Créditos da imagem: Foto: Felipe Oliveira
O Brasil, de tão raros bons pensadores, teve dois deles que me deixaram algumas “ideias-sínteses” como legado, e que por certo servem ao microcosmo do futebol, em seu mais amplo e cósmico sentido – exageros à parte.
A primeira dessas ideias vem de um economista, Roberto Campos, que expressava aversão a certo tipo de esquerda, dizendo que ela queria socializar a pobreza, o que para ele, assim como para mim, não me parece razoável. Portanto, também no futebol devemos tentar diminuir as diferenças entre as agremiações por uma mais racional divisão das receitas.
A segunda dessas ideias vem de um brasileiro com sotaque estrangeiro de tanto que viveu em terras norte-americanas. Trata-se de Mangabeira Unger, que também é Roberto. Apesar de sua naturalidade sudestina, há muito ele vem dizendo que o Nordeste não tem um projeto político para si. Eu acrescentaria: nem o Norte. E por uma questão de contexto, as ideias e questões aqui levantadas por mim, terão sempre como pano de fundo essas regiões brasileiras: Nordeste preferencialmente e Norte secundariamente.
Deixando-nos então orientar pelas ideias iniciais, desejo conectá-las à realidade do futebol nortista e, sobretudo nordestino, para concitá-los a participar da reconstrução da estrutura administrativa da Confederação Brasileira de Futebol, a CBF, que nesse instante acaba de abrir uma fresta de seu hermetismo para que participemos – pelo menos assim prefiro crer – de seu Comitê de Reformas do Futebol.
A tarefa da CBF é hercúlea, e isso por si só já deveria nos mobilizar para pretendermos participar dela. Até nem entendo por que a mídia age como se isso não tivesse importância. As pessoas em geral e a comunidade esportiva em particular, devem entender que as sessenta e quatro páginas do estatuto da CBF têm o condão e a prerrogativa de mudar o curso do futebol brasileiro. Tanto dentro quanto fora das quatro linhas. E, se considerarmos que o que ocorre intra-campo é em muito resultado do que fora dele é realizado, tanto mais razões teremos para nos incluirmos no processo.
O Norte e principalmente o Nordeste – por se encontrar em melhores condições de barganha nesse instante, e o case Copa do Nordeste comprova isto – devem ter uma atitude auto-inclusiva nesse fórum, não se deixando levar pelo caráter de contestação momentâneo que tomou conta da sociedade brasileira.
De prático, nem falarei em outros órgãos auxiliares constantes no estatuto. Desejo me referir apenas aos seguintes: Comitê de Resolução de Litígios; Ouvidoria do Futebol; Comissão Nacional de Clubes; Comissão de Ética e o Comitê de Governança Corporativa e Conformidade. Portanto, o Nordeste e as demais regiões devem atuar preferencialmente e com maior intensidade, rigor e critério sobre tais comissões, para trabalhar questões como uma proporcionalidade mais justa nas decisões, e uma maior representatividade da região.
O Nordeste precisa reavaliar seus conceitos sobre o futebol, não medindo sua estatura somente por sua representatividade no Brasileirão Série A, algo que tem se mostrado mais circunstancial e episódico, não garantindo ganho algum para o todo da região.
Percebam pois, que nosso otimismo guarda uma relação estreita com o fazer e com o trabalho, transpondo para a ação o potencial dos nossos sonhos.
Desse ponto de vista, sonhar é preciso, e realizar pelo trabalho é imprescindível.
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Concordo, Benê Lima! Os clubes do Norte e, especialmente, do Nordeste, têm muito potencial! Grandes e apaixonadas torcidas, muitos bons estádios… é uma questão de como se inserir melhor.
Pra mim os estaduais são maléficos para todos os clubes do país, mas especialmente para os do Norte/Nordeste.
O povo nordestino AMA futebol como poucos! Tomara que (os clubes) se fortaleçam e façam do Brasileirão uma festa ainda melhor!
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