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Desde domingo a imprensa tem dado muito espaço à seguinte discussão: Milton Mendes, técnico do Vasco, deveria ter ido ver o Fla-Flu decisivo do Campeonato Carioca em meio a torcedores do Flamengo?
Confesso que o que mais me assustou foi ver muitos jornalistas recriminando o treinador por isso (cheguei a ver um deles indignado). Ex-jogadores, hoje comentaristas, quase todos reprovaram em uníssono o que chamaram de “irresponsabilidade” de Milton Mendes.
Onde estamos? Fiquei chocado ao ver que os torcedores estão lidando com isso de maneira muito melhor do que a imprensa! Afinal, tanto os rubro-negros não hostilizaram o treinador do arquirrival, quanto os vascaínos não parecem ter dado tanta bola assim. Estão demonstrando civilidade.
Marcelo Bielsa ficou encantando ao ver torcedores dos dois times no setor misto, ainda que com muito mais flamenguistas. Pois era lá que estava Milton Mendes também.
Se a imprensa consegue transformar em negativo o fato de um profissional querer ir a jogos, estudar os adversários e se manter atualizado, que depois não reclame. Vi vários jornalistas dizendo que se ele não conseguiu um camarote, não deveria ter ido. Ora, mas se os próprios torcedores adversários demonstraram maturidade ao lidar com a situação, não apareceu nenhuma besta berrando “SAI ZICA!” e agredindo o técnico vascaíno, por que, então, ele deveria deixar de ir ao jogo?
Outros disseram que não deveria aparecer jamais sorrindo com torcedores rivais. Ou seja, cobram que Milton Mendes mudasse seu jeito de ser, simpático e educado, unicamente para evitar críticas? Que fizesse uma cara de poucos amigos para torcedores que brincavam com ele de maneira exemplar, para agradar aos bárbaros do tipo que querem demonstrações ridículas e forçadas de amor ou de repúdio aos rivais?
Enfim, quero dar os parabéns ao treinador cruzmaltino e dizer que após o gesto de Rodrigo Caio ao se acusar e tirar o cartão amarelo do rival Jô, a espontaneidade de Milton Mendes foi o outro golaço comportamental que tivemos neste ano! Com mais gente assim, as torcidas ficarão cada vez mais maduras e nosso futebol mais humano.
Suponho que a imprensa deve preferir a simulação feita pelo Antônio Carlos Zago contra o Caxias. E que amanhã ou depois nenhum jornalista reclame quando sofrer patrulha de “torcedores” que pensam que ter amor pelo clube é dar sinais de idiotice bárbara. Afinal, a própria imprensa parece dar razão a isso…
O engraçado Gabriel, é que esses mesmos jornalistas são aqueles, que como você já destacou há um tempo atrás, são unânimes em repudiar a torcida única. Vai entender…
Muito bem observado! Afinal, se eles mesmo acham que é inadmissível que o técnico de um time divida o espaço com torcedores rivais, por que, então, torcedores rivais devem dividir o mesmo estádio?
Perfeito, Gabriel Rostey. Não vou me alongar muito. Apenas uma coisa: o que dizer do zagueiro da Juventus, Bonucci, que levou o filho para ver um jogo do Torino, clube pelo qual o menino torce? Imagine aqui o Geromel levando o filho para ver um jogo do Inter? O Réver indo com o filho ver o Flu? O Victor Hugo indo ver a final do Paulista com seu filho?
Países, países; educação, educação.
Jorge Freitas, mas o que mais me impressionou é que não houve problemas por parte dos torcedores. Ou seja, talvez até fosse possível que o jogador do time rival aparecesse na torcida levando o filho sem maiores complicações.
Ou seja, não sei se cabe trazermos a questão da educação, porque o problema mesmo tem sido criado e estimulado por parte da imprensa, que fica transformando isso em uma grande questão, além de condenar o Milton Mendes por fazer algo assim “tão grave”.
Perfeito!! Após ler os comentários, nada tenho a acrescentar!!