Créditos da imagem: Correio da Amazônia
Vi colegas – entre eles Gabriel Rostey, deste No Ângulo – em análise anterior à final da Copa das Confederações entre Brasil e Espanha, defendendo que uma eventual vitória da nossa seleção (que acabou ocorrendo) seria prejudicial ao desenvolvimento e preparação para o seu maior objetivo, ou seja, a Copa do Mundo disputada em casa no ano que vem.
Embora respeite alguns argumentos apresentados, como o de que poderia haver um “oba-oba”, um “clima de já ganhou”, um “engessamento” da lista de convocados do Felipão (já descartado pelo técnico, a quem vou dedicar algumas palavras adiante), entendo de maneira bem diferente. Creio que esse título, da maneira contundente que foi, com todo o envolvimento com a torcida, é, na verdade, uma injeção de ânimo para o grande evento, a consagração maior: o título mundial. E, com toda a hegemonia que a Espanha construiu nos últimos anos e a ascensão do futebol alemão e seus jovens talentos (vide a final da última Champions League, entre Bayern e Borussia), não veremos um Brasil “calçando salto alto”, pois todos estarão cientes das dificuldades que surgirão.
Além disso, os jogadores terão a oportunidade de jogar o maior torneio possível na vida de um atleta de futebol sendo realizado no “quintal de casa”, o que leva a crer que a campanha será conduzida de maneira séria e responsável pela experiente e já campeã dobradinha Parreira-Felipão.
Agora, sendo um pouco ufanista e puxando a sardinha pra nossa brasa, como é bom ver o Brasil colocar a Espanha “na roda” e retomar, ainda que por um momento, o rótulo que tanto nos orgulha de sermos o “país do futebol”.
FELIPÃO RIMA COM SELEÇÃO
Sim, critiquei a CBF quando do anúncio de Felipão para o comando da seleção. Embora fosse totalmente favorável à demissão de Mano Menezes (aliás, onde está a maioria que “metralhou” contra, alegando “quebra da seqüência do trabalho”?). Aqui cabe, e ressalto que especificamente no que se refere à troca de treinador, elogio ao Presidente José Maria Marin (ainda que natural que se duvide do interesse futebolístico dessa ação).
Voltando ao atual técnico da seleção, Scolari passava a impressão de estar ultrapassado e desmotivado. E, por isso, Tite parecia ser o melhor nome para o cargo, já que o Corinthians era – então – o time mais evoluído, moderno e vencedor do país.
Mas, ainda bem, Felipão surpreendeu e parece que a química entre ele e a seleção novamente foi bem sucedida. O técnico conseguiu construir um grupo de talentosos (sim!!!) jogadores, com comprometimento e gana de vitória. E nomes como Ronaldinho Gaúcho (que tem atuado bem em seu clube), Kaká e Robinho (“abandonados” na Europa) hoje estão distantes do torneio do ano que vem.
E o Parreira, com sua conhecida calma e obediência tática, parece ser parte do sucesso recente.
Que continue assim!
MURICY PARADO NO TEMPO E NA SOBERBA
Está certo, a Espanha não tem Messi. Também correto afirmar que o Santos não tinha David Luiz, Paulinho e Fred em seu elenco. Mas, ao ver o show de Felipão na condução da seleção na última Copa das Confederações e o futebol contundente apresentado, impossível não pensar na final do Mundial de Clubes de 2011, quando o Santos de Rafael, Edu Dracena, Arouca, Danilo, Ganso, Elano, Borges e Neymar (todos com passagem pela seleção brasileira) levou um verdadeiro e constrangedor “passeio” do rival Barcelona. A impressão é de que o técnico da equipe santista naquela oportunidade, Muricy Ramalho, pouco fez e pouco acreditou no sucesso de sua equipe. O seu conhecido lema de “aqui é trabalho, meu filho” contrastou com a sua passividade no banco de reservas em terras japonesas. Sua demissão foi justa. E tardia.