Créditos da imagem: Marketo Blog
O que vou colocar nada tem a ver com o episódio envolvendo Garrafa e Mancini, que nem sei porque está rendendo tanto. É sobre a relação entrevistador e entrevistado.
De cara digo que, dentro da pauta, não há pergunta mal feita nem resposta mal dada. Dada a resposta, cada um a entenda como achar melhor. É, pelo que tenho lido, o que estão fazendo por aqui e em outras praças. Uns, por não serem corintianos, exagerando nas pancadas ao repórter. Outros exagerando no espírito de corpo – que às vezes, exagerados, mais prejudicam que ajudam.
Quando João Saldanha assumiu a Seleção, pautamos duas entrevistas para a Edição de Esportes. Levei dez perguntas para serem respondidas por Aimoré Moreira, e Michel Laurence levou as mesmas perguntas para fazê-las ao Saldanha. Fui para Taubaté e Michel para o Rio, onde Saldanha dava coletiva na sede da CBF, ainda na rua da Alfândega. Michel tinha trabalhado com Saldanha no Última Hora, no Rio. Quando terminou a coletiva, Michel pediu a Saldanha um papo em separado e ele, provavelmente cansado, respondeu assim:”Falar mais o quê? Só se for para falar da minha mãe”.
Eu trouxe de Taubaté as respostas do Aimoré e Michel voltou de mãos vazias. Woile Guimarães, o editor, não pestanejou. Diagramou as duas páginas. Em uma coloquei as dez perguntas com as respostas do Aimoré. Na outra, para cada pergunta a mesma resposta dada por Saldanha. Que evidentemente não gostou. Mas limitou-se a dizer ao Michel que ele tinha errado. Nada de “vou te pegar” ou coisa do gênero. A resposta não tinha aquele sentido, mas ele sabia que a havia dado.
Depois de um jogo em que o São Bento venceu o Palmeiras, em Sorocaba, Roberto Thomé, excelente repórter, perguntou ao Leão se ele havia falhado no gol que levou de fora da área. Leão segurou o microfone e disse que não era assim que se perguntava. Thomé indagou, então, como devia fazer a pergunta e Leão ensinou. Thomé fez como ele disse e voltou para a redação da Globo resmungando mais que índia velha. Na ilha, cabeça fria, editou a reportagem colocando a “lição do professor Leão”.
Nos primeiros momentos do Jornal da Tarde, trabalhava-se “full-time”. Numa noite, o repórter que cobria o Palmeiras, escondeu-se num beco de onde podia ouvir as discussões na reunião da diretoria. No escuro, não notou que era ali que pintavam os cartazes espalhados pelo clube e teve sua roupa borrada. Um funcionário viu e denunciou a um dos diretores de futebol. O repórter foi avisado de que levaria uma prensa e fui com ele no treino do dia seguinte. O diretor estava lá e, delicadamente, puxou conversa. Falou de como os jovens deviam ter amizades com os mais velhos, que quando se casassem poderiam conseguir escola para os filhos etc… Falava delicadamente e tirava e colocava um pequeno maço de dinheiro no bolso. Pelas tantas, disse a ele, também delicadamente: percebemos, doutor, mas só se for em cheque… e o papo se encerrou.
Ficaria aqui horas…
Deve ser insuportável aturar estrelinha!!!!!! Essa do Leão querendo ensinar o Roberto Thomé é de dar raiva, e o pior é que o jornalista não podem nem estourar!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
O LEÃO NUNCA ADMITIU UM ERRO NA VIDA, VEDETE AO EXTREMO
Jornalista pode fazer melhor do que estourar. Pode dar a resposta da fortma certa, como o Thomé rfez. Leão ficou p da vida, ligou para mim e eu dei toda força ao Thomé. Ele continuou na bronca. Um dia deixou cair a toalha passando pelado diante da câmera quando gravavam entrevista no vestiário. Fui encontrá-lo, no Elias, e disse a ele. Se fizer mais uma vez, faço vt e coloco em moteis…rrss
Muito interessantes as histórias, mestre José Maria de Aquino! Pensando rápido, imagino que agora os estranhamentos tendem a ser cada vez mais públicos, porque as interações entre repórteres e profissionais do futebol são cada vez mais expostas, não? Antes devia ser mais comum ter mais estranhamentos, mas serem resolvidos nos bastidores, com poucas pessoas sabendo. Já agora, em época de coletivas como regra, tudo sendo gravado e mídias sociais para “desabafos”, tudo tende a ser aos olhos do mundo. O que leva todos a serem mais conservadores e robotizados, com perguntas óbvias e pisando em ovos… faz sentido?