Créditos da imagem: Lance!
Passado o Natal, retomamos a atenção ao futebol brasileiro e o assunto da época é sempre o mesmo: contratações, reforços, dispensas. Neste ano temos nos deparado com uma prática antiga e que volta pela força da falta de dinheiro: as trocas.
Como no amigo secreto da empresa ou da família, na falta de dinheiro uma boa alternativa é dar apenas um, sabendo que receberá outro em troca. Apesar do risco de receber algo que irá direto para a sacola de doações, costuma funcionar quando há alguma organização na brincadeira.
Os clubes brasileiros estão nessa situação. Reforçar o elenco é preciso, abrir mão de salários altos é necessário, e como o caixa está baixo, e o dinheiro previsto para o ano não é animador, as trocas são uma boa alternativa.
Desde a análise anual que conduzo já alertava sobre este momento. Em 2016 os clubes tiveram aumento de Receitas com a elevação das cotas de TV, e aproveitaram para investir além da conta, aumentando a base de custos. Se as receitas cresceram 19%, os custos aumentaram 21%, e isto sem contar os efeitos de contratações.
Naquele ano a maioria também recebeu luvas pela renovação de contratos de transmissão com a TV por Assinatura, e utilizaram este dinheiro para investir ou colocar as contas em dia.
Nada mais natural. E se colocaram as contas em dia fizeram bem. Ou alguém acredita que é melhor continuar com dívidas caras ou atrasando salários? Luvas são dinheiro em caixa, independentemente de fazerem referência a exercícios futuros. Contabilmente podemos discutir se são receitas hoje ou no exercício ao qual se referem, mas financeiramente, estão nas mãos e devemos cobrar a boa aplicação delas.
Agora, se utilizaram este recurso extraordinário para contratações, inchando a folha salarial e os custos, então a conta chegaria um dia. Para muitos o ano de 2017 já foi difícil. Para a maioria, 2018 será ainda pior. As cotas de TV serão as mesmas de 2016 e 2017, será ano de Copa do Mundo, o que transfere as atenções ainda mais do futebol local para a Europa para acompanhar os atletas. E os investimentos publicitários ficam menores por aqui.
Além disso, os campeonatos ficam “quebrados” no calendário, criando dificuldade para manter desempenho. E no financeiro, as movimentações de compra-e-venda de atletas é maior entre os que participaram da Copa, reduzindo demanda por Brasileiros que jogam aqui.
Logo, em 2018 o cenário que se espera é de receitas potencialmente menores e custos ainda elevados. Nada bom.
Dessa forma, na iminência de ter um ano mais difícil que o de costume, a saída pelas trocas de atletas é interessante e bem vinda. Se planejada de maneira correta, é eficiente.
Mas é bom torcer para não cair com a aquele colega engraçadinho. O risco de terminar a festa com um vaso depois de dar um anel de brilhantes não é desprezível.
Feliz Ano Novo!
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Concordo plenamente e já há algum tempo defendo essa prática. Se feita com critério, a troca de jogadores no futebol pode ser benéfica para todas as partes envolvidas. Especialmente em momentos de crise.
O problema é que estas trocas serão feitas pelas mesmas pessoas que contrataram mal com dinheiro. Se feitas conforme pedidos dos técnicos, podem funcionar. Do contrário, o destino tende a ser frustrante.
Gustavo Fernandes , esses caras são os que ficam com o anel e deixam o vaso para o clube.
Gustavo Fernandes, esses caras são os que ficam com o anel e deixam o vaso para o clube.
POIS É, A QUESTÃO É SE OS DIRIGENTES SABEM AVALIAR UMA BOA TROCA…
NO CASO DESSA ENTRE PALMEIRAS E GALO (FOTO QUE ILUSTRA O TEXTO), ACHO QUE O CLUBE PAULISTA LEVOU A MELHOR, PQ ESSE RÓGER GUEDES É SÓ CORRERIA, ENQUANTO O MARCOS ROCHA É UM BOM LATERAL…
Muito bom!!!!!! Sempre lembro daquela que o São Paulo ganhou o Serginho e o Belletti (dois excelentes jogadores) e deu 5 para o Cruzeiro (lembro que tinha o Palhinha, o Vítor e outros que eu não lembro) e foi boa para todo mundo!!!!!!!!! Os que o São Paulo ganhou foram tão bons que foram pra Seleção e fizeram carreira internacional, e os que foram para o Cruzeiro formaram a base de um time muito forte!!!!!!!!!!!!!
Bem lembrado! Os jogadores que o São Paulo deu para o Cruzeiro foram Vítor, Gilmar, Donizete, Aílton e Palhinha. Hoje fica até parecendo que o São Paulo se deu melhor, mas na época a diretoria foi bem criticada por isso.
O Fernando Prado sempre lembra daquela em que o Santos emprestou o Caio e o Marcos Assunção para o Flamengo, que emprestou em troca o Athirson e o Lúcio. Também foi boa para todo mundo!
Cesar Grafietti, que tristeza isso de que as despesas seguem crescendo mais do que as receitas! Que desânimo, às vezes me dá a impressão que se nossos clubes dobrassem o faturamento não ia mudar muita coisa, que a inflação que provocaria nos salários e o “dinheiro jogado fora” comeriam boa parte das verbas a mais, com esses dirigentes…
Acho que não é impressão. É fato. Já tivemos épocas com mais patrocinadores e investimentos, os quais mais resultaram no inflacionamento de jogadores medianos que em melhorias notórias nos elencos. Se olhar mais pra trás, no tempo daquelas parcerias, também constatará que a maioria teve dinheiro jogado pelo ralo. O pior é que a saraivada de vagas na Libertadores se tornou justificativa pra que os clubes pensem mais a curto prazo, como se pudesse haver oito campeões numa mesma edição.
O problema é que o excesso de dinheiro sob a responsabilidade (sic) de incompetentes sempre termina mal. Gastam mal, investem mal, contratam mal, gerem mal suas receitas.
Qualquer semelhança entre um clube de futebol e uma estrutura do poder executivo não é mera coincidência. Ambos são animais políticos, cujos representantes de poder são eleitos por incapazes para gerir o que não é seu.
Dá nisso.
Excelente, como sempre! E quando li sobre a ganhar um vaso e dar um anel de brilhantes, não tive como não lembrar da célebre “Neto por Ribamar” (que, na verdade, foi Neto e Denys por Ribamar e Dida), entre Corinthians e Palmeiras 😉