Créditos da imagem: Kibe Loco
Nessas últimas semanas o mundo se uniu em prol de uma causa maior. Estupefatos com a maior tragédia da história do futebol, clubes, empresas e personalidades colocaram em cena as mais gentis das atitudes ao darem as mãos e sugerirem juntos a reconstrução da devastada Associação Chapecoense de Futebol.
Entretanto, após alguns dias a poeira baixou, os sobreviventes estão voltando para o Brasil e as máscaras estão caindo. Consultada pela reportagem do Globoesporte.com, a direção da Chapecoense alegou que, por parte dos clubes brasileiros, absolutamente nada está sendo feito (e o mesmo foi lamentado pelo novo treinador da Chape, Vagner Mancini). Pelo contrário: com a desculpa de estarem dispostos a remontar o elenco de Chapecó, os clubes estão se utilizando da tragédia para se livrarem daqueles jogadores que não têm mais clima em seus elencos.
Puro oportunismo! Nenhum clube, em nenhum momento, ofereceu jogadores de seu próprio plantel, exceto aqueles considerados absolutamente dispensáveis.
Típico de cartolas brasileiros.
Na mesma reportagem, os dirigentes de Chapecó disseram que apenas o Barcelona realmente concretizou alguma ajuda – os culés ofereceram “ajuda institucional, financeira e convidou a equipe catarinense para a disputa do Troféu Joan Gramper, torneio amistoso disputado anualmente desde os anos 60”. E mesmo assim ainda há quem diga que o abismo que separa os clubes daqui dos de lá é apenas o financeiro.
O fato é que caridade e oportunismo são, historicamente, duas faces da mesma moeda. Há uma linha muito tênue que os separa, sendo por vezes impossível de perceber suas diferenças, principalmente nos casos mais comoventes, quando a sensibilidade está aflorada, e facilmente se traja o segundo pelo primeiro, como no caso em questão.
Mas não foram apenas equipes que se aproveitaram dessa situação. Durante a última rodada do Campeonato Brasileiro, a Vivo, gigante de telecomunicações, passou um bonito comercial, dedicando um minuto de silêncio às vítimas da tragédia de Medellín – vamos lembrar que um minuto na televisão brasileira não vale pouca coisa. No entanto, pesquisando nas diversas fontes da internet, não consegui encontrar uma matéria sequer que informava qualquer ajuda da empresa ao clube catarinense ou aos sobreviventes ou familiares das vítimas.
Pura demagogia! É bonito vincular o nome da empresa a cenários de vulnerabilidade pública, dá uma cara mais humana, um lado que não estamos acostumados a ver nas nossas contas telefônicas.
Infelizmente, começamos a perceber que a hashtag ForçaChape não passou de uma cortina de oportunismo para as grandes agremiações – e aqui falo de clubes e empresas, não de pessoas como você e eu -; foi apenas uma chance de vestir uma “roupa branca” e fingir que sabe fazer bonito.
Caridade de verdade é discreta, ato simples, sem alarde. Dar o que não presta ou esperar vantagens em troca dela é pior do que cruzar os braços, porque uma hora a conta chega, e oportunismo com cara de caridade costuma custar caro demais.
Realmente, Jorge Freitas, isso de ficarem empurrando jogadores encostados para a Chape é de péssimo gosto! E sobre o que você disse do interesse do Barcelona, ainda tem a FIFA e o xeque do Catar (que convidou a Chape para um torneio sub-17) para reforçar a diferença entre o que se faz lá fora e aqui dentro!
Muito bem lembrado Gabriel Rostey. É uma pena que quem comande as coisas não Brasil seja tão oportunista assim.
Vejo alguns jogadores encostados que caberiam tranquilamente na Chapecoense, e se os clubes liberarem por empréstimo sem custo, já é uma grande ajuda. Mas é fato, e já era esperado que as supostas “ajudas” eram influência do calor da hora! Espero que a Chape consiga se reerguer, mas muito mais importante que o time de futebol, são as famílias que precisam de ajuda, apoio e certeza que não serão abandonados nesse momento de tristeza.