Créditos da imagem: Rodrigo Coca/ Agência Corinthians
O Corinthians segue com a boa prática de publicar informações financeiras bimestralmente. Ainda que elas não cheguem da melhor forma, com detalhamento suficiente para que possamos entender completamente o que se passa no clube, funcionam bem para termos uma visão geral.
Essas análises não servem a mim ou outros analistas e jornalistas, mas sim aos torcedores. O fato de os clubes dependerem de seus torcedores para gerar quase todas as receitas é motivo suficiente para que tenham transparência. Se cada indústria tem suas características, a do futebol precisa entender que o relacionamento franco com seus torcedores faz parte delas, sendo associação ou empresa.
E relacionamento franco não é atender aos pedidos de contratação, mas sim mostrar a realidade.
A análise dos números referentes a Agosto/21 terá uma característica diferente do usual. A partir das informações que o clube faz, de que ao longo do ano foram feitos ajustes e cortes em custos e despesas e por isso a tendência é de melhora nos números em relação ao início do ano, optei por trabalhar as informações por período e com médias mensais. Isso ajuda a verificar a evolução ao longo do tempo.
Vamos então às Receitas e Custos:
Os dois primeiros bimestres apresentaram resultado relevante no futebol, impulsionados pelas receitas de TV que “escorregaram” de 2020 para 2021. Quando analisamos o 3º e o 4º bimestres vemos números menos empolgantes, mas ainda assim positivos. No Social temos um cenário invertido, com crescimento de receitas com Licenciamento, que acabaram por reverter o cenário negativo do início do ano.
No acumulado o clube apresentou boa geração de caixa até Agosto, e mesmo no Social o cenário final é de equilíbrio.
Analisando o comportamento mensal, temos o seguinte:
Chamo atenção aos Custos com Futebol. Aqui estão incluídos desde Pessoal, passando pelas despesas administrativas e os chamados Serviços de Terceiros, que é uma conta que nenhum clube explica muito bem.
Note que os custos com futebol estão praticamente estáveis ao longo do ano. Um clube não é feito apenas de custos com pessoal, que caíram de R$ 17,3 milhões de média mensal no 1º semestre para R$ 16,8 milhões do 4º bimestre. Ou seja, nada tão relevante que justifique aumentos posteriores, e mostra que o futebol trabalhou justo no início do 2º semestre.
No Social o clube se beneficiou de aumento de receitas, que precisam ser monitoradas para entendermos se foi pontual ou se repetirá nos próximos meses.
Então foi positivo? Sim e não.
Sim porque mesmo sem os efeitos extraordinários do início do ano o clube conseguiu manter os resultados equilibrados, pelo menos operacionalmente. Entretanto, não é o suficiente para reduzir dívidas, e este é um problema que precisará ser enfrentado cedo ou tarde. Quanto mais tarde, maior o impacto de despesas financeiras, que totalizaram R$ 23 milhões entre Janeiro e Agosto de 2021.
E ao analisarmos o endividamento o que vemos é o cenário abaixo:
A dívida cresceu R$ 32 milhões ao longo do ano, e ainda que tenha reduzido a velocidade de expansão, segue em números bastante desafiadores.
O problema é que o atual montante de geração de caixa livre – que grosseiramente podemos considerar como sendo R$ 67 milhões de EBITDA menos os R$ 23 milhões de despesas financeiras – não são suficientes para fazer frente às dívidas, mesmo que este saldo de R$ 44 milhões fosse real. Digo “fosse real” porque uma parte pode estar sendo consumida por adiantamentos, outra pode ser valor a receber no futuro. O fato é que o aumento da dívida indica que o dinheiro não chegou na ponta do pagamento.
E como resolver isso? Há dois caminhos: aumentar receitas e reduzir custos. Podem acontecer ao mesmo tempo, inclusive. Agora, aumentar receitas esperando sucesso esportivo é sempre um risco. Se dá certo, ótimo. Se não dá, é só aumento de custos.
Portanto, a situação do Corinthians segue a mesma: precisa cortar custos, buscar eficiência nos investimentos e reestruturar as dívidas. Se não for feito de forma ostensiva e dura, seguirá pressionado, sabe-se lá até quando.
As contratações foram irresponsáveis.
Obrigado por demonstrar como o Duilio é apenas mais do mesmo. Mesmo grupo político, mesma irresponsabilidade. A bola de neve da dívida não vai permitir nenhum sonho futuro.
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