Créditos da imagem: Reprodução CBF
“Marmelada histórica”
Até hoje a história está mal explicada. Tinha onze anos e foi a primeira Copa que acompanhei com atenção. Lembro-me do acontecido com muita nitidez. Além do mais, o que já li e acompanhei de reportagens sobre esse fato, faz crer que “coisas estranhas e nefastas” rondaram os bastidores daquele Mundial, num país que vivia a plena ditadura sangrenta de Videla. Com o passar dos anos, várias investigações foram feitas, mas nenhuma conseguiu provar algo de maneira irrefutável.
Brasil, Argentina, Peru e Polônia formaram um grupo do qual o seu vencedor disputaria a grande final. O Brasil estreou diante dos peruanos, fazendo 3 a 0. Nesta partida, Zico marcou seu primeiro gol em uma Copa do Mundo, de pênalti. Os outros dois foram marcados por Dirceu. Na segunda rodada, um empate por 0 a 0 com os argentinos donos da casa. Aqui o ponto a se lamentar: o Brasil foi melhor em campo e poderia ter saído vencedor, tivesse aproveitado as boas chances de gol que teve durante a partida. Uma vitória praticamente asseguraria a Seleção na grande final, independentemente da quantidade de gols que os hermanos fizessem nos peruanos “camaradas”. Esse é um detalhe que não deve ser esquecido.
Foi na terceira rodada dessa fase que “fatos estranhos” aconteceram. Os horários dos jogos entre Brasil x Polônia e Argentina x Peru eram diferentes. O Brasil, que jogou mais cedo, venceu a Polônia por 3 a 1, gols de Nelinho e dois de Roberto Dinamite. Assim, ficou “complicada” – aparentemente – a situação dos argentinos, que tinham que fazer diferença de gols maior do que quatro contra os peruanos para chegar à final do Mundial.
“Surpreendentemente”, a Argentina conseguiu com sobras e venceu o Peru, que na primeira fase havia feito ótima campanha, por 6 a 0. Até hoje existem suspeitas de “marmelada”, o peruano José Velásquez chegou inclusive a afirmar (reconhecer?) em entrevista concedida anos mais tarde que seis companheiros e também o treinador do time entregaram aquela partida.
Pois bem, é chegada a hora do acerto de contas, já que, para o Peru, conquistar uma Copa América contra a Seleção Brasileira no Brasil seria, com algum exagero, quase como ganhar uma Copa do Mundo.
Pra cima deles, Brasil!