Créditos da imagem: FIFA
Diz Camões que o amor é um fogo que arde sem se ver, é ferida que dói e não se sente, um contentamento descontente, dor que desatina sem doer.
Dizem os poetas que se apaixonar é isso. Ficar cego para tudo o que está ao redor, exceto para a pessoa amada. Admirá-la o tempo todo e imaginar como seria se ela estivesse ao seu lado em todos os momentos de sua vida, tanto nos bons quanto nos ruins.
Dizem ainda que se apaixonar é querer tocar a pessoa a todo instante, senti-la em suas mãos e jamais querer soltá-la.
Pois chego à conclusão de que me apaixonei pela “pessoa” errada.
Passei as últimas 48 horas pensando em quão bela e admirável é a Taça da Copa do Mundo e como seria lindo tê-la em minhas mãos.
Estou apaixonado.
E sim, a Taça é uma pessoa, belíssima, carismática e atraente.
Mas para minha tristeza, sei que jamais terei o prazer de tocá-la.
Diz o protocolo que, sem luvas, apenas jogadores campeões e chefes de Estado podem sentir o gostinho único de leva-la para perto de si, erguê-la, olhar o seu brilho de perto, beijá-la e dizer ao seu ouvido “eu te amo”.
Não levei jeito para a carreira de jogador e atualmente não me atraio pela carreira de um estadista.
Terei que viver o resto de minha vida apenas observando de longe, no máximo talvez através de um vidro, numa dessas exposições que a FIFA raramente faz por aí, como um apaixonado não-correspondido.
Felizmente, sei que não estou sozinho e que minha paixão é dividida com bilhões.
Mas também sei que levarei um gelo de quatro anos, quando ela voltará como se nada tivesse acontecido, olhará pra mim e com um piscar de olhos sacana me dirá apenas: “oi, sumido”.
Eu, claro, aceitarei esta perfeição de volta.
É o amor.
Coluna muito agradável.