Créditos da imagem: Lucas Uebel / Grêmio FBPA
Se foi difícil os clubes entenderem como se disputava o longo Campeonato Brasileiro com turno e returno, iniciado em 2003, tão ou mais duro tem sido pôr em prática as medidas necessárias para resistir à longa jornada de mais de meio ano, com 38 rodadas atualmente. A bola da vez entre os perecidos na luta pelo protagonismo na competição é o Grêmio. Goleado pela segunda vez em uma semana, teve no pedido de demissão de Roger o ato oficial de desistência da briga por pretensões maiores na edição de 2016.
Roger nem chega a ser o grande culpado pela decadência do tricolor, que foi um cavalo paraguaio um pouco mais resistente que o rival Inter – durou umas 10 rodadas a mais na parte de cima da tabela. O que detonou o tricolor foram os famosos ex-imponderáveis – hoje previsíveis – contratempos que afetam os clubes sem força econômica.
Convicto de que tinha grandes limitações em 2015, no final da temporada o clube se viu em posição muito superior à que imaginava, quando chegou a disputar o título e conseguiu vaga na Libertadores deste ano. Mas não estava preparado para tanto. Os recursos financeiros, e consequentemente técnicos, eram de fato escassos, e se a vaga na competição continental encheu gremistas de otimismo, isso não significava que o time era realmente capaz de ambicionar título sul-americano. Mas ironicamente trouxe alguns vícios que resultaram no fracasso na competição da qual o clube poderia tirar algo mais além da inevitável condição de coadjuvante que carregará até Dezembro.
Com o sucesso em 2015, o iniciante Roger firmou convicções e montou um sistema político dentro do grupo de jogadores do qual nunca mais conseguiu se desprender. Ficou atado a uma equipe limitada, mas com fama de competente, com líderes de mentirinha aos quais o treinador tinha que ser necessariamente grato. O clube se enganou, e a grande esperança era de que não havia outros candidatos em melhor condição para a disputa do título – o bicho-papão Corinthians perdeu Tite ainda no começo do campeonato e o título parecia plenamente ao alcance. Ledo engano.
O tempo tratou de fazer as devidas cobranças, com as convocações de Bolaños, Marcelo Grohe, Walace e Luan para as seleções principal e olímpica, a venda de Giuliano, os fracassos técnicos de Maicon e Marcelo Oliveira (veteranos que nunca empolgaram em qualquer clube grande) e a natural escassez de elenco para um clube endividado e com baixo poder de investimento. O presidente Romildo Bolzan jamais abriu mão de seu projeto de reestruturação econômica para o clube, e a ilusão de que teria um elenco com cacife para suportar as ausências de peças, que são inerentes a qualquer Brasileirão, foi o que faltava para fechar questão em relação a mudanças de rumo.
Nem sempre cumprir tudo o que manda a cartilha de como enfrentar o Brasileirão com êxito é suficiente. É necessário um tanto de sorte, ter os resultados adequados para cada momento. Como o Brasileirão é sempre o termômetro oficial do ano dos grandes clubes, a onda de depressão que toma conta do time após seis partidas sem vitória, após tanta expectativa, em grande parte infundada, compromete não só a Copa do Brasil como também um 2017 que, este sim, se anunciava verdadeiramente promissor.
Sem Roger, sem perspectiva de Libertadores no ano que vem, sem elenco. A chuva de Agosto e Setembro dragou mais uma equipe.
Eu estou realmente curioso em relação ao futuro do Roger como treinador. Fala-se muito que ele poderia ir agora para o Corinthians, mas acho que seria uma roubada completa. Aposto nele no Corinthians em 2017.
Que é estudioso e sabe armar um time, não resta dúvidas. Mas não tenho ideia do quanto consegue implementar uma filosofia vencedora a suas equipes. E como estamos vendo Cuca fazer agora no Palmeiras, isso é fundamental no trabalho de um técnico.