Créditos da imagem: Reprodução SporTV
Sobre a celeuma criada em cima de apenas mais uma gafe de Galvão Bueno
O bloco da patrulha nem esperou o Carnaval chegar. O enredo: Galvão Bueno, o machista. O locutor entrou na marchinha e já saiu pedindo desculpas públicas (duas vezes) à repórter Nadja Mauad. Na transmissão da Supercopa, esta dera informação completa e correta, mas o colega cismou que estava errada e a repreendeu. Exatamente como numa transmissão de Champions League, há dez anos. Passou mais de 10 minutos desmentindo o repórter que afirmava que Maxwell não estava em campo pelo Barcelona. Pode ter se desculpado em privado. Em público, calou-se até hoje. Não houve nenhuma indignação. Teria sido porque o jornalista era homem?
Qualquer telespectador que acompanha Galvão sabe que ele não é sexista. Suas intromissões desinformadas e populistas ignoram o gênero interpelado. O mesmo vale para a maioria dos participantes de transmissões e debates esportivos. Participar deles implica suportar momentos desagradáveis – não raro, estando certo na assertiva. Neste contexto, o episódio em defesa de Nadja (que em momento algum se queixou de machismo, registre-se) pode render o efeito contrário, prejudicando as mulheres no jornalismo esportivo. Faz um diretor pensar duas ou três vezes antes de escalar uma mulher para determinada função. Especialmente se envolver emissão de opiniões, pois uma simples visão diversa de um colega poderá transformar mera discordância em atentado à igualdade. Poderá, não. Vai acontecer. Nem que seja num twitt por aí.
Dou como exemplo a falta de reação a comentário pouco feliz de Ana Thaís Matos antes do Mundial de Clubes. Naquele afã geral de encontrar alternativas para o Flamengo enfrentar o Liverpool, a comentarista seguiu a linha lançada por – adivinhem – Galvão Bueno em outro programa. Afirmou que o clube brasileiro deveria atuar como o Napoli, que vencera os reds na primeira fase da Champions League. Com o devido respeito, seria tão simples se fosse tão simples. Todos os clubes europeus já teriam feito o mesmo e o Liverpool seria lanterna, em vez de líder disparado da Premier. Um colega poderia ter discordado com este argumento direto ou uma explicação sutil. De um jeito ou de outro, seria lançado aos leões. No primeiro caso, diriam que quis humilhar. No segundo, teria havido mansplaining. Na dúvida, ficaram todos quietos.
Vale dizer que não excluo haver sexismo no meio jornalístico esportivo. Mas a generalização impede de distinguir o preconceito real do exagero e mesmo do imaginário. Inclusive porque tal preconceito pode se dar pelo falso prestígio, na base do “põe uma mulher porque pega bem”. Como nas colunas de estilo “toque feminino”, em que a colunista é convidada para falar de aspectos periféricos do jogo. É o mesmo que dizer “de bola você não entende, então fala de outra coisa”. Perde-se, assim, a chance de obter uma visão do mesmo fato por meio da sensibilidade feminina – que comprovadamente difere da percepção do homem. Sou favorável a homens e mulheres debatendo no mesmo palco sobre os mesmos assuntos. Porém, sem que um lado – quando não ambos – se sinta constrangido por patrulhas externas e as autopatrulhas decorrentes daquelas.
Infelizmente, o cenário de equilíbrio no jornalismo esportivo está longe de acontecer. Antes o problema era o machismo. Agora também é o feminismo. Opinião tem influência de gênero, sim. Mas, reitero, isso é uma virtude de um e de outro. O essencial é que homens e mulheres acompanhem o esporte e aprendam constantemente, no lugar de culparem a realidade quando esta os desmente. O maior mal do debate no esporte não tem nada a ver com cromossomo X. Tem a ver com teimosia e ignorância. Duas características pelas quais o locutor das multidões deveria ser atacado diariamente. Aí sim, com justiça.
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