Créditos da imagem: REUTERS/Agustin Marcarian
Certa vez escrevi aqui que os clubes brasileiros se acostumaram a cometer fiascos no exterior. Sem justificar a grande diferença financeira que existe entre times daqui e os outros de toda a América do Sul, os clubes nacionais têm, com certa frequência, sofrido eliminações dolorosas, quando não humilhantes, até mesmo para times com pouca ou nenhuma expressão no cenário internacional.
Só para ficar na década, vimos um desconhecido Tolima tirar o poderoso Corinthians ainda numa fase de pré-Libertadores, o Flamengo cair na fase de grupo duas vezes, além de ser eliminado ano passado na Sul-Americana pelo modestíssimo Palestino em pleno Maracanã. Ou ainda, em casos bem atuais, Palmeiras e Santos, dois dos melhores times brasileiros, ficarem pelo caminho de seu grande sonho por causa de um Barcelona genérico, dos cantos do pacífico deste continente, além de um Atlético-MG, com tantas estrelas, incapaz de passar por um tal de Jorge Wilstermann, que de bonito mesmo apresentava só o primeiro nome.
Mesmo sem perder na Bombonera na final em 2012, o Corinthians, ao repetir a visita em 2013, jogou uma bolinha e saiu derrotado para um dos piores times da história do Boca Juniors.
Fiascos têm sido a tônica no futebol brasileiro nos últimos anos. Atualmente, os clubes perderam a raça tradicional e a coragem de enfrentar adversários em todo e qualquer tipo de campo, e principalmente na Argentina. Não se impõem como antigamente, quando o São Paulo, em 2005, venceu o River em pleno Monumental pela semifinal da Libertadores, mesmo adversário batido no agregado pelo Vasco em 1998 e pelo Palmeiras em 1999, ambos na semifinal. Este ano, o time que viria a se consagrar Campeão Brasileiro foi inofensivo contra o Racing pelas oitavas-de-final da Sul-Americana, enquanto o Tri Campeão Mundial São Paulo caiu para o modestíssimo Defensa y Justicia da Argentina, na mesma fase em que o poderoso Cruzeiro parou no Nacional, do Paraguai.
Além disso, ano passado, o milionário Palmeiras caiu ainda na frase de grupos da Libertadores, enquanto o próprio Grêmio não conseguiu passar do Rosário Central, inclusive com derrota em casa e com goleada de 3 a 0 em terras argentinas.
Estava triste de ver a submissão brasileira e de ouvir o mentiroso bordão de que “não há mais bobo no futebol”. A verdade era de que havia sim mais bobos e que todos estes falavam português.
A vitória do Grêmio pode ter vindo para mudar este cenário. Pode ter vindo para mudar um momento desalentador do futebol brasileiro. O Tricolor Gaúcho dominou o Lanús do início ao fim, jogou como se estivesse em casa, na sala, com os pés em cima da mesa enquanto assistia a um filme de comédia americana saboreando um enorme pote de pipoca sabor bacon.
O Grêmio soube honrar sua tradição e suas cores. Não se intimidou para um clube de bairro da Argentina, que chegava pela primeira vez a uma final de Libertadores. Mostrou seu tamanho e foi gigante.
Que este espírito recaia sobre todos os clubes brasileiros, a começar pelo Flamengo na próxima quarta-feira, contra o Independiente, pela finalíssima da Copa Sul-Americana, quando a virada é bastante factível (ainda que difícil) no Rio de Janeiro.
E que provemos que na América (e no mundo) só há um país pentacampeão de futebol.
PREVEJO UM MARACANAZO NA PRÓXIMA QUARTA-FEIRA!
Fazia tempo que a gente não tinha um time inspirador que nem esse Grêmio!!!!!!!!!!!!!!!!!!