Créditos da imagem: André Durão / GloboEsporte.com
Chegar vivo até aqui. Essa era a missão dos jogadores vascaínos e de Jorginho quando apresentaram-se num Vasco da Gama que afundava cada vez mais em alto-mar. A tarefa não era simples, mas foi cumprida com sucesso. Porém, agora, já não é o suficiente.
O Vasco entra na última rodada do Brasileirão com chances de escapar do rebaixamento, mas não dependendo só de si. Pior: torce por pelo menos um empate do rival Fluminense, o lanterna do returno e sem qualquer motivação, na casa do adversário direto vascaíno, o Figueirense. E ainda conta com o Corinthians, para que o campeão cumpra o esperado e, no mínimo, não consiga a façanha de perder para o Avaí em Itaquera. Como se não bastasse, o Cruzmaltino precisa de qualquer jeito vencer um Coritiba prestes a se salvar, em território coxa-branca.
Não vai ser fácil. Como não foi até aqui. O que fez o time ganhar a alcunha de “Os Sobreviventes”.
Em dado momento, o novo treinador e alguns reforços se juntaram à base montada pela diretoria, que naufragava pelas mãos de Celso Roth. E, surpresa, entraram em sintonia: nos últimos 14 jogos, apenas uma derrota. Mesmo com alguns tropeços perigosos, a esperança ressurgia com vitórias inesperadas.
A cada jogo, Nenê e cia jogavam pela sobrevida. Rodada após rodada, perder significaria ficar mais perto de sucumbir, mais longe dos concorrentes e tirar qualquer esperança da torcida. Derrotas poderiam carimbar moralmente, ou até matematicamente, o rebaixamento do Vasco.
A nau vascaína, já furada, manteve-se na superfície graças ao esforço dos tripulantes recém-chegados.
Mas o tempo era um inimigo forte. E agora, não há mais saída. Resta ao Vasco ganhar de qualquer jeito, torcer para o rival e contar com a força dos astros, deuses ou qualquer outra entidade. Uma combinação conspiratória digna de um milagre.
A reação tardia recuperou a dignidade, reanimou os torcedores e contrariou a lógica. O Vasco que poderá cair domingo não é o Vasco que fez a pior campanha da história do clube. Se confirmar o milagre, o Gigante da Colina irá respirar aliviado, num misto de orgulho da luta dos jogadores e de uma felicidade envergonhada de não sucumbir pela terceira vez.
Mas quis o destino, o tal destino, que o rival Fluminense precisasse ajudar na façanha. Logo o Tricolor, aquele que Eurico Miranda bate no peito e diz ter tirado da segundona. O mesmo com quem briga por causa do lado (!) do Novo Maracanã. O adversário também na batalha dentro da Federação.
A dependência parece deixar desanimado o torcedor vascaíno. Mas não é a primeira vez que ele arreferece. A esperança é brasa, sempre acesa. Se tudo acontecesse como parecia que aconteceria há alguns meses, o Vasco a essa altura já estava planejando a Série B. Se acreditou até aqui, não há motivo para desistir agora.
A sorte do clube em 2015 poderá ser traçada pelo Fluminense. Ironia das ironias, para o Tricolor, basta perder para ficar marcado na história da terceira queda do rival. Pior: no primeiro rebaixamento do dirigente que “o ajudou”. Será o destino de Eurico?
Na outra ponta da linha do destino, uma reação épica, que premiará Jorginho, Nenê e os torcedores que acreditaram.
Qual será o destino do Vasco só saberemos às 19 horas de domingo. Mas na história dos sobreviventes, os heróis e os vilões já estão devidamente estabelecidos. E todos chegaram até o último capítulo. Como toda boa aventura.