Créditos da imagem: Globo
Top 5 – “Pojeto” Lorota
Lei de Godwin é como foi batizada a probabilidade de uma discussão na internet terminar com uma analogia a Hitler ou o nazismo. Antes mesmo da rede mundial de computadores, o Brasil já tinha uma versão: a Lei de “Globwin”. Significa que, mais cedo ou mais tarde, a culpa de qualquer coisa será imputada à Rede Globo de Televisão. Aumentou o preço do abacate? É porque a Globo tem interesse na venda do abacaxi. Despencou o mercado do abacaxi? Foi a Globo, que agora está mancomunada com o consumo de papaia. Na última semana, foi a vez de Vanderlei Luxemburgo, em entrevista à própria emissora, dizer que sua trajetória na Seleção foi interrompida por causa da Globo. Desavisados e desmemoriados são capazes de concordar, numa espécie de empatia da antipatia. Poupem a Vênus Platinada dessa. Aqui vão os reais motivos da derrocada do técnico que, supostamente, reverteria o “fracasso” do vice-campeonato mundial de 1998.
5 – Síndrome do “nó tático” – como são-paulino, recordo exatamente quando os jornalistas fãs de Luxemburgo consagraram o termo entre aspas. Foi após a primeira partida da decisão do Campeonato Paulista de 1998, quando seu Corinthians bateu o SPFC – que venceu o segundo jogo e o campeonato. Contratado pela CBF e campeão brasileiro daquele ano, Luxemburgo gostou da ideia de se consagrar à frente dos jogadores. Foi o que o levou a buscar alternativas inusitadas que surtiram efeitos nada pretendidos. Meu deslize favorito aconteceu contra o Paraguai, em Assunção. Djalminha, meia por excelência, foi escalado como centroavante – digamos que antecipando o “falso 9” de Guardiola. Rivaldo viria de trás e confundiria a defesa paraguaia. Como de costume nestas situações, faltou combinar com o adversário, que venceu por 2 a 1. A vontade de se sobrepor às características dos atletas, não raro sob aplausos iniciais da imprensa, foi devidamente castigada.
4 – Supremacia doméstica, patinada internacional – embora a Seleção tenha vencido a Copa América de 1999, na última participação oficial de Ronaldo antes da Copa de 2002, o mundo das estatísticas perguntava se os conceitos do multicampeão nacional seriam bem sucedidos fora do país. A própria conquista do torneio continental foi bastante facilitada. Só o Brasil mandou a equipe principal completa, sendo que, mesmo assim, foi preciso suar sangue contra a Argentina, nas quartas. Esta dúvida seguiu acompanhando o currículo de Vanderlei nos anos seguintes à demissão da CBF. Além de nunca ter chegado a uma decisão de Libertadores, houve a passagem nada memorável pelo Real Madrid, em que seu característico 4-4-2 com três volantes (possivelmente seu auge conceitual) naufragou contra equipes compactas – deficiência bem mais grave que seu portunhol constrangedor.
3 – Vedetismo e convocações estranhas – desde o vitorioso ciclo no Palmeiras, Luxemburgo era conhecido por alguns conflitos com jogadores. Como normalmente eram contra encrenqueiros do naipe de Edmundo, a opinião geral costumava dar razão ao técnico. Mas o treinador extrapolou na Seleção. A ânsia por ser o dono da bola já gerou uma briga logo de cara, com Marcelinho Carioca – que também era seu jogador no Corinthians. Foi apenas o começo de uma série de intrigas que tiveram um apogeu patético: em 1999, logo após Ronaldo sofrer cirurgia no joelho (um ano depois, faria outra), reclamou publicamente que o atleta não telefonou para informar como estava. “Ué, se eu fui operado, não era ele que devia ligar?” – respondeu o centroavante, com lógica fenomenal. Paralelamente, algumas convocações suspeitas geravam falatório, em especial nos casos de Evanílson, João Carlos e Mozart. Prática que, justiça seja feita, seria repetida por sucessores.
2 – Miau… – Falar em “atacante gato” nem sempre foi falta de assunto da revista “Quem” e similares. Enquanto Luxemburgo claudicava na Seleção, o futebol brasileiro se via às voltas com casos de adulteração na idade de atletas, como Sandro Hiroshi. Mas um descuido no site do treinador fez com que descobrissem que, décadas atrás, o lateral-esquerdo Vanderlei Luxemburgo tapeara a idade em TRÊS ANOS para conseguir um lugar nos juvenis do Flamengo. Com o desempenho do Brasil bastante questionado até por colunistas não-esportivos, o escândalo deixou imprensa e opinião pública ainda mais desgostosas com o “estrategista”, que bem poderia ter aproveitado os fatos paralelos para admitir a falsificação (até porque o crime estava prescrito) antes da descoberta. Até houve quem não fizesse parte do pelotão de fuzilamento. Alguns jornalistas, como Juarez Soares, rasgaram a integridade para lhe dar crédito incondicional. Nem assim conseguiram trazer simpatia à tese de que “ele só queria trabalhar”.
1 – Vexame olímpico – na entrevista a Casagrande, Luxemburgo disse que um dos motivos do ataque global foi não ter convocado Romário para os Jogos de 2000, em Sydney. Na verdade, o técnico decidiu não convocar nenhum atleta acima de 23 anos, contando com o talento de jovens como Alex, Ronaldinho Gaúcho, Roger e Lúcio. Deveria ter sido o suficiente para uma busca competitiva pelo ouro, só que não. O que se viu foi uma classificação dramática para as quartas-de-final, com Alex tentando puxar – em vão – um abraço coletivo ao técnico. O pior viria contra Camarões. Dominados e perdendo por 1 a 0, os brasileiros aproveitaram duas expulsões dos africanos para empatar no minuto final, com Ronaldinho. Com onze contra nove, era questão de calma para ganhar na prorrogação com “golden goal”. Mas o time perdeu gols incríveis (um deles com o volante Fabiano, genro do técnico), tomou um gol e voltou para casa sob merecidas vaias, em especial para o desmoralizado comandante.
Como se vê, não era preciso nem Fantástico, nem Jornal Nacional, nem mesmo sermão de Galvão Bueno. O mais inacreditável é que, segundo conhecida versão de Milton Neves, o treinador chegou a ser cotado para reassumir a Seleção meses depois, quando Émerson Leão foi demitido. Detalhe cruel e irônico: talvez frustrado pela preterição em favor do rival Luiz Felipe Scolari, Kid Madureira criou um novo caso (outra vez com Marcelinho Carioca) na véspera da partida final da Copa do Brasil. No dia seguinte, seu time seria derrotado pelo Grêmio, então sob a batuta de um novo e promissor técnico chamado Tite. O mundo dá muitas voltas. Nem por isso a História deve ser recontada quando convém.
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– Seja bem-vindo (desde que no clube dos outros e não no meu), Vanderlei!
Bom demais!!!!!!!!!!!!!!! Tem gente que se aproveita da passagem do tempo pra contar qualquer lorota!!!!!!!!!!!! O Luxa nunca deu certo na seleção mesmo e caiu de maduro!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Muito oportunas as lembranças, Gustavo Fernandes! Gostei especialmente da número 3! É assustador como em determinada época o Luxemburgo tinha como modus operandi afastar os ídolos dos clubes pelos quais passava! Não é coincidência que foi o responsável pelas saídas de Ronaldo (goleiro), Neto e Marcelinho do Corinthians, e do Giovanni do Santos. Certamente tem outros casos que não estou me lembrando agora, mas parecia algo patológico…
Isso porque ele não jogava pôquer na época…
Um retrato fiel do profexô.
ESSE AÍ ACABA COM A SAÚDE FINANCEIRA DE QUALQUER CLUBE…
Rudson Soares Everton Bruno Bruno Wesley Ronald Barbosa Leonardo Carvalho Julia Gomes Safya Antunes Murilo Monteiro
[…] destacar que este colunista não está confirmando a “Lei de Globwin”, citada em coluna anterior, sobre tudo ser culpa da Globo. Na concorrência da TV aberta é pior ainda. Todos se utilizam do […]