Créditos da imagem: Futebol Na Veia
Faz uns anos, jogando pelo Palmeiras, Leão levou dois gols, de fora da área, contra o São Bento, em Sorocaba. No final, o excelente repórter Roberto Thomé, pela TV Globo, perguntou a ele sobre as falhas. Leão fechou a cara, segurou o microfone e disse ao Thomé que a pergunta estava errada. Thomé, gaúcho de sangue quente, mas que espera a hora de dar o troco, indagou como, então, devia perguntar. Em tom professoral, Leão, ensinou: “você deve perguntar se eu falhei”. Thomé engoliu seco e fez a pergunta como mandou o “professor” Leão, que respondeu assim: “não, eu não falhei. Os atacantes é que acertaram”.
Tudo gravado, Thomé voltou à redação e, tendo ampla liberdade, editou a matéria colocando todo o diálogo. E marcou para que o editor de imagens cobrisse a “lição do professor” com os lances dos gols.
É exemplo perfeito de quanto uma imagem vale mais que mil palavras. Recebeu aplausos na redação e antipatia do Leão por longos anos.
Muito cedo, Leão aprendeu com o técnico Osvaldo Brandão que goleiro não falha. Melhor dizendo, que não deve passar aos adversários que falhou, para não animá-los nos chutes contra seu gol. Se vê que a bola vai entrar mesmo, ensinava Brandão, deve sair dando bronca nos zagueiros, que podem bem suportar as culpas bem mais que os goleiros.
Perfeccionista, Leão acrescentou à lição o detalhe de dizer que foram os atacantes que acertaram. Zagueiros têm as costas mais largas, e por sua vez, buscam se defender até usando estranhas formas. Alguns deixam de fazer a barba para esfregá-la nos atacantes, e há os que deixam de escovar os dentes no dia dos jogos…
Vida de goleiro é assim, mas não só a dele. Atacante quando perde gol feito, olha para a chuteira e bate com ela no gramado, como se fosse dela a culpa. Ou do sapateiro, que não arrumou direitinho as travas. Erram os que olham para o céu e fazem o sinal da cruz. Cristo não tem nada a ver com quem tem pé torto.
São as “malandragens” que existem em todos os esportes. Grandes mestres enxadristas costumam bater com os dedos na mesa, batucando quando o adversário está preparando o lance. Teve, até, quem pedisse cafezinho e fazia barulho em cada gole. Em 1973 encontrei-me com um enxadrista argentino num hotel em Belgrado. Estava ali fazia cinco dias e teria de esperar mais alguns, para receber visto de entrada para uma etapa do Mundial. Tinha certeza de receber a autorização, mas só no último momento. “Eles procuram nos desgastar mentalmente”, contou.
Porque o mundo do esporte tem muito mais “malandragem”, na boa ou na pior, é que entendo ter sido um erro dos jogadores do Corinthians sufocar o garoto Mantuan após a derrota para o Inter, pelo Brasileirão, no Beira Rio. Mantuan falhou quando quis jogar bonito, é verdade. Mas, e daí? Quem nunca? Podia, e devia, levar bronca ou abraços e receber apoio no vestiário, nunca no gramado. Aquele exagero o fez parecer um bebê. Um guri desamparado. Carregaram em tintas seu erro. Apontaram para ele e disseram – “a culpa foi dele”. Esqueceram de tornar o lance mero acidente do ofício.
E vão deixá-lo desconfiado por um bom tempo. Evitando uma jogada bonita e normal, trocando-a por chutões…
Elogios se faz em público, bronca se dá de forma reservada. Falha se discute e analisa em casa. Sufocar o garoto com carinhos valeu como colocá-lo na cruz. Só serviu para chamar mais a atenção sobre o lance. Para levá-lo às lágrimas, que não precisavam ser derramadas. E obrigá-lo a pedir desculpas sem necessidade. Osvaldo Brandão não teria permitido.
Excelente artigo. Parabéns.
Sou muito bom. rrssss. Obrigado pelo elogio abss
Ótima visão, não tinha analisado sob esse prisma!!
Obrigado. Acho essa a melhor visão
E ninguém comenta que o goleiro falhou tanto quanyo o Mantuan, saindo numa bola que não era dele.
Da parte da imprensa, porque carregaram nas tintas para cima do lateral. Sobre o goleiro, os companheiros talvez nada tenha feito porque sabem que não é bom acusar o goleiro companheiro
Concordo com você, foi apenas uma fatalidade….abs
Exatamente isso. Uma fatalidade, que os companheiros exagerados, transformaram num drama desnecessário, marcando o garoto////abss
Eu entendo e concordo com o princípio, mas o problema é que ele que ficou arrasado e já começou a chorar logo de cara!!!!!!!!!! E os companheiros só aumentaram o circo mesmo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!