Créditos da imagem: Portal Terra
Depois do sucesso da edição de 2015 da Copa do Nordeste, na qual o Ceará bateu o Bahia e sagrou-se campeão em uma final nacionalmente repercutida, que levou quase 64 mil pessoas ao estádio, confesso que passei a sonhar com um eventual título de expressão em nível nacional de alguma equipe daquela região.
Infelizmente, em razão do desequilíbrio financeiro das equipes brasileiras, que acabam sendo reflexo do poderio econômico dos Estados que representam, não via muita perspectiva para que isso acontecesse. Pelo menos não em curto prazo e do jeito que as coisas atualmente são, com a pouco inteligente distribuição dos direitos de transmissão da televisão – hoje a maior fonte de renda dos clubes – e o menor apelo comercial das equipes de lugares financeiramente menos privilegiados do país, que resultam em valores de patrocínio sensivelmente menores.
Ou seja, o “sistema” implementado em nosso futebol tende a deixar o forte cada vez mais forte e o mais fraco cada vez com menos perspectivas. De maneira que o equilíbrio – talvez a principal “bandeira” do nosso Campeonato Brasileiro – pode ir se perdendo. Um processo lento, mas que pode estar acontecendo sem que nos demos conta. Vá lá que a “camisa” e a tradição das instituições “centenárias”, vitoriosas e referências de importantes centros urbanos, com grandes e apaixonadas torcidas, ajudem a frear essa polarização. Mas o risco, em um futuro distante, existe.
Pensamentos simplistas do tipo “deve lucrar quem dá audiência” são rasos e superficiais. Devemos sim estar atentos ao mercado e nos adequar à realidade do mundo em que vivemos, desde que mantendo o senso crítico e a sensibilidade. E perceber que a ganância em excesso pode representar o próprio calvário lá na frente. É preciso grandeza de espírito e uma visão “macro” para tanto. Algo utópico, eu sei.
Isso tudo pra externar que sou plenamente a favor de uma redistribuição das cotas da televisão, com maior paridade – e não em fatias iguais – entre as equipes. Para que o abismo que separa as grandes das médias e pequenas não fique cada vez maior.
Bom, voltando ao futebol dentro de campo, eis que surge esse surpreendente Sport e com ele renasce a minha esperança de testemunhar novamente a conquista do Campeonato Brasileiro por uma equipe do Nordeste do país após vinte e sete anos (!) – o Bahia, em 1988, foi o último a conseguir o feito. No ano anterior, em 1987, o Sport havia conquistado o polêmico e contestado troféu, que resultou até em disputa judicial (da qual é provisoriamente vencedor) com o Flamengo. São as duas únicas conquistas de equipes nordestinas na história da competição.
Que fique claro que a minha predileção no corrente Brasileirão pelo Sport é meramente circunstancial, já que eu nutriria o mesmo sentimento pelo Náutico, Paysandu, Bahia, Ceará ou qualquer outro da região Norte/Nordeste do país caso um deles estivesse na mesma situação vivida pelo “Leão da Ilha”.
Leão que é o líder invicto da competição, conta com um bom número de jogadores tarimbados como Magrão, Durval, Wendel, Marlone, Maikon Leite, André, Hernane Brocador e o craque do time, Diego Souza (foto), e que ainda tem sido impiedoso nos jogos em que é mandante.
Além disso, tem se mostrado muito bem dirigido pelo técnico candidato a revelação do ano, Eduardo Baptista (na minha opinião, concorre com o excelente Guto Ferreira, da Ponte), que parece ter herdado a seriedade e a obstinação do pai, Nelsinho, e realiza um trabalho correto e competente.
O Sport impressiona e pode conquistar o título. Desde que ele próprio se convença disso.
O que faria um bem danado ao futebol brasileiro.
E segue o jogo.
Incrível como tem jogado bem o Maikon Leite nessa equipe!
Está lembrando aquele ótimo jogador dos tempos de Santo André e Santos.
Os palmeirenses não devem estar entendendo nada…