Créditos da imagem: Globo Esporte
Via e ouvia a notícia sobre a mega festa promovida para comemorar o 27º aniversário de Neymar, em Paris, claro, e uma jovem senhora na mesa ao lado, depois de brindar, erguendo a taça do tinto – a temperatura pedia – disse, referindo-se ao craque: “sabe levar a vida, não”?
Respondi que sim, e que faz muito bem. O que adianta ganhar milhões e não aproveitar a vida, a juventude?
- “E namorar belas mulheres, também, né?”.
Eu faria uma inversão, disse à vizinha de mesa, que nunca havia visto antes. Acho que mais é namorado do que namora belas – algumas nem tanto – mulheres.
E também, repeti, faz muito bem. Como fazem outros. Só é preciso duas coisas: respeitar as moças e assumir os filhos que fazem.
Como a senhora sorriu, acrescentei, brincando, mas nem tanto, para nunca olharem para modelos em Las Vegas e cercanias, como fez Cristiano Ronaldo.
O boteco, nível 10, aqui no Campo Belo, preciso lembrar, é frequentado por descolados e tem telões em todos os cantos, para ninguém torcer o pescoço enquanto a bola rola. Talvez por isso, e pelo papo, que puxou, a senhora tenha achado por bem desconfiar: “você foi jogador?”. Respondi que não, claro. A dona do pedaço, amiga, que, sábia, roda pelas mesas, apareceu e deu minha pobre ficha. Sim, sou da área. Da parte externa. Bato palmas para os que aproveitam os parcos 17 anos da carreira e ficam milionários, ou pelo menos ricos, até remediados. Sendo amadores quando entram em campo e profissionais fora deles – estranho?. Desconfiando e não dando bola para as bajulações de cartolas. Usando, mas não bobeando com os procuradores e empresários. Aprendendo cedo a não confiar em irmãos, sogros, cunhados, vendedores de livros, terrenos, ações de empresas na Amazônia – nada aqui está sendo colocado sem que se possa comprovar.
Não faz muitos anos, nem mesmo no rico futebol europeu, que jogador ganha uma bolada ao final de cada mês – tanta grana que, mesmo sendo um pouco maluco, consiga gastar. Antes, aqui e lá, alguns ganhavam bem, mas, a maioria, pouco. Não há tempo nem espaço para falar de como era além mar. Então, fiquemos por aqui. Por enquanto. Em 1975, quando decidiu – ou precisou – voltar ao futebol para quitar dívidas e não vender imóveis, Pelé, após estudar várias propostas que guardava na gaveta – Real, Milan, Arábia etc – decidiu aceitar a do Cosmos, dos Estados Unidos, onde o futebol era tosco, empírico, mas oferecia uma boa desculpa: ensinar aos jovens. Implantar o soccer – jogado com os pés – na terra do futebol – jogado com as mãos. Lembra por quanto? Míseros 5 milhões de dólares por três anos de contrato – para jogar, dar aulas para crianças e representar a Pepsi. Lembra-se? Em 1976, estive nos Estados Unidos para o Torneio do Bicentenário da Independência, e aproveitei uns dez dias que fiquei por lá, esperando a hora de ir cobrir os Jogos Olímpicos de Montreal, Canadá, para escrever algumas reportagens. Uma delas foi mostrar como Pelé estava. Enganava ou jogava sério? (qualquer hora conto). Fui da Cidade do México – com troca em Dallas – para Minneapolis, Minessotta, lá em cima. Escondi-me para ver, e não apenas ouvir, mas acabei descoberto. Na coletiva, que era obrigado a dar antes de todos os jogos, Pelé ouvia as perguntas dos jornalistas, Júlio Mazzei traduzia para ele em português, ouvia suas respostas e versava para os gringos. Eram perguntas e respostas que todos estavam cansados de fazer e ouvir, mas faziam parte do show. E Pelé já entendia tudo que perguntavam e podia responder de forma direta, mas não. Enquanto Mazzei fazia o trabalho (dele), Pelé podia pensar um pouco mais, para não cometer o menor engano. Combinamos conversar durante o almoço, no hotel da concentração, no dia seguinte e “tive de tirá-lo” de um animado papo com uma loira na piscina – em inglês, é claro.
Quando o papo entre as mesas voltou – cerveja mexe com a bexiga, vinho mexe com a cabeça – a amiga dona já havia dado a ficha. E eu: “sim, até onde sei, Pelé era atencioso com as moças, não fazia desfeitas. Como Ronaldo, o gordo,- que deve estar na quinta -, Ronaldinho, o da dupla mineira, Romário, que acertou a quina…..”.
- “E os que, a gente escuta, ficam na miséria, passam necessidade?”.
Quer saber, senhora, são raros os casos que me comovem. Que foram de fato enganados, sem conselhos e sem avisos. Foram porque quiseram. E nem são tantos assim, no universo da profissão. A grande maioria, que ganha muito menos, vive e sobrevive com o que fatura na carreira, seguindo ou não na área. Sobre estes, pouco ou nada se fala ou escreve. Não carregam traumas nem mágoas. Alguns conversam com a gente no tal Facebook. Quer saber mais? Penso mesmo é como estará a cabeça do Neymar – como representante dos milionários mulatinhos rosados – amanhã, quando passar dos 40, talvez 50…
[…] contexto, não apenas discordo, como lamento e me oponho frontalmente a determinada postura em defesa de Neymar. Não à ideia de defesa, mas um infeliz argumento. Na tentativa de rebater patrulhas, chega-se ao […]
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