Créditos da imagem: Reprodução Folha de São Paulo
Quando a desgraça deve ser celebrada
O título da coluna pode soar antipático e um tanto duro para o torcedor apaixonado da Raposa, mas é racionalmente justificável: torcer pela inédita queda cruzeirense neste Brasileirão representava torcer contra descalabros administrativos, contra a corrupção (que só não foi maior em razão das denúncias que saíram do âmbito esportivo e foram parar até no Fantástico) e contra o mau exemplo de gestão futebolística (o modus operandi antecipar cotas de televisão + montar times fortes sem pensar nas consequências administrativas/financeiras ajudam a perpetuar o círculo vicioso tão danoso ao esporte).
Culpar Thiago Neves, Edilson e demais jogadores -por mais que alguns deles, no mínimo descompromissados, tenham sim contribuído para o inédito rebaixamento do Cruzeiro- além de um desserviço, seria analisar de forma rasa tudo que envolve esse rebaixamento e aliviar para os “verdadeiros vilões”. O mesmo valendo para os quatro (!) treinadores do time no Brasileirão: Mano Menezes, Rogério Ceni, Abel Braga e Adilson Batista. O último, aliás, assumiu o time faltando 3 jogos para o fim da disputa e perdeu os 3. Para ele, Adilson, uma bela grana garantida sem, convenhamos, maiores esforços. Para o clube, mais um gasto que poderia ter sido evitado.
De maneira que o ideal seria que os microfones se voltassem e se prestassem a pressionar os grandes responsáveis pela crise cruzeirense, entre eles o presidente Wagner Pires de Sá -que deu amplos poderes aos agora milionários Itair Machado e Sérgio Nonato (vice e diretor geral que convenientemente renunciaram aos seus cargos antes de o barco afundar de vez)- e, também, não esqueçamos, o ex-presidente do clube Gilvan de Pinho Tavares, que deixou um “legado maldito”, por assim dizer.
E como desgraça pouca é bobagem, a torcida agora ainda tem de aturar Zezé Perrella se fazendo de vítima e cinicamente disparando bravatas, sendo essa a minha favorita: “Se o Cruzeiro não caísse, eu não continuaria. Mas hoje quero ficar. Quero ficar para ajudar a reconstruir e voltar o Cruzeiro para o lugar que ele nunca deveria ter saído, que é a primeira divisão”.
E assim caminha a mediocridade, como diria o outro.
Pobre Raposa: os “parabéns” pelo rebaixamento vão para Wagner Pires de Sá, Itair Machado e Sérgio Nonato