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Quando eu tinha nove anos, no segundo semestre de 1984, SPFC e Corinthians acertaram o empréstimo de Casagrande. Jogando como ponta-de-lança, ele formou boa dupla com Careca, inclusive participando de um gol contra o Corinthians. No ano seguinte, Casagrande voltou ao Corinthians e o São Paulo lançou os jovens que ficariam conhecidos como Menudos do Morumbi. Mas o fato é que crianças e adultos corintianos não tiveram problemas com a breve troca entre rivais. Lembrando que, naquele mesmo ano, tricolor e Santos trocaram ídolos em definitivo (Zé Sérgio por Pita) e seguiram a vida. Outros tempos. Por que outros tempos?
Interessante que, no caso do garoto santista de nove anos, intimidado por receber uma camisa de goleiro palmeirense, não foram poucos os que repudiaram o repúdio, mas apenas porque se trata de uma criança. E se fosse adolescente ou adulto? Não poderia receber um presente de um jogador do time adversário? Segundo a etiqueta da hostilidade, não. Há quem se ofenda quando o jogador troca de camisa com um rival, a ponto de Lugano arrancar (mais) suspiros de são-paulinos porque se recusava a pegar camisa alheia. “isso que é amor ao clube!”. Não, isso é apenas bobagem. Você não precisa ter nojo de quem enfrenta para competir bem. O uruguaio sabe disso. Sua recusa não passava de populismo que conquistou a parte deslumbrada da torcida. Não era necessário para fazer dele um ídolo. Mas ajudou a torná-lo um mito dos trogloditas.
A diferença entre rivalidade e inimizade está no respeito. Impropérios como provocação momentânea fazem parte do esporte. Repulsa permanente não faz. Do contrário, cada um receberia uma tarja com o escudo do seu time e só se relacionaria com iguais. Famílias seriam separadas. Seria necessário criar setores para cada grupo em suas cidades. Exagero? Resta saber de quem: meu ou de quem consagrou partidas de torcida única para legitimar a segregação. A desculpa é “garantir a segurança”, mas os confrontos continuam acontecendo fora dos estádios. Portanto, segundo tal lógica esdrúxula, o natural seria separar torcidas o tempo todo. Anormal seria quem se dá bem com “inimigos”. Deve ter são-paulino que se revoltaria ao saber que opino sobre escalações corintianas. E não com sugestões sacanas – ao menos é o que os colegas pensam…
Ser torcedor é como interpretar um papel no grande teatro esportivo. No estádio ou vendo pela TV, o personagem veste a camisa, reserva tempo para o jogo (ou fica desesperado por notícias, se tiver outro compromisso), exalta-se e fica feliz – ou triste – com o resultado. Não fosse este personagem, a peça futebol nem teria entrado em cartaz. Só que é preciso sair deste papel quando a exibição termina. Tirando algumas figuras, ninguém interpreta o mesmo tipo 24 h por dia. Fica chato. Mais que isso: fica estranho, quase doentio – e não estou certo sobre o “quase”. Então eu seria louco por moderar diariamente um fórum tricolor há 19 anos? Se o fizesse da mesma forma como assisto aos jogos, totalmente. Tanto que, dependendo da frustração, só abrimos o pós-jogo após meia hora. Além de termos uma seção de desabafos, para quem não tiver saído do personagem.
Neste contexto, considero um dever promover a tolerância até que ela volte a ser a norma natural. Vale para um fórum pequeno, vale para endereços e veículos de imenso alcance. Os programas “de barracos”, com seus jornalistas e ex-boleiros histriônicos (pagos pra isso), vêm fomentando a estupidez entre seus espectadores. Não devem ser censurados, mas sou a favor de regras para que respeitem os limites e exemplos de convivência, sob pena de multas crescentes. Nenhuma liberdade de expressão é absoluta. Neste mesmo site, um colunista odiento não tem espaço. A proposta é outra – e para todas as idades.
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