Créditos da imagem: Montagem / No Ângulo
Superstição? Realidade? O São Paulo tem o costume de contratar jogadores veteranos, especialmente para o setor de meio-campo, onde, sabe-se, começa o jogo – seja para combater e destruir os ataques adversários, seja para organizar as próprias investidas. Um grande time, repete-se, começa com um grande goleiro. Mas sente grandes dificuldades para vencer, se não tiver um grande organizador no meio do campo.
Foi assim, contratando um “velho aposentado”, que o Mais Querido – por escolha das torcidas, em enquete feita pela Gazeta Esportiva- ganhou seu primeiro título, em 1943, fazendo a “Moeda cair de Pé”, e realizando verdadeiro desfile pelas avenidas General Olímpio da Silveira e São João, com Manoel Raymundo Paes de Almeida guiando o carro alegórico, que debochava do diretor corintiano, para quem os títulos dos Campeonatos Paulistas podiam ser decidido na moeda: se desse coroa, ganhava o Corinthians, se desse cara, vencia o Palmeiras.
O comandante do time, que já tinha o veterano Leônidas da Silva, 29 anos, foi um argentino, Don Antonio Sastre, tirado de sua aposentadoria aos 32, por indicação do jornalista argentino, Carlito de La Braga. A moeda voltou a cair de pé no bi de 45/46 e no bis em 48/49 -nas duas oportunidades havendo um “trabalho bem feito” para que não chegasse ao tri. No campeonato de 1950, que terminou em fevereiro de 1951, a “operação” ficou por conta de um trio de arbitragem trazido da Inglaterra, presente nos bailes de Carnaval do Palmeiras, o campeão após empate por um gol.
Preocupado em planejar a construção do estádio do Morumbi, que iniciou em 1953, o São Paulo manteve um time modesto, e teve outro veterano, também argentino, para chegar ao título daquele ano. Um baixinho, bigode aparado, Juan José Enfênio Negri, nascido em 1920 e já despachado da Argentina para o Juventus da Mooca.
A receita, mais uma vez colocada em prática, deu certo em 1957, quando chegou ao ex-time do Canindé (antiga sede são-paulina) o veteraníssimo Thomaz Soares da Silva, Mestre Ziza, com 36 anos. As pernas podiam já estar um pouco cansadas, mas boas o bastante para fazerem correr os jovens Maurinho e Canhoteiro, pelas pontas do campo. Naquela época e por bons anos mais, jogador com 30 anos só encontrava time para jogar pra lá de Jundiaí.
Foi o último título enquanto construía o estádio, totalmente pronto em 1970, quando chegaram dois outros veteranos, mas bem mais enxutos: Pedro Virgilio Rocha Franchetti, 28, e Gérson de Oliveira Nunes, 29 anos. Com eles, títulos e glórias.
Mas nem sempre a receita deu bom resultado. Antes, em 1966, a diretoria trouxe Waldyr Pereira, Didi da “folha seca”, um “jovem” de 38 anos que não vingou. Jogou apenas quatro vezes e foi pensar na aposentadoria. Em 2002, nova tentativa com um organizador de time, contratado mais pela posição que pensando na velhice, Ricardinho, apenas 26 anos, e novo fracasso. Talvez porque não estivesse maduro no ponto ideal (risos).
As grandes conquistas da década 1990 tiveram como estrela um jovem, Raí Oliveira, que hoje, de um gabinete no CT da Barra Funda, tenta mostrar que a velha fórmula continua válida. Está trazendo da China, aos 33 anos, Ânderson Hernanes de Carvalho Viana Lima, revelado pelo Tricolor, com longa passagem pelo futebol italiano, que há dois anos o deu como gasto.
O Profeta, assim tratado pela torcida, está longe de ser um novo Sastre, Zizinho, Pedro Rocha ou Gérson. Mas também o futebol de hoje, especialmente o praticado por aqui, está longe de ser de primeira classe. O time está sendo remontado. Um novo goleiro, um goleador, Pablo e… resta à torcida são-paulina aguardar para ver se a moeda voltará a cair de pé -agora não apenas nos jogos caseiros, mas até o tetra da Libertadores e do Mundial, que já ouvi alguns gritando e li muitos postando. Vai ser time da fé lá em Santa Rita do Passa Quatro.
PS: nos anos de glórias do Santos, também trabalharam muito para que não chegasse ao tetracampeonato paulista.
Acho que houve um erro de digitação.
Ao ser contratado pelo São Paulo, em 1966, Didi estava perto de completar 38 anos, e não 28, como consta no brilhante texto do mestre José Maria de Aquino.
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