Créditos da imagem: Rede Globo
Não acompanho novelas há trocentos anos, mas confesso que revi, no Canal Viva, um dos personagens mais marcantes da dramaturgia brasileira. Sim, o Cigano Igor. A interpretação de Ricardo Marchi se tornou grau máximo da escala de canastrões. Tal como os filmes de Ed Wood, o tenebroso se tornou divertido. Nem por isso alguém disse que o autor de “Plano 9…” foi um grande diretor. Muito menos que Ricardo Marchi seria um clássico da interpretação. Então por que crítica, público e colegas consideram Galvão Bueno um ícone de profissionalismo? OK, até eu chego a me divertir com o histrionismo que lembra minha falecida avó. Mas é desonestidade intelectual (ainda que inconsciente) dizer que se trata de um exemplo de técnica. Nem de loooonge, amigo…
A partida entre Chelsea e Barcelona poderia ser lembrada pelo golaço e as bolas na trave de Willian. Ou pelo primeiro gol de Messi contra o clube inglês. Mas o assunto do pós-jogo foi o festival de gafes do locutor global. Desde a pronúncia até a geografia, nada foi poupado. Teve o “s” afetado para atletas espanhóis – isso quando não chamava um espanhol de italiano. Teve Moses virando “Mos” (mas nem com dois filmes bíblicos?). O goleiro Ter Stegen e volante Kanté tampouco escaparam. Na hora de elogiar a “esquadra inglesa” pela enésima vez, citou a vitória do City sobre o Basel, da Bélgica (o número 1 do tênis é belga, quem diria…). Para quem achou que o Pará era cortado pelo Trópico de Câncer, nem surpreendeu tanto. Mas o pior foi mostrar, outra vez, o que já saltava aos olhos: além dos nomes, não acompanha o futebol de fora. O “canhoto” Hazard (suíço?) que o diga.
Nem se pode dizer que foi uma “tarde infeliz”. Seis dias antes, Galvão já tinha sido destaque por se esquecer de narrar o gol do PSG – repertório mais conhecido no colega Cléber Machado. Fora precedentes históricos. Na década passada, em jogo do mesmo Barcelona, passou o primeiro tempo inteiro teimando que o lateral brasileiro Maxwell estaria em campo. Por mais que o repórter insistisse que não, Galvão conseguiu vê-lo jogando. Dane-se que, na verdade, era o argentino Milito. Em nome do ufanismo, valeu até ver fantasmas. Alguém pode dizer que ninguém é obrigado a ver tudo quanto é jogo. Quem vai narrar ou comentar é, pois sim. Não necessariamente todos, mas o suficiente para saber que o lateral-esquerdo do Barcelona se chama Jordi Alba. Ou que o melhor jogador do Chelsea é destro. E que o técnico Conti, a despeito do ótimo trabalho na jornada, vem longe de estar prestigiado na temporada.
Mesmo com a ignorância e o despreparo, Galvão Bueno nunca abriu mão de usar seu poder de voz oficial para semear desinformação. Às vezes por conta própria (os decretos de que faltou raça quando perde uma Copa jogando bonito e, adivinhem, técnica quando perdeu com “guerreiros”), às vezes por interesse da emissora. Nos tempos de Campeonato Brasileiro com mata-mata, informou que a Alemanha estava mudando o sistema de pontos corridos para uma fase final eliminatória. Não estava. Era uma alteração na Copa local. Valendo-se do falso pretexto, ainda soltou a pérola lembrada até hoje: “se ponto corrido fosse bom, a Copa do Mundo seria jogada assim”. Galvão Bueno conhece seu alcance e não se furta a utilizá-lo contra os inimigos e a favor dos amigos. Vide a proteção aos Ronaldos na Copa de 2006. Grande poder, pouca responsabilidade. Tio Ben reprovaria…
“Se ele é tão ruim, como ainda é o principal da Globo?”. Olhem ao redor, caros leitores. Fausto Silva, Ana Maria Braga, Willian Bonner também estão aí. Hoje funciona na base da inércia. Nos anos 1980, a “TV Mulher” marcou época ficando impressionantes cinco anos no ar. “Mais Você” logo vai chegar a vinte. Ainda há quem fale que Faustão era bom mesmo na Bandeirantes, mas ele está há trinta anos na Rede Globo – mesmo enfadonho. Então a longevidade é mais uma questão de não sair, que propriamente manter a qualidade por longo período. O próprio Galvão anunciou sua saída para 2014, após perder a voz no primeiro tempo da eliminação brasileira em 2010 (situação nada profissional, que se repetiu algumas vezes). O vexame dos 7 a 1 o fez ficar. O curioso é que fez suas primeiras críticas diretas ao presidente da CBF, em décadas, justamente depois que o desafeto Dunga voltou. Coincidência?
Não descarto (era criança) que Galvão Bueno observasse os requisitos técnicos em seus primeiros tempos. Mas, infelizmente, foram locutores como ele e seu concorrente Luciano do Valle que, no decorrer dos anos, passaram de locuções sóbrias para berros e exageros (o Bolacha vibrava até com vigésimo lugar de Émerson Fittipaldi na Indy). O mote passou a ser o “vender emoção”, que o locutor usa com orgulho até hoje. Tudo o mais ficou em segundo plano, até praticamente ser dispensado. O pior é que vem inspirando as novas gerações, como os casos de Nivaldo Prieto (já irritou até o sossegado Denílson) e o histérico André Henning (do Esporte Interativo, outra opção para ver a Champions League). Tenta se dar ao jogo uma emoção que muitas vezes não tem. No futebol brasileiro, cada vez mais pobre tecnicamente, dá pra entender. Numa competição recheada de craques, o exagero se torna constrangedor.
Não sei por quanto tempo mais durará o reinado de Galvão Bueno. Enquanto continuar, sempre teremos quem detesta, quem adora e quem simplesmente assiste por costume. Gosto não se discute. Mas argumentação para o gosto se discute. Se a justificativa for uma falácia como a questionada acima, ainda vamos ter muito o que falar de mais esta instituição nacional. Como o cigano Igor. Com a diferença de que o celebrado ator ainda está desaparecido, desde a cena final em que saiu cavalgando – e a câmera preferiu destacar a expressão do cavalo…
EU DETESTO!
O Galvão tá dose de aguentar!!!!!!! Mas o pior é que não tem ninguém que se salve!!!!!!!!!! Só tem narrador histérico ou que dá sono durante a transmissão!!!!!!!!! Nessas o Galvãozão vai ficando zzzzzzzzzzzzzzzzz
Olha, eu não gosto de criticar pessoalmente o pessoal da imprensa, mas concordo com as críticas. Além disso tudo, tem aquelas coisas de insuflar uma rivalidade exagerada com os argentinos, transformar qualquer coisa em um “Brasil contra o resto”, enfim.
Sem dúvidas marcou época na TV brasileira e no passado foi, de longe, o meu narrador favorito. Mas que vem mostrando um descuido nessas questões apontadas no texto, acho que é indiscutível.
Em 2003, quando o Rivaldo era banco no Milan, Galvão acusou o técnico de não gostar de brasileiros. Confesso que não sabia que Serginho, Dida, Cafu e Kaká eram europeus…
Fora o caso do Roque Junior que jogou praticamente as eliminatórias pra copa de 2006 toda no time titular e por uma briga com Galvão alguns meses antes da copa não foi nem convocado
Galvão sempre foi um bosta
Ja deu. Galvão voua longe das telas.
Tudo na Globo cheira coisa velha viu uma vez já viu tudo sem discutir linha política é tudo igual todo sábado todo domingo .. não assisto… Serginho “Gosma” Luciano. Faustão.ta dando nojo e o Galvão que só vai na boa um saco