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Já deixou de ser mera implicância de quem quer que seja. O fato é que o futebol jogado no Brasil é de quinta categoria
Uma série de fatores é capaz de explicar o porquê do nível de jogo ser tão baixo no nosso futebol doméstico, mas, apesar desta triste realidade, ainda assim seria possível ver um produto de melhor qualidade caso o medo de perder não tomasse conta dos nossos técnicos.
A bola da vez no futebol brasileiro é Felipão e o seu Palmeiras, que segue vivo em 3 frentes. Se descolarmos os bons resultados do nível de jogo praticado, veremos um time extremamente limitado e sem muitas variáveis táticas. É o velho Felipão de sempre. Marcação cerrada, jogo explorado na velocidade e apoiado na figura de um camisa 9. O Palmeiras ainda não mostrou algo além disso e seus fracos adversários até o momento facilitaram o progresso do time nas competições.
Se considerarmos o fato de o Palmeiras ser o clube mais rico do Brasil (e que ostenta o melhor elenco), não chega a surpreender o momento atual: é uma obrigação disputar todos os campeonatos com chance de vitória. E para essas vitórias chegarem, o futebol vai ter que melhorar.
Outro time badalado é o Grêmio, que na minha opinião é o melhor time do Brasil, mas que não conseguiu em 2018 atingir o nível de regularidade do ano passado. Jogadores chave como Luan baixaram o desempenho e não há grande confiança de que o time possa ser competitivo até o fim do ano.
Fora essas duas equipes, as outras patinam em suas próprias limitações e muitas vezes mostram apetite de menos para almejar algo mais.
É o caso do Internacional, que nas duas últimas rodadas do Brasileirão perdeu a chance de se tornar líder isolado por falta de iniciativa. Contra o Corinthians, o time gaúcho parecia estar jogando um amistoso, mostrando pouco ímpeto ofensivo até mesmo para puxar contra-ataques.
Ao final do jogo, um lamentável discurso do empate ter sido um bom resultado, endossado por comentaristas locais como Diogo Olivier, da Rádio Gaúcha, que insiste em dizer que o Inter já fez mais do que deveria no Brasileirão. Para uma equipe do tamanho do Inter, com o elenco caro que tem e com um jejum nacional de 40 anos, parece-me obrigação lutar pela vitória sempre e se lamentar quando ela não vem. O Inter deixou de ser líder isolado para ser o 3º colocado, tendo sido ultrapassado pelo próprio Palmeiras.
O medo de perder tem sido a tônica entre os treinadores brasileiros, sempre desesperados para manter seus empregos. Muitos deles abandonam suas ideias táticas para optar por sistemas extremamente defensivos e sem poder de fogo.
Já não bastasse toda essa falta de apego pela vitória, a impressão que se tem é que o jogador brasileiro desaprendeu a jogar. Jogadas bizarras provenientes da falta de recurso técnico são mais frequentes do que belas jogadas e lindos gols. Passes errados, dificuldade de condução da pelota e cruzamentos bisonhos podem ser vistos aos montes em cada jogo realizado por aqui.
Enquanto isso, uma cultura de resignação aos poucos se consolida entre a opinião pública, imprensa e torcedores. Não se faz necessário o bom futebol, basta a emoção da disputa, sobretudo no campeonato deste ano em que os 5 primeiros colocados estão separados por 3 pontos. Não se cobra bom futebol no Brasil e, muitas vezes, o jogo em si é tratado como algo secundário.
Mas esse conformismo, aliado a uma cultura histérica por resultados imediatos, já coloca o futebol brasileiro em um caminho perigoso, que poderá refletir em um futuro breve na desvalorização do esporte mais amado do País.
O que nos segura ainda é a força dos nossos 12 grandes clubes e suas respectivas histórias. Só isso para explicar o fato de o Brasileirão 2018 registrar a maior média de público desde os anos 80. O torcedor ainda resiste, mas se o nível não melhorar, as próximas gerações já estarão interessadas em outra modalidade esportiva, isso se não ficarem apenas com os games. Porque o futebol não se explica apenas por resultados, ao contrário de qualquer outra modalidade esportiva.
A coisa tá FEIA!