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Jorge Sampaoli estaria na frente da disputa para técnico do Santos para 2019. Isso, a despeito de todas as polêmicas e controvérsias envolvendo o treinador argentino (diretamente responsável pela performance catastrófica da sua seleção na Copa), consegue ser o de menos. Merece maior – e triste – destaque o processo de escolha. Por que? Porque envolveu três alternativas completamente distintas entre si, incluindo um ex-treinador em inatividade. Um indício claro da fria em que estaria se metendo o clone de André Agassi ou, em caso de virada na novela, outro galã da vez.
Os nomes na mesa do presidente Peres (quase sacado do cargo na temporada) são estes: Sampaoli, Ariel Holan e Vanderlei Luxemburgo. O primeiro, após trabalhos vencedores no Chile, seguiu os temerários passos do mestre Bielsa para se tornar um revolucionário que não ganha. Já tinha perdido o gás no Sevilla quando a desesperada AFA o chamou para evitar um vexame das Eliminatórias. Não vou me alongar neste ponto porque já comentei antes e durante o Mundial, mas o fato é que ele caiu totalmente em desgraça. A pergunta que qualquer dirigente responsável faria é a seguinte: seis meses teriam sido o bastante para repensar tantos erros? Porque não foram poucos. Não apenas as táticas incompreensíveis (Osório parece ortodoxo comparado a elas), mas as mudanças desesperadas na escalação. Estaria o Santos disposto a ser seu rehab?
Holan chamou a atenção desde o título da Sulamericana de 2017, quando o Independiente jogou mais confortável fora que em Avellaneda – situação que se repetiria contra o Corinthians, na Libertadores deste ano. Embora seja considerado ofensivo, a sua ofensividade passa por retomar a bola cedo e aproveitar os espaços dos adversários. Algo que funciona muito bem no vertical estilo argentino, praticamente o mesmo de quinze anos atrás – mudou o posicionamento, mas não a postura. Neste contexto, a pergunta do gestor seria outra: já levando em conta fracassos anteriores, este jogo seria bem sucedido no Brasil? Caso considere positiva a resposta, quanto tempo levaria para a adaptação (dele, do time ou ambos)? Porque as dificuldades existirão, com certeza. Sendo que o Santos não tem capital para trazer jogadores que agilizem tal processo.
O terceiro candidato é a prova viva da incompetência assustadora que tomou conta da Vila Belmiro. Como meu amigo Danilo Mironga adiantou que vai mencionar na próxima coluna, nem as tantas vagas fizeram alguém tirar Luxemburgo de sua aposentadoria involuntária. Até o tradicional um terço de são-paulinos (que pedia sua vinda a cada “conclave” dos cardeais) murchou violentamente. Ainda assim, o aloprado presidente santista não só o cogita, como tem nele seu favorito pessoal – conforme fontes confiáveis. Neste caso só existe uma pergunta que o dirigente responsável pode fazer: o que raios colocaram na minha bebida pra eu pensar nessa hipótese? Uns usarão Felipão como exemplo. Mas este último, mesmo em seus piores dias, conquistava seus troféus na China, onde Vanderlei não suportou nem a segunda divisão – saiu sob uma série de desculpas esfarrapadas. Vai mesmo pagar pra ver?
Neste confuso cenário, ao vencedor não haverá sequer as batatas. Quando um processo seletivo começa contraditório deste jeito, após uma temporada também confusa, o escolhido deve chegar consciente de que logo buscará uma chance de pedir o boné. Como aconteceu com Cuca. Não pretendo me intrometer em medicina, mas o normal do procedimento cirúrgico sofrido é uma recuperação breve e sem impeditivos relevantes. Se estivesse mesmo confortável no cargo, não haveria qualquer problema para o retorno – até porque o clube nem está na Libertadores. Treinar o Santos de Peres está cada vez mais próximos de tempos nada memoráveis do Peixe. Eis um emprego que nem muito dinheiro (de onde?) pode compensar.
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O Peres está perdidinho.
Infeliz do clube que tem um presidente desses no seu comando.
O lado positivo de uma possível contratação do Sampaoli é que não deixa de ser uma atração.
Bem ou mal, trata-se de um técnico de nível mundial querendo retomar a carreira.
Acompanharei com alguma expectativa o seu próximo trabalho (e espero que a diretoria atrapalhe o menos possível).
Antes isso do que Luxemburgo. Rsrs