Créditos da imagem: Reprodução Blog do Roberto Assaf
Nesta semana, tivemos dois movimentos importantes dentro da necessária evolução de gestão do futebol brasileiro. E ambos com os times que mais bem se prepararam para isso: os suspeitos de sempre Flamengo e Palmeiras.
No Flamengo, tivemos a informação de que os balanços do clube serão auditados pela EY a partir deste ano. Parece bobagem, mas não é pouca coisa. Apesar do ótimo e competente trabalho feito pela Mazars até 2018, carregar um balanço auditado por uma empresa como a EY, gigante do mundo das finanças e contabilidade, traz aos números um selo adicional de confiança. E confiança é a palavra que investidores e financiadores têm em mente quando pensam em clientes.
Um balanço auditado por uma empresa das chamadas “Big 4” – além da EY, compõem esse time a PwC, a Deloitte e a KPMG – faz o mercado financeiro confiar que os números estão corretos e que há uma governança por trás deles. Isso é fundamental para que investidores e bancos façam operações de prazos mais longos e preços mais baixos. Só mesmo tempo é mais um passo em direção à montagem de uma estrutura que permita ao clube atrair sócios ou mesmo abrir capital na bolsa.
Se você é daqueles que urra “Não vivo de balanço, vivo de títulos”, desculpe, mas se seu clube ainda está na idade da pedra das finanças, auditado por empresa sem renome, fazendo lambanças contábeis, é melhor começar a procurar outro sentido na vida, porque o futebol caminha para ser dominado pelos mais bem preparados fora de campo.
Isso nos remete ao segundo clube do artigo, o Palmeiras.
Há alguns dias, escrevi sobre a queda-de-braço entre o clube e a Globo. Ontem ela acabou com o fechamento do acordo que permitirá a transmissão das partidas do Palmeiras no Brasileiro em TV aberta e PPV.
Esse processo só se arrastou porque o Palmeiras tinha um trunfo nas mãos: boa gestão. Foi com ela, baseada em receitas elevadas e diversificadas, que contam com bilheteria e sócio torcedor grande, um bom contrato de publicidade e tv fechada, completado por venda de atletas, que o o clube pode bater o pé e propor condições que entendia mais favoráveis do que as propostas pela emissora.
Isso abre um precedente perigoso para dirigentes amadores: gestão eficiente traz mais dinheiro e permite maior força nas negociações. E joga luz justamente nos clubes que vivem correndo para vender o almoço que pague o jantar.
Flamengo e Palmeiras mostram o caminho. Outros clubes também já despertaram nessa direção, como Grêmio, Bahia e Athletico. Ainda falta muito para que mesmo esses se tornem comparáveis aos europeus – afinal, no Velho Mundo os clubes têm donos, metas, obrigação de desempenho dentro e fora de campo – mas estão muitos passos à frente da concorrência, que precisará acelerar para alcançá-los. Ou se contentar em ser um Del Rey 82 e achar isso o máximo.
Na mosca…sem controle não se chega a lugar nenhum. Estamos na era do fusca e precisamos sair do casulo de melhores do mundo e acordar para a realidade. Paramos no tempo e espaço. O caminho é longo e lá chegaremos….espero.
Ah, me poupe cara. Concordo em boa gestão, mas fica tudo absurdamente mais fácil quando você pode chamar seu clube de Sociedade Esportiva Crefisa e Clube de Regatas Cotas da Globo. Chega a doer quando falam que o Flamengo se reergueu por causa de gestão. Com toda essa grana não tem mérito nenhum, é obrigação. E qual outro clube tem um patrocínio passional desse tamanho? Também fica tudo mais fácil. Vocês querem tornar a exceção uma regra.
[…] – Flamengo e Palmeiras, sempre eles […]