interesses que não apenas o futebol, como era no passado.
Hoje a Pátria não veste necessariamente chuteiras, porque muita gente precisa de mais que diversão e arte. E assim como o futebol de maneira geral foi saindo do imaginário do Brasileiro, conforme mostram pesquisas recentes – Datafolha de Janeiro/18 mostra que 41% da população não tem interesse em futebol, o que representou crescimento de 10 pontos percentuais em relação a 2010-, é natural que a Seleção vá perdendo parte do seu encanto. Não é um fenômeno apenas da Seleção e sim do esporte.
Mas não se engane: quando o apito trilar na abertura da Copa contra a Suíça o torcedor estará lá na frente da TV, torcendo para que Neymar jogue, que Alisson feche o gol, que Miranda comande a zaga, e Tite dê seus pulos na beira do gramado. Pronto a se sentir mais Brasileiro a cada vitória, e mais corneteiro a cada passe errado.
Brasil-sil-sil-sil!!!
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Infelizmente cansei do Galvão Bueno e do TITE.
Os esquerdistas agora estão em campanha contra a seleção e dizendo que ninguém mais liga, mas isso é mentira!!!!!!!!! Ainda mais nessa seleção do Tite, que só atrai o respeito e a simpatia de todo mundo!!!!!!!!!!!