Créditos da imagem: Portal Terra
Tenho um amigo de clube e de sauna que gostava de dar seus pulinhos pela noite. Muitos pulinhos. Quando chegava em casa e a mulher reclamava, sempre me metia na desculpa: “depois da sauna fiquei ouvindo as história do Zé Maria e não vi o tempo passar. Você sabe como ele gosta de contar histórias”.
Ato contínuo, bem treinado, tirava do bolso um sabonetinho usado nas saunas e jogava sobre a mesa, de forma que ela visse. Para evitar saia mais curta, ele me ligava.
Bela tarde, numa das reuniões cá em casa, em torno da carne quente e da cerveja gelada, todos juntos, papo animado, decidi cortar o barato dele. Ou melhor, evitar um caro para mim. Pedi a palavra e disse: “fiz uma promessa e por dois anos não sairei de casa nem chegarei depois das 9 da noite”. Kokinho chutou minha canela por debaixo da mesa, mas me manquei. Rsrsrs
Vendo o festival de reclamações dos cartolas de quase todos os clubes – percebam que o São Paulo tá tão por baixo, que os seus nem encontram espaço para tanto – lembrei-me dessa história e de uma entrevista concedida ao meu irmão Paulo, num programa de televisão chamado “Na bola ou na bala”, dada pelo histórico árbitro João Etzel Filho, na TV Tupi.
Indagado se roubava no apito, Etzel disse que não. Mas que ajudava times dos amigos – e eram tantos – quando pediam ou precisavam. Nada de grana. Talvez um presentinho. E se dois amigos pediam a ajuda na mesma partida, prometia a ambos e decidia durante os noventa minutos.
Desde então, e até bem antes de mudar o rumo da vida para me tornar jornalista, vi marcações visivelmente estranhas e outras nem tanto. Daquelas que até cego enxergaria e outras que nem na ilha de edição, indo e voltando a fita, imagens de vários ângulos, dava para bater o martelo. Até o tal tira-teima não é 100%. Exige uma linha como referência, que muda tudo se falseada em um centímetro.
Quando estava chefe do esporte na Poderosa, em São Paulo, criei, como recurso para as terças-feiras magras, um VT que chamei de “Pisando na Bola”. Consistia em juntar os lances polêmicos na área – pênaltis e impedimentos. Havia a recomendação para que só fossem juntados aqueles que davam para árbitro e bandeirinhas verem com facilidade. E mesmo assim eram quentes as discussões entre repórteres e editores, quando os times envolvidos falavam aos seus corações. Não era fácil, e árbitros amigos da alta direção pediam encarecidamente para que acabássemos com o VT – sem sucesso. Muitas vezes tive de dar o voto de minerva.
Um passarinho me conta sempre, que o Arnaldo César fica desesperado quando surge um lance de dúvida, e não só faz sinal para que o locutor não peça logo sua opinião, como indaga a todos no estúdio se foi ou não. Mesmo assim, quantas vezes eu e você, em casa, não gritamos para ele ir catar coquinhos e consultar um oftalmo. Já perceberam o tamanho do telão e o punhado de olhos para auxiliá-lo? Pois é.
Longe de mim inocentar os árbitros em todas as situações. Não mesmo. E quando me indagam se boto minhas mãos no fogo por eles, mostro-as, tomadas pelo vitiligo como se tivessem sido por brasas. Mas, além da morte, não vejo nada como definitivo.
Todo esse papo, para dizer que os cartolas nesse funil de campeonato, agem como meu amigo Kokinho. Usam árbitros como Zé Maria e a imprensa como sabonetinho. Gritam, esperneiam, ameaçam para, muitas vezes, jogar fumaça nos olhos dos torcedores. Sabem que não são santos, que somando, subtraindo, multiplicando e dividindo – erros e “roubos” favorecem igual a todos. Ou quase…
Ok, digam que não sei quando pesaram mais a favor do São Paulo, que eu outra época foi a favor do Fluminense, do Flamengo, do Corinthians e até que este ano é do Palmeiras. Será?
Voltando a João Etzel, ele contou, também, que ajudar o cartola amigo é mais fácil e mais comum no outro jogo. No jogo do time concorrente, em outro campo, de preferência fora do foco da imprensa, das câmeras…
Sensacional!
Sou bom nisso, também, Vicente. Muito bom…rssss
Tirando o lado ruim das arbitragens, a vida deles está cada vez mais difícil com a intensidade dos cruzamentos de bola parada para a área e também com os recursos eletrônicos. Aquele teu “amigo” ainda dá seus pulinhos? rsss
As arbitragens nunca foram melhores, Gilberto. É qua antigamente o jogo era mais cadenciado e nào existiam 30 câmaras dedurando as falhas, muitas delas, humanas apenas…E cartola grita para enganar torcedores…
Um texto digno do autor. Maravilhoso!
A gente tenta, Ademir. A gente tenta….Já imaginou os comentaristas de arbitragem falando em cima do lance? rrss. Tentei, mas não emplaquei. Seria divertido…..
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