Créditos da imagem: Montagem / No Ângulo
Papai Noel já passou, a mala para o Reveillon na praia está arrumada, então, para ajudar o amigo leitor, preparei esta coluna com uma série de temas resumidos, para não deixar passar batido. Vamos para o jogo!
Nova Gestão do Flamengo
O novo presidente foi eleito e com ele veio a esperança de títulos. Nem entrarei no aspecto exagerado das cobranças, pois já mostrei que a gestão anterior investiu de forma mais consistente apenas nos dois últimos anos, quando pode ser cobrada. O que importa é avaliar os primeiros movimentos. E vão do correto ao desanimador.
Correta na desistência da contratação de Pablo, do Athletico Paranaense. Independente de estar certa ou não na avaliação técnica, desistir ao ver o valor do atleta acima do orçamento mostra que há uma clara preocupação com a manutenção do equilíbrio financeiro.
Entretanto, a forma como o futebol será tratado, através de uma comissão de cinco pessoas, parece estranha. Talvez equivocada. Primeiro porque ações podem ser debatidas em grupo, mas decisões são tomadas por indivíduos, que são responsabilizados por elas. Sem contar que o histórico do grupo não é técnico, associado à prática do esporte. São políticos de diversas alas do clube que agora compõem a direção por motivos… políticos! O fato de serem bem-sucedidos em suas carreiras não dá capacitação técnica para decidir contratações e formação de elenco. Resta saber como será o comportamento nas primeiras divergências e, eventualmente, na primeira derrota. O Estadual está aí. E depois teve a história da Patrícia Amorim, que chegou a ser cogitada por questões políticas, bem como a suposta recusa de Alex Bourgeois também por questões políticas, mesmo ele tendo sido eleito conselheiro do clube.
Enfim, primeiros passos bastante confusos e recheados de ações ultrapassadas em termos de gestão. A conferir.
Milan e a punição da UEFA
Na semana passada, a Comissão de Licenciamento da UEFA aplicou sanções ao Milan por quebra de regras do Licenciamento e Fair Play Financeiro. Recapitulando brevemente, Berlusconi vendeu o clube em 2017 para um empresário chinês por € 740 milhões. Desde então, o tal empresário endividou o clube e elevou absurdamente seus custos, enquanto viu suas receitas minguarem. Resultado: o clube foi punido por quebra de regras do Fair Play Financeiro. Na verdade, a punição original foi em meados de 2018 e já excluía o clube da Europa League desta temporada. Mas o fundo americano Elliott comprou a participação do chinês pela dívida, aportou recursos e conseguiu manter o clube milanês na competição.
Um parênteses: isto mostra que não basta trocar o controle do clube de uma Associação por um Dono Pessoa Física que todos os problemas se resolvem. Bobagem. Mais que a troca de modelo, o que precisa ser feito é ter uma gestão com caráter profissional. Isto raramente é feito numa Associação – Barcelona e Real Madrid são exceções – mas nem sempre é feito por donos desconhecidos e incompetentes. Precisamos ter cuidado para não vendermos ilusões. O melhor modelo é uma empresa com controle compartilhado por investidores profissionais. Mas isso será tema para 2019.
Voltando, a punição ao Milan foi confirmada com base no balanço de 2017/2018 e o clube agora precisa reverter o prejuízo, se equilibrar até 2021, pagou € 12 milhões em multas e terá investimentos restritos. Tudo certo. A regra do Fair Play Financeiro vale para todos na Europa. Mas com o controle do Elliott, que trouxe Leonardo como DT e Ivan Gazidis (ex-Arsenal) como CEO. Ou seja, o caminho está organizado para recuperação. Méritos para o Fair Play Financeiro, que no Brasil será adotado em breve.
O possível fim dos patrocínios da Caixa no futebol brasileiro
O novo governo anunciou que vai rever a política de patrocínios da Caixa, e isso inclui as ações no futebol brasileiro.
Temos dois movimentos aqui em relação a isso: o primeiro é que a Caixa foi fundamental para manter alguns clubes funcionando minimamente no Brasil nesses anos de crise. São 15 dos 20 clubes da Série A patrocinados pelo banco estatal. O exemplo que uso é o do Corinthians, que desde a saída da Caixa ficou sem patrocínio máster relevante e isso fez com que suas receitas de publicidade caíssem para menos da metade. Faz falta.
O outro lado é que não faz o menor sentido um banco estatal profundamente conhecido por todos no Brasil investir de forma institucional em futebol. O banco já atua de forma exclusiva na gestão de uma série de recursos que o tornam competidor único. Nas atividades usuais de banco, tem capilaridade absurda que faz com que suas agências cheguem a todo o país. Pra que investir em marketing no futebol? Nesse sentido, sua provável saída do futebol será o movimento mais correto. E por isso os clubes que hoje dependem da Caixa precisam se movimentar para minimizar as perdas potenciais em fluxo de caixa. #ficaadica
Orçamento do Bahia
O EC Bahia divulgou seu orçamento para 2019 com expectativa de mais de R$ 140 milhões de receitas, se transformando no maior clube do Nordeste. Não é à toa. As gestões recentes do clube tem se mostrado sérias e equilibradas, atuando de forma consistente e dentro de suas expectativas. Com pouco dinheiro, fica claro que os objetivos precisam ser calibrados para suas possibilidades. Classificar para a Sul-Americana, permanecer na Série A, avançar na Copa do Brasil. Desta forma o clube se mantém financeiramente são e isto garante salários em dia e elenco em paz.
Resta ao clube manter a eficiência esportiva, montando elencos baseados em boas avaliações técnicas mais que em nomes.
Desta forma se consolida como a força do Nordeste, já que o Vitória está atrás e o Sport se perdeu em 2018. Ao mesmo tempo, Ceará e Fortaleza se organizam, e se tiverem o Bahia como referência, correm o risco de incomodar muito clube do Sul e Sudeste brasileiros.
Olho no Bahia!
Patrocínios malucos
Os torcedores adoram comemorar patrocínios milionários como se fossem títulos. Infelizmente esses patrocínios costumam ser mais ilusão que realidade. Dois exemplos da última semana.
Carabao e Flamengo encerram a parceria que prometia R$ 190 milhões e chegou a apenas R$ 19 milhões. Havia uma série de cláusulas relacionadas a desempenho de vendas da companhia, que atua num segmento altamente competitivo – bebidas energéticas – que já teve muito gigante quebrando a cara. Mas a companhia queria se consolidar num mercado difícil em pouco tempo, ignorando complexidades óbvias como relacionamento com os varejistas e problemas de logística. Não tinha como dar certo, e não deu.
Blackstar e Palmeiras em mais uma história estranha. Empresa nenhuma se instala num país começando pelo investimento em marketing. Ainda mais pagando R$ 1 bilhão de forma adiantada. Já vi possivelmente milhares de business plans na vida, e primeiro sempre vem a instalação, análise de mercado, montagem da estrutura e depois o marketing. Ninguém nem sabia o que seria feito com os tais R$ 50 bilhões a serem investidos no país – inclusive, bastava um pouco de conhecimento técnico para saber que este valor é raríssimo de entrar no país. Obviamente chegou ao fim sem nem ter começado. Bola dentro da direção do Palmeiras.
O plano de recuperação do Vasco
Na semana passada o Vasco da Gama apresentou um ousado plano de reestruturação e recuperação de suas finanças. Em resumo, espera que em cinco anos tenha as finanças equilibradas, um pouco mais adiante um CT de qualidade e em 2027 um estádio remodelado.
É ousado. Mas não impossível.
Capitaneado por Adriano Mendes o plano requer esforço semelhante ao aplicado pelo Flamengo em sua reestruturação. Ou seja, anos de poucas contratações, custos enxutos e muito suor na montagem dos elencos. É possível, mas é dolorido, e vai exigir disciplina das gestões e paciência dos torcedores.
Alguns movimentos me parecem possíveis, como a reestruturação e reequilíbrio financeiro. Outros são ousados e difíceis, como a reforma do estádio. Mas é um caminho necessário: profissionalizar, agir de forma austera e olhar para o futuro. Porque o passado remoto foi vitorioso, o passado recente tem cicatrizes ruins, o presente é difícil e o futuro precisa ser criado a partir de agora.
Boas Festas e Feliz 2019 a todos!
Acredito que a festa da Caixa acabe realmente com o novo governo. Como a paixão é grande, os clubes sofrerão muito ainda para uma reestruturação financeira. Bem colocado o caso do Milan, mostrando que UEFA não brinca em serviço. Oxalá a CBF faça também um bom serviço em nosso futebol. Esperamos um bom 2019. Boas festas!!!
Very interesting details you have observed, appreciate it for
putting up.Raise range