Créditos da imagem: Reuters-infobae
Na semana passada, o River Plate tomou mais uma atitude que bem serviria de lição para os clubes brasileiros. Falo do clube, da sua diretoria, não de um bando de torcedores irresponsáveis – aqueles que atiraram pedras contra o ônibus que levava os jogadores do Boca Juniors para a segunda partida decisiva pela Libertadores, provocando lesões sérias em dois jogadores, o adiamento da partida e toda confusão que dura até hoje.
O River, que nada tem a ver com o que torcedores fazem fora do estádio, em um primeiro momento negou-se a viajar até Madri, Espanha, para cumprir a decisão, equivocada, da Conmebol. E não o fez em entrevistas. Tomou a decisão e a comunica por escrito à entidade. Não tem sentido viajar mais de 10 horas, mesmo em classe executiva e com todas as despesas pagas pela Conmebol. Sem falar na decepção para seus torcedores, excluindo-se, naturalmente, aqueles vândalos que, muito provavelmente, nem teriam tanta “guita” para gastar.
Os amigos devem recordar que coloquei aqui, naquele instante de confusão, um momento que vivi em 1975, quando fui a Buenos Aires para testemunhar e reportar para a revista onde trabalhava, a partida entre River e Argentinos Juniors, quando o time tricolor poderia ser campeão após longos 18 anos de fila, e os times tiveram de ir a campo com seus juvenis, porque a Mutual -Sindicato de lá- havia decretado greve geral por um piso salarial, sem que houvesse acordo. E em seguida, imaginando -era fácil- que os jogadores do Boca não aceitariam voltar a campo logo na quarta-feira, apenas três dias após toda balbúrdia.
Apesar de toda confusão, e das naturais pressões e ameaças que devem ter ocorrido por parte de autoridades ligadas ou não ao futebol, cada um em seu momento disse não. O amigo poderá dizer que a Conmebol é uma bagunça, fraca, corrupta e que tem medo dos argentinos. Pode dizer mais, se quiser, mas não pode negar que foi peitada pelos dois clubes – o que nunca aconteceu por parte de algum clube brasileiro. Aliás, nem mesmo a CBF, que fatura milhões usando seus jogadores em amistosos esfarrapados, nossos clubes mostram coragem de peitar. Fosse para negar ceder jogadores importantes em momentos decisivos. Seja para cobrar os custos com os jogadores convocados e ausentes. A bem da verdade, só uma vez um cartola bateu na mesa e gritou mais alto. E não foi contra a CBF. Na semifinal do Campeonato Paulista de 1979 – importante na época, é fato – quiseram marcar rodada dupla, com o Corinthians na preliminar, e Vicente Matheus disse não. Disse não e segurou o rojão. Não houve rodada dupla e o campeonato varou para o ano seguinte..
Quem sabe numa dessas os cartolas daqui criam coragem e agem da mesma forma. Não será, por certo, algum daqueles que vivem pedindo dinheiro adiantado. Talvez um que chamam de pequeno…
Nice