Créditos da imagem: Gazeta do Povo
Antes de mais nada, esse não é um texto em causa própria. Confesso que sou fã de uma gelada aos fins de semana, eventualmente num happy hour, ou mesmo de bobeira em casa, mas nunca fui de beber antes ou dentro do estádio, por mera questão de costume. Como já relembrei algumas vezes aqui, cresci na década de 90 e comecei a frequentar estádio logo depois disso, quando o caminho para as arquibancadas necessitava de alguns cuidados e me causava certa preocupação, motivo pelo qual preferia não beber para não ter a mínima chance de perder a linha, o juízo e nem os marginais de vista.
Exceções como eu à parte, o fato é que o futebol se vê bebendo cerveja tanto quanto se joga com os pés. Mesmo sem ter passado de Juiz de Fora, eu posso cravar que essa é uma tradição mundial. Fácil lembrar, por exemplo, que cervejarias atrelam suas marcas a times, ligas e competições. Como esquecer da Carlsberg na camisa do Liverpool, do Ronaldo fazendo o “número 1” da Brahma ou dos comerciais da Heineken antes dos jogos da Champions?
Essas ações comerciais não são mera publicidade, como fazem bancos ou megalojas. É uma questão conceitual. Cerveja está para o futebol como a pipoca para os filmes. Agora, imagina ir ao cinema e não poder comer pipoca. Pois é.
O boom da violência no país entre as décadas de 90 e 2000 atingiu também os estádios e algo precisava ser feito para evitar que os jogos acabassem em tragédias por conta dos hooligans tupiniquins que enfestavam as canchas. Como no Brasil opta-se quase sempre por soluções rápidas e paliativas, tiraram a cerveja dos estádios. Uau!
Não dá para negar que o álcool é combustível de muitas tragédias, mas a lei seca implantada acaba por ser ineficiente por alguns motivos. Por exemplo: é comum que estádios sejam cercados de bares, onde o sujeito que quer encher a cara pode simplesmente ficar em um pé-sujo até 5 minutos antes da partida começar (ou mesmo nem ver as partidas). Sem contar aqueles que se encarregam de tomar coragem para a violência e a balbúrdia por meio de outras drogas, claro, antes de chegar ao jogo. Não precisa ser um especialista em violência urbana para ver que a culpa não é da cerveja, ainda que seja necessário sempre tomar cuidados quando há consumo de álcool em multidões.
Em 2014, a FIFA chegou aqui e fez aquela Copa das Copas maravilhosa e nós, os torcedores regulares, tivemos que ver os turistas fanfarrões bebendo suas cervejinhas em nossas arenas enquanto viam jogos interessantes e jogadores espetaculares. Passada a Copa, foram embora os craques, a FIFA, os turistas e a cerveja (além dos bons jogos e jogadores). Para nós, restou apenas aquela sem álcool, que equivale ao café sem cafeína, ao chocolate sem cacau e ao Buchecha sem o Claudinho. A cerveja sem álcool é a água com gás dos adultos.
Após a Copa, e com a elitização dos estádios e a mudança de perfil do público, parece que as autoridades já começam a ceder. Minas Gerais, terra do bicampeão brasileiro e do campeão da Copa do Brasil, autorizou a venda da bebida, com umas restrições meio esquisitas, mas que dão esperanças para os outros Estados. Na Bahia, Rio Grande do Norte e Espírito Santo, também é possível tomar uma “breja” vendo o jogo. No Paraná e em Santa Catarina, há pressão dos torcedores para que eles possam continuar a tradição germânica e beberem suas cervas.
Por falar em tradição alemã, na última semana, o Bayern realizou uma ação comercial com um de seus patrocinadores, a cerveja Paulaner, na qual os jogadores aparecem bebendo e felizes. Lá, não há restrição, pelo contrário, há um incentivo, afinal, a Alemanha é a terra da cerveja. Agora, uma provocação bem humorada: será que foi esse o motivo deles terem vindo aqui, sapecado SETE no Brasil abstêmio e ainda conquistarem a Copa do Mundo? Que embriaguez de felicidade!
8×1
Ia ser esse o título rs
Todo dia um 7×1 diferente
7×1 foi pouco
La os pedestres atravessam faixas lendo livro enquanto aqui teclam zap dirigindo..
Esquecem de dizer que os alemães são mais educados que nós dentro dos estádios.