Créditos da imagem: Montagem / No Ângulo
Nada mais falso, enganoso, do que dizer, ao analisar a derrota de um time, antes considerado favorito, que jogadores “entregaram o a rapadura para derrubar o técnico”.
Não acredito, e estou nessa estrada, olhando e ouvindo de perto, há mais de 57 anos. Naturalmente perdi a conta de quantas derrotas vi e ouvi, consideradas impossíveis.
Mas, como aprendi bem cedo, antes mesmo de batucar nas pretinhas e falar nas latinhas, sempre olhei e dei preferência ao que fez em campo o vencedor – e não só o derrotado.
Sim, já ouvi histórias sobre jogador fazer corpo mole durante partidas. Lá atrás, muito lá atrás, diziam que Luizinho, “Pequeno Polegar”, teria dito a Almir Pernambuquinho, estrela contratada pelo Corinthians:”você ganha mais, então corra mais”.
Ouvi também dizerem que certo meia, do mesmo Corinthians, hoje comentarista na TV, teria chutado um pênalti para fora para derrubar o técnico Passarella – o que ele, comentarista, nega.
Ouço esses e outros comentários que desabonam os envolvidos, quase nada diante das milhares de partidas que presenciei neste mais de meio século – ainda que possam ser verdadeiros.
Prefiro achar que, antes, jogador descontente com o que recebe deve fazer como me disse Zito, capitão do Santos, em entrevista.”Não reclamo que Pelé ganhe mais que eu. E quero que ele ganhe cada vez mais. Meu acordo é receber a metade dele”.
Trabalhei numa revista em que certo diretor não gostava de mim – nunca indaguei nem quis saber as razões. Não gostava de mim, mas engolia meu trabalho, o que me fazia caprichar cada vez mais.
Prefiro achar que, no todo, um time não ganha os jogos que imprensa e torcedores dão como favas contadas, por não ser, nos 90 minutos ou até num tempo, o que se afirma ser. Ou corresponder aos milhões que recebem.
Dizer pura e simplesmente que não ganharam porque não gostam do técnico e querem derrubá-lo, é considerá-los os craques que na verdade não são, ou apenas já foram. É elogiar quem não merece.
É enganar e se enganar. Às vezes mais de uma vez. Há exemplos recentes. Bem recentes. Os times perdem e encontram mil culpados – árbitros, gramado, VAR, diretores, menos os que estavam no gramado.