Créditos da imagem: Ivan Storti / Santos FC
Presidente e vice -adversários políticos (quase inimigos) declarados- estão destruindo o Santos. Já o treinador português, em que pese toda a bagunça do clube, demonstra ter parado no tempo
A missão de assumir o Santos já não era fácil quando José Carlos Peres e sua equipe ganharam a eleição. Só que aquele papo de austeridade financeira, de “colocar a casa em ordem”, de quase retorno à “política dos pés nos chão” do ex-presidente e falecido Samir Abdul-Hak (e aconselhada por ninguém menos do que Pelé), ficou na teoria.
Pior, sob o pretexto de querer montar um grande time (eis aqui o maior erro praticado pelos cartolas brasileiros: por apego ao cargo e já pensando em eleições futuras, optam por agradar à maioria ignorante de suas torcidas em vez de colocar a casa em ordem e tornar os clubes financeiramente viáveis), o Santos gastou até o que não tinha e fez a bolada da venda da joia Rodrygo ao Real Madrid parecer dinheiro de pinga.
E os erros não se resumem àqueles cristalinos como as contratações milionárias de Aguilar, Cueva e Uribe (pra que não digam que não falei das flores, Soteldo foi um achado da diretoria e logo se firmou como o principal jogador do time e um dos melhores em atividade no País). Explico: até aquilo pintado como um possível acerto, inclusive por mim -refiro-me à chegada de Sampaoli ao clube (ressalva importante: então “plano B” do clube, que tentou Abel Braga antes de contratar o argentino)-, mostrou-se uma temeridade. Repare que para atender aos pedidos do renomado treinador, o Santos aumentou sobremaneira sua folha de pagamentos (esta que não tem sido honrada e coloca em risco a permanência de jogadores, vide Everson e Sasha) e fez contratações que foram além de sua capacidade financeira. De maneira que o clube, hoje, por mais incômoda que essa constatação possa soar, não pode se dar ao luxo de querer grandes nomes, sejam eles treinadores ou jogadores.
Penso que deveria ser óbvia a ideia de se montar um time honesto que mesclasse jogadores da base com nomes factíveis do mercado, pensando em colher os frutos futuramente. No entanto, geralmente não é assim que a banda toca nos clubes brasileiros. Em razão de interesses escusos de empresários e dirigentes -que saem ganhando com transações milionárias- ocorrem muitos absurdos. Ahhh, as benditas (malditas) comissões.
Mas às vezes é só incompetência mesmo.
Uma tentativa de solução seria a renúncia da chapa vencedora e a antecipação das eleições santistas previstas para dezembro. Utopia, é claro, já que -e isso vale pra vida-, as pessoas que estão errando geralmente não acham que estão ou então sabem e não se afetam com isso. São raros os momentos de reflexão, humildade e mea-culpa. Ainda mais nesse meio contaminado do futebol.
Sobre Jesualdo Ferreira, já adianto que não sou defensor da tese de que “o treinador precisa de tempo para demonstrar seu trabalho”. Pelo menos não a ferro e fogo. Por vezes, o erro é tão evidente que protelar a troca pode custar caro. Como quase acabou custando ao Santos de Jair Ventura, absurdamente ameaçado pelo rebaixamento em 2018. Tivesse Cuca chegado antes naquela oportunidade e talvez o time tivesse se classificado à Libertadores do ano seguinte. Importante destacar as excelentes campanhas realizadas pelo Santos nos Brasileirões de 2016, 2017 e, posteriormente, em 2019 (vice, terceiro e vice), para evidenciar que 2018 foi exceção à regra. O grupo de jogadores, para o nosso nível doméstico, era bom. Jair Ventura é que não estava à altura do cargo, como depois o tempo e sua passagem pelo Corinthians só viriam a confirmar.
E o mesmo parece se aplicar a Jesualdo Ferreira. O treinador português, aliás, possui trajetória similar à de Jair Ventura no comando do Peixe no comparativo levantado pelo LANCENET (leia AQUI), diferenças de elencos à parte. Sobre elenco, é verdade que Jesualdo sofreu algumas baixas em relação ao time de Sampaoli. No entanto, também é verdade que Vanderlei, Victor Ferraz e Jorge alternaram bastante entre titulares e reservas, ao passo que a única perda de um titular absoluto do time de 2019 atende por Gustavo Henrique, que foi para o Flamengo. Portanto, do meio para a frente, o Santos não perdeu sequer um jogador. Ou melhor, não havia perdido até Sasha pedir a sua rescisão na Justiça do Trabalho.
Fato é que, em questão de 60 dias, de um time rápido, intenso e envolvente, o Santos passou a insosso, lento e quase desinteressado. E aqui vale um destaque: já na época de Sampaoli, o clube vivia uma crise financeira e os atrasos salariais também eram constantes, algo com o qual o argentino soube lidar e contornar durante sua passagem na Vila Belmiro (em dado momento chegou a dizer que devolveria o próprio salário para que o grupo pudesse receber em dia. Claro, conquistou os atletas com essa postura, sabe-se-lá se autêntica ou demagoga).
No entanto, mais importante do que a questão anímica, vale destacar que Jesualdo não conseguiu nem manter o que Sampaoli vinha fazendo e tampouco implementar o seu estilo de jogo. Sobre isso, aliás, eu entendo que por mais que se acredite em uma nova metodologia de trabalho, romper bruscamente com o que vinha dando certo demonstra, no mínimo, pouca sabedoria. É como se alguém, guardadas as devidas proporções, herdasse o trabalho de Klopp no Liverpool e chegasse mudando tudo e querendo fazer as coisas acontecerem à sua maneira, na marra. Além de estúpida, essa pode ser considerada por alguns como uma postura desrespeitosa. Há quem diga até que houve pedidos de líderes do elenco para que a marcação pressão retornasse (algo impositivo no futebol atual, independentemente da estratégia a ser adotada, se mais “reativa” ou mais “propositiva”) e para que alguns jogadores do time voltassem a atuar nas funções em que obtiveram destaque (sem prejuízo de dar mais mobilidade à equipe, descobrir novas funções etc, mas desde que haja o mínimo indicativo para tanto, que respeitadas as características do elenco e sempre objetivando a manutenção da confiança a duras penas conquistada).
Afora isso, ao estudar o currículo de Jesualdo Ferreira, verifica-se que o seu último grande trabalho ocorreu na temporada 2008-2009, após um tri-campeonato pelo Porto (em 2010, seria substituído por André Villas-Boas no comando da equipe portuguesa). Depois, passagens sem brilho por equipes médias e periféricas do futebol mundial, como Málaga, Panathinaikos, Sporting, Braga, Zamalek e Al-Sadd.
Conclusão? O último grande trabalho de Jesualdo foi há mais de uma década (!), o que o transforma numa espécie de “Luxemburgo português”. Isto é, um treinador com currículo invejável, mas que parou no tempo e não observou a revolução pela qual o futebol passou nos últimos anos. Especialmente depois da “Era Guardiola” no Barcelona, parece até outro esporte.
O que talvez explique os mais de 300 minutos sem gols do time santista num campeonato tão nivelado por baixo como o Paulista, a falta de jogadas trabalhadas, a nona colocação na classificação geral de dita competição…
Enfim, o bom e velho catadão. À moda portuguesa. Só que o chef, infelizmente para os santistas, não é Jorge Jesus (quem, ironicamente, só foi ventilado para assumir o Flamengo após o sucesso de Sampaoli no Peixe. Como se não bastassem os “presentes” Bruno Henrique e Gabigol!).
Como diriam Wanderley Nogueira (o criador da expressão) e Milton Leite (que fez dela um bordão), “QUE BELEEEEZA”.
E segue o jogo.
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