Créditos da imagem: Reprodução / Agência Futebol Interior
São-paulinos vão da confiança à euforia com o resultado do sorteio para os dois jogos finais pela Copa do Brasil, contra o Flamengo, que indicou o Morumbi para a segunda partida.
Acham que o time que “decide em casa” leva boa vantagem. Será mesmo? Os números mostram diferente. Na Copa do Brasil dão 24 para os visitantes contra 15.
Essa ideia vem de antigamente, bem antigamente, nos campeonatos estaduais, com jogos disputados em pequenos estádios do interior, verdadeiros “caldeirões”, que assustavam visitantes, mesmo os chamados grandes, e apavoravam trios de arbitragem.
Ganhei um prêmio da ACEESP como melhor reportagem do ano, pela Edição de Esportes do Estadão, em 1967, contando a história do bandeirinha Germinal Alba.
O uniforme preto do pequenino auxiliar de Armando Marques, chegava a pesar 1,5 quilo a mais ao final das partidas em Piracicaba, Ribeirão, Comendador Souza, com as cusparadas e catarradas recebidas de torcedores colocados junto ao alambrado.
Fora as pilhas usadas, moedas atiradas e “elogios às que chamavam de segunda mãe”. A primeira, sagrada, ficava em casa, contavam as “vítimas”, que, nesses casos, “erravam” mais que o VAR de agora.
Com a chegada dos grandes estádios, erguidos por todas as partes, essa “vantagem desonesta” deixou de existir, substituidas pelas batucadas e gritos das torcidas – além dos proibidos rojões.
Se grito fosse decisivo, Tarzã seria presidente dos EUA e não apenas o Rei das Selvas. Serginho Chulapa, que dispensa apresentação, contava que o que o tirava do sério não era o barulhão do estádio cheio, mas o grito isolado do torcedor na arquibancada vazia.
“Aplausos e vaias em estádio cheio são a mesma coisa. Só barulho para os dois lados. Problema é ver o cara, isolado, xingar sua mãe, saber quem é e não poder ir até lá para dar uns tapões nele”.
Jogos mata-mata, como da Copa do Brasil, quando os times são equilibrados, é até melhor disputar o primeiro em casa. O time faz o resultado e passa o nervosismo, a responsabilidade para o outro.
Para isso, é claro, o mandante deve entrar para jogar, para vencer, sem medo. E estar em pé de igualdade com o visitante. Dá para dizer que Flamengo e São Paulo são parelhos? Que o tricolor tem time para descontar uma eventual derrota no Maracanã?