Créditos da imagem: A. Vidal
O Flamengo mostrou, ontem, em Porto Alegre, futebol capaz de golear o Grêmio, e isso nada teve a ver com os gols corretamente não validados pela arbitragem.
Foi infinitamente melhor no primeiro tempo e igual ao time gaúcho no segundo, quando diminuiu o ritmo, levado pelo natural cansaço. O time dirigido por Jorge Jesus é o único no Brasil que pratica futebol competitivo, solidário, objetivo.
Nenhum jogador fica com as mãos na cintura olhando o companheiro que tem a bola. Todos se movimentam, oferecendo opção para o passe. O que obriga o adversário a também se movimentar, “tapar os buracos criados com os deslocamentos”.
A bem da verdade, o Santos -também dirigido por um “gringo”-, se movimenta igual, ocupa espaços, mas seu elenco é inferior ao do Flamengo. Em quantidade e qualidade.
No primeiro tempo, só o Flamengo “jogou”. Embora atuando no campo do adversário, buscou se impor e não ficar na defensiva, sonhando com um bom contra-ataque para marcar, como fazem a imensa maioria dos nossos times – dirigidos por brasileiros. No futebol, nem sempre quem espera alcança.
Não surpreendeu por isso, porque é assim que joga desde que Jesus conseguiu impor suas ideias e fazer o time girar. Impor, no caso, é a palavra certa entre nós. Acabou com aquela ideia, antes até aceita, de que “quem corre á e a bola”. Com ele, não basta a bola correr, é necessário que os jogadores se desloquem para recebê-la livres da marcação.
O Grêmio não existiu no primeiro tempo. Não porque não quisesse jogar também de forma ofensiva, embora com maior cautela. Não jogou porque não lhe foi permitido.
Mas, tudo tem seu preço. E o Flamengo, que se entrega no primeiro tempo, acaba, naturalmente, sentindo certo cansaço no segundo. E o Grêmio, jogando em casa, alertado no intervalo para uma derrota feia, que impossibilitaria qualquer reação no segundo jogo, além de empurrado pela torcida, equilibrou o segundo tempo. Foi na raça conhecida e chegou ao empate. Longe do ideal, mas que serviu para aliviar….
O empate deixa a decisão aberta. Se o jogo da volta no Maracanã vier a ser um videotape do de ontem, o Flamengo será fácil o finalista. Mas, como todos sabem, o “se” não joga. O Flamengo deverá ser o mesmo, igual, mas o Grêmio não poderá ser o do primeiro tempo.
Aos que imaginam que o árbitro de ontem, argentino, não confirmou -corretamente- os gols do Flamengo para prejudicá-lo, “escolhendo” o Grêmio como adversário de um time argentino -River ou Boca- na grande final, recomendo lembrar que o gaúcho é um time copeiro, joga como jogam os argentinos, o que não acontece -por longa ausência nesse tipo de campeonato- com o Flamengo.