Créditos da imagem: GETTY
Quando se fala de Ronaldinho Gaúcho, é lugar-comum que os destaques de sua carreira sejam resumidos à conquista da Copa de 2002 e aos dois anos de “futebol mágico e sobrenatural no Barcelona”.
É natural que isso seja colocado assim no resto do mundo, mas nós brasileiros fazermos isso é simplesmente inaceitável. E uma mostra de como desvalorizamos nosso futebol.
Ronaldinho foi genial no Galo. Ainda em excelente forma, aos 32 anos (idade atual de Cristiano Ronaldo, por exemplo), foi o armador e líder de um dos maiores times da história de um grande clube do futebol mundial.
O time todo girava a seu redor: Bernard e Diego Tardelli eram alimentados por suas milimétricas enfiadas de bola; Jô fazia o pivô e Marcos Rocha se infiltrava após seus lançamentos; Leonardo Silva e Réver marcavam gols de cabeça recebendo seus cruzamentos.
E é bom esclarecer que nos tempos de Ronaldinho no Atlético o futebol brasileiro vivia boa fase. Nossos clubes quebravam recordes de receita, Neymar jogava por aqui, o Corinthians era campeão mundial, tínhamos uma hegemonia de quatro Libertadores seguidas (2010-2013), segurávamos mais nossos jogadores, repatriávamos craques do exterior e até trazíamos estrangeiros como Seedorf e Forlan.
Obviamente o craque não chegou a brilhar tanto no Galo quanto no Barcelona, quando era apontado como o melhor do mundo. Mas, assim como no clube catalão, jogou muita bola, fez jogadas antológicas e conduziu o time à conquista continental. Se não conquistou o Mundial pelo Atlético, tampouco conseguiu pelo Barcelona. Se saiu mal de um, saiu mal do outro também. Mas se jogou menos aqui, em compensação foi mais líder, mais condutor.
Odeio o tipo de pensamento “coitadista” e divisionista que expressarei agora, mas a verdade é que se Ronaldinho tivesse feito em algum clube do eixo Rio-São Paulo o que fez no Galo, seria muito mais reconhecido. Se Ronaldo Fenômeno até hoje é incensado pelo que fez no Corinthians, com menos de 5 meses de futebol de excelência e conquistando uma Copa do Brasil e um estadual, o que merece Ronaldinho depois de recolocar o Atlético na posição de gigante do futebol brasileiro, pelo menos um ano e meio em altíssimo nível e títulos da Libertadores, da Recopa e um estadual? Até Adriano Imperador e Petkovic costumam ser mais cultuados pelo Brasileirão 2009 do que o genial craque dentuço pelo período alvinegro.
O Atlético terminou o Campeonato Brasileiro de 2011 na 15ª colocação e não vencia um título de primeira grandeza desde 1971. Bastou Ronaldinho chegar para ser vice-campeão brasileiro em 2012, vencer a inédita taça mais cobiçada do continente e ter se recolocado “nas cabeças” em tudo que o disputa, mesmo após a saída do craque. Provas disso são o título da Copa do Brasil de 2014 e a classificação para disputar a Libertadores pela quinta vez seguida.
Se isso tudo não é suficiente para marcar a carreira de um jogador, não sei mais o que pode ser.
Enfim, Ronaldinho precisa ser mais associado ao Galo no Brasil, é um ídolo histórico do clube e tem uma carreira que deve ser resumida a três pontos altos, e não aos dois que abriram o texto. A não ser que achemos que nosso futebol já não vale mais nada mesmo.
Fundou…
Pedro Henrique
Grande ídolo do Galo Eduardo , jogou muito e até hoje nos torcedores sabemos que ele é diferenciado e joga muito . R10mito
Concordo, Gabriel e proponho uma outra reflexão sobre o Ronaldinho. Há algum tempo ele publicou uma carta para o “Ronaldinho de 8 anos” e desvendou um pouco da figura desse gênio. Muitos o julgam por ele nunca ter se preocupado em ser ou não o melhor (como o Cristiano faz, por exemplo), mas isso é julgar a opção de vida de um atleta. Talvez passe por aí essa subestimação do craque.
De meados de 2006 em diante ele realmente optou por estancar a carreira e cuidar apenas de seu próprio desfrute; seu próprio hedonismo. Direito dele, é claro. Mas o futebol foi privado de um de seus grandes gênios!
Mas existe alguém que não reconheça?
Pietro, acho que muita gente! Quase toda a opinião pública, na verdade. Tratam como se a carreira do Ronaldinho fosse a Copa de 2002, os “anos maravilhosos no Barcelona”, e fim. Sendo que ele escreveu uma história lindíssima no Atlético…
revelou galo pra América
Mas todo mundo fez algo no galo, até o Obina, em time pequeno qualquer um se destaca ksksksksksks
Bom texto Gabriel. Talvez Ronaldinho tenha revolucionado o Galo mais do que seu xará Fenômeno revolucionou o Corinthians. Antes de Ronaldinho, o Galo era um time com apensa um título de expressão, muito abaixo de seu rival Cruzeiro, e vinha de uma goleada humilhante para a raposa por 6×1. Depois disso, não se vê mais o Galo fora do topo das tabelas do torneios. Nova mentalidade, vencedora, como sempre fora a do R49!