Créditos da imagem: Divulgação / FIFA
Numa Copa recheada de fatores, alguns imprevisíveis e outros muito difíceis de lidar, devemos estabelecer que todas as classificadas para as quartas de final têm chances. Portanto, vamos aos pontos que podem levar cada uma às semifinais, por ordem de aparição na próxima fase.
Brasil – contra a Coreia, conseguiu criar oportunidades agudas como não fizera contra as adversárias europeias em seu grupo. Para manter este desempenho, é recomendável que Richarlison repita o posicionamento e a movimentação que o diferenciaram, contra os coreanos, de um camisa nove tópico. Também será importante que um dos laterais consiga dar apoio efetivo (não necessariamente pela ponta) e o outro componha o centro durante a fase de ataque, para pressionar rapidamente em caso de bola perdida. Com Casemiro desequilibrando com sua capacidade de atacar e defender, a seleção tem seu “plus” em relação às demais.
Croácia – a camisa xadrez tem uma equipe mais envelhecida que em 2018, mas cuja experiência pode decidir. Modric e seus colegas não terão o menor constrangimento de passar por novas decisões em penalidades, como há quatro anos. Esta frieza, aliada a virtudes individuais como a do mencionado camisa 10, representa sua arma mais perigosa.
Argentina – uma comparação individual faria qualquer analista sóbrio concluir que, no máximo, 3 dos convocados teriam lugar entre os 26 brasileiros. Mas Copa do Mundo não é somatória de valores. Tal como em 1986, a ideia (até por falta de opção) desde 2019 é dar a Messi, enfim, o time adaptado a seu futebol que faltou mesmo no vice-campeonato de 2014. Esteja quem estiver em campo, a estratégia ofensiva será permitir a participação do camisa 10 no maior número possível de lances. Quanto mais ele pega na bola, maior o risco de controlar o jogo – armando, servindo e finalizando. Na defesa, o trunfo está na segurança de Romero e do goleiro Martínez.
Holanda – depois de uma classificação pouco convincente no pior grupo da Copa, a seleção laranja foi bem mais consistente contra a moderna, porém lacunosa seleção dos EUA. Dumfries teve a melhor atuação ofensiva de um lateral, suprindo um ataque afiado nas conclusões. A defesa é um misto de segurança e suspense, com Van Dijk e Aké (este respondendo pelo suspense). No meio, o talentoso De Jong tenta se firmar como o Falcão dos Países Baixos. Caso o time de Van Gaal consiga melhorar a distância entre os setores em seu esquema um tanto antiquado, pode tentar mais uma presença na final que seu país nunca venceu.
Portugal – demorou, mas o técnico lusitano teve a coragem de fazer a transição de “time do Cristiano” para “time de Bruno Fernandes”. A dificuldade de entendimento entre o atacante e o meio-campista, especialmente com a queda física do primeiro, era notória. O confronto com os suíços também foi a deixa para tirar João Cancelo, com seus incontáveis erros de marcação que já deveriam ter feito Guardiola chutar o pau da barraca, no City. Não será uma boa ideia enfrentar Bruno, Bernardo e Gonçalo com a cara e a coragem. Jogo intenso e aberto é tudo o que eles querem, ora pois.
Marrocos – assim como a Argentina, praticamente joga em casa. Inclusive considerando o clima e a velocidade da bola propícias ao jogo físico. O objetivo marroquino será transformar cada partida restante numa correria para tirar espaços e deixar o toque de bola adversário desconfortável – ou pouco útil. Funcionou contra uma das seleções ibéricas, restando saber como será diante de uma equipe com atacantes mais agressivos. Tudo para quebrar a barreira de um africano na semifinal – que não veio em 2010.
França – há problemas que resolvem. No caso do ataque francês, o desafio de encaixar os astros Mbappé e Benzema não vinha sendo bem-sucedido. Primeiro, porque jogaram pouco juntos. Segundo, porque cada qual tem uma preferência em termos do que o companheiro de ataque deve fazer para que marque mais gols. Com a lesão do madridista, Mbappé voltou a ganhar a companhia de Giroud. Hoje o quarteto com Griezmann (ponta-de-lança) e Dembélé na direita é o mais entrosado da Copa. O meio ganhou velocidade no passe sem Pogbá e Kanté, sendo que ainda não teve suas possíveis fendas defensivas exploradas. Seguindo assim, a busca do terceiro campeonato tem um time titular bastante apto ao desafio.
Inglaterra – outra seleção que foi se ajustando durante a Copa, a despeito da goleada na estreia. Ao contrário da equipe do outro lado do túnel, usa o 4-3-3 com o trio Saka, Kane e Foden. No meio-campo, a revelação Bellingham deu juventude e dinamismo ao trio. Será a adversária francesa, até as quartas, com elemento humano em melhores condições de desafiar a defesa azul. O fino humor britânico não hesitará, em caso da sonhada “volta do futebol à sua casa”, em decretar 2022 como “o ano em que a Inglaterra se despediu da sua pé-frio mais amada”.