Créditos da imagem: Globo Esporte
Desagradar é preciso – com método
É cada vez mais clara, nas mesas de negócios do futebol, a divisão dos agentes de atletas em dois grupos, conforme suas especialidades. De um lado, os empresários de aspirantes a profissional. De outro, os de atletas estabelecidos no mercado de trabalho. O objetivo dos primeiros é ver os clientes estreando cedo e saindo do país em curto período. Já os segundos procuram rodar os atletas nos clubes daqui mesmo, não raro jogando por dois ou três times numa mesma temporada. Conviver com os dois tipos e suas ambições é mais um osso na anatomia de ofício da gestão esportiva. Com efeitos colaterais que precisam ser controlados com uma palavra – NÃO.
Neste texto, vou me ater aos empresários de marmanjos. Falar dos agentes da base requer mais que um artigo ou coluna. No mínimo, um capítulo de livro. Ademais, a maioria do elenco tende a ser controle daqueles. Inclusive com o efeito choradeira da torcida, muitas vezes incrédula sobre como podem trazer tantas tralhas e dar tão poucas chances à base. Mas, também muitas vezes, a indignação vai contra o empresário das tralhas, que apenas está fazendo seu trabalho bem feito – para ele. Colocar atleta consagrado em clube grande é fácil. Duro é enfiar um Marco Antônio Zebu da vida na mesma equipe. Isso depois de três cirurgias, quatro dispensas por deficiência técnica e duas por indisciplina – fora outras de causa desconhecida. Ou são ilusionistas, ou a audiência dos cartolas é que precisa de um par de óculos – ou uma dose de simancol.
Enquanto o agente de garotos impõe espaço nos clubes, o de marmanjos usa o “bom relacionamento”. Muita conversa, camaradagem e promessas de que, caso contratem um atleta menos conhecido, mais adiante poderão se aproximar de um top. A contratação discutível seria, portanto, o contrapeso presente de um trunfo futuro- que, quando o futuro finalmente chega, virou medalhão. E por que o clube aceita negociar? A resposta à brasileira, segundo a qual tudo tem tramoia, é que o dirigente fica com parte da comissão. Não descarto, mas não posso dar como certo o que não tem sequer indícios. Na dúvida razoável, vejo um aspecto mais cristalino. Com caixa insuficiente, a necessidade de completar o plantel impede o gestor de fechar portas, mesmo que para ouvir oferta única por um refugo. Porém, receber para a conversa é diferente de fazer qualquer negócio.
Contratar Maicosuel, depois de trocentas passagens frustradas, não “faz parte”. Muito menos um vencedor de reality show, como o mesmo São Paulo fez no final da década passada. Tem que haver um “NO point”. O ponto em que o dirigente diz ao empresário: “daqui a gente não passa, do contrário passar bem” – com linguajar mais sutil, se possível. Sem esta fronteira saudável, só um dos lados leva vantagem. Todavia, a real perspectiva de ouvir um NÃO já modifica o nível dos oferecidos. Melhor ainda se a negativa for reforçada por uma emenda intimidadora, como a de que talvez a diretoria busque reforços na base. Mesmo que ninguém esteja pronto, será o suficiente para o agente temer que o outro empresário, aquele da garotada, ganhe espaço no clube em que dá as cartas . E se tem uma coisa que os agentes de marmanjos não querem é perder território.
Este é somente um exemplo, mas bastante ilustrativo. Dizer NÃO é, portanto, mais que uma questão de personalidade. É também de capacidade. Os empresários conhecem as fraquezas dos clubes – não raro porque foram informados por alguém de dentro. Cabe ao gestor buscar as falhas no muro alheio. Tendo sempre em mente que não existe empresário “do bem” ou “do mal”. Cada um busca o mais rentável para si. Ter um agente como amigo é tão perigoso quanto seria como inimigo. Talvez mais, como pensariam Vito e Michael. Como é inviável executar todo mundo no final, trocar as eliminações por um NÃO deve ser a oferta que não poderão recusar.
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