Créditos da imagem: Montagem / No Ângulo
Sem Copa América para fingir que é coisa boa, a Globo resolveu destacar a Euro-2020 (em 2021 por tristes razões). Enquanto Gustavo Villani dava seu show de sensacionalismo no SporTV, pelo canal aberto a dupla Galvão e Casagrande comandou o espetáculo de ignorância. A começar pelo misterioso R que o locutor conseguiu achar no nome Kimmich. Algo como o “EwNing” que só Luciano do Valle via em Pat Ewing. No mundo de Galvão e Casagrande, a Inglaterra ainda vive do jogo aéreo e Sterling, detonado pelos torcedores e autor de três gols de bandeja, é craque acima de qualquer suspeita. Falta combinar com os russos – digo, os ingleses.
Nunca foi elogiável a postura global de não falar muito de torneios exibidos por outras emissoras. Porém, não existe qualquer proibição para que seus profissionais vejam ESPN, TNT, DAZN, Band e One Football, que veiculam os campeonatos europeus. É constrangedor o desconhecimento. No SporTV, Grafite e Villani pegaram os números de Gnabry para dizer que não fez uma boa temporada e é uma promessa que ainda não vingou. Não sabem das lesões e da Covid que o atrapalharam, mas não o impediram de ter boas atuações quando inteiro. Por sua vez, Sterling foi um dos motivos para Guardiola ser considerado ininteligível em sua escalação na final da Champions League. Trocou todo mundo de função, recuando o artilheiro da temporada (o armador Gundogan) para acomodar o atacante. O Chelsea agradeceu profundamente.
Não espantou que, quando as duas emissoras falavam em substituições, o nome de Jack Grealish tenha ficado de fora. Mesmo sendo do mesmo time (Aston Villa) de Douglas Luiz, da seleção. Sinal de que não acompanham Douglas, muito menos Grealish – alvo de especulações em torno de cem milhões de libras. Em campo, fez a jogada que deu à Inglaterra a liderança da chave, deixando Sterling sem goleiro para marcar contra os checos. Contra a Alemanha, aproveitou a ultrapassagem de Shaw para que este deixasse Sterling na boca do gol. Depois deu ele mesmo o passe para Kane definir a vitória. O torcedor não é obrigado a saber que Grealish está em evidência. Mas quem informa o torcedor deveria ir atrás. Não é crível que não haja ao menos um estagiário capaz de cumprir o básico no jornalismo esportivo.
O Grupo Globo tem componentes capazes de melhorar este padrão, como PVC e Alexandre Lozetti (os leitores do FOMQ sabem que ainda não me é agradável dizer isso). Não custa colocar ao menos um deles no maior número viável de transmissões. Aliás, a junção entre o gozador Everaldo Marques e o comportado Lozetti em jogo da Áustria rendeu gargalhadas. Provavelmente a primeira vez que uma emissora global falou “Foda” e “Pau” no mesmo contexto*. Everaldo é outro que não pode ter vindo só para atrapalhar a concorrência. São nomes que proporcionam uma transmissão agradável, mesmo quando PVC se empolga com as estatísticas. Ao menos você sabe que não pegou no Google para se fazer de informado. Everaldo não tem o talento humorístico do ex-colega Rômulo, mas comparado a Milton Leite (e Dan Dan) é Peter Sellers no auge.
Infelizmente, tais nomes acabam diluídos nas cotas que a emissora criou, que vão desde a do lacre (faço obviamente minhas as palavras de Danilo Mironga) até a dos ex-boleiros, passando pela dos veteranos que deveriam estar honrosamente restritos a mesas redondas. Poderiam ao menos evitar requintes de crueldade. Como quando Pedrinho disse não saber se o atacante Son é chinês ou japonês – é sul-coreano. Ou com o “autêntico” Casagrande decretando Sterling como o craque do torneio. Se está tentando uma brecha para falar da luta contra o racismo, podia ao menos ter escolhido o belga Lukaku. É possível ser tudo sem abrir mão do senso de ridículo. Só precisa começar a praticar. Ele e a Globo.
*Franco Foda, técnico da Áustria, e Pau Gasol, astro do basquete.
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