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Apenas uma grave precipitação? Não, uma vergonha na Arena Corinthians.
O esporte, de uma forma geral, sobretudo o futebol, é reconhecido historicamente por ter um dos ambientes mais machistas. Dentro ou fora das áreas de competição e arredores, os exemplos são inúmeros e se somam a cada dia. Os casos de assédio, infelizmente, também continuam presentes. Lutar contra atos misóginos é uma obrigação daqueles que têm caráter. Também tem a ver com educação. Uma missão diária que deve estar presente em todos os nossos atos.
Desde os pequenos aos maiores. Sobre as mulheres em especial, cabe sempre lembrar afirmação feita por Victoria Woodhull, uma das maiores lutadoras em prol dos direitos civis para as mulheres: “Tudo que se fala sobre os direitos da mulher é tolice. Mulheres têm todos os direitos. Só precisam exercê-los”. Esta mera afirmação, no entanto, não os garantem. Por conta disso tantas ações feministas precisam ser desenvolvidas. Ainda assim, cabe entender, de forma efetiva, que o feminismo é a luta em busca da igualdade plena de direitos entre as pessoas independente do seu gênero e/ou de qualquer outro requisito utilizado para diferenciar pessoas. Atuar em prol do empoderamento feminino não tem relação com sobrepor os direitos das mulheres sobre os dos homens. Tem a ver com não apenas acreditar, mas agir em prol da plena igualdade de direitos entre todos os seres humanos.
Baseados em imagens realizadas ao final da partida entre Corinthians e Vasco no último sábado, dia 17 de novembro, válida pelo Campeonato Brasileiro da Série A, a instituição Sport Club Corinthians Paulista, inúmeros movimentos de apoio a mulheres esportivas e uma série de profissionais da área emitiram notas de repúdio ao suposto assédio que a jornalista Fabiola Andrade, repórter do Sportv/Rede Globo, teria sofrido de um colega seu de trabalho, mais especificamente do caboman. Nas imagens em movimento se nota algum manuseio dele junto ao cabo de áudio que fica preso à sua roupa.
Sugestionada por tudo isso, até mesmo a própria jornalista chegou a sinalizar estar arrasada com o fato. Posteriormente, ao rever as imagens e conversar com o próprio colega, que segundo ela, a procurara para explicar o que realmente acontecera, ela própria afirmou que o assédio não ocorreu. A partir de seu relato, em seguida, uma onda de pedido de desculpas pelo equívoco. “Que bom que tudo ficou esclarecido” foi meio que a frase padrão ao final desse lamentável episódio. Creio que não. Cabem ainda algumas perguntas ainda sem respostas: Quem irá resgatar a imagem do profissional que foi associada com a de um assediador? Meros pedidos de desculpas são suficientes para arrumar todo este estrago? Segue o jogo?
Todas as ações que possam, potencialmente, promover a geração de injustiças devem ser condenadas com veemência. Pessoas que agem em prol delas são cúmplices. Ao ver brevemente as imagens sob olhos minimamente justos, impossível não dar, ao menos, o benefício da dúvida. Infelizmente o clube paulista e tantos outros preferiram condenar. Mais que isso, jogaram querosene onde havia apenas uma leve faísca e, muito possivelmente, marcaram definitivamente a vida deste profissional. Mas o dano feito foi ainda maior. Alguém duvida que a partir deste fato todos os atos deste rapaz passarão a ser analisados sob outros olhos? Como foi para ele enfrentar seus entes, amigos e colegas de trabalho? Será que futuros verdadeiros atos de assédio serão vistos com a devida importância que cabe, por conta desse constrangedor comportamento? Quantos mais casos de “Escola Base” serão precisos acontecer até que muitos possam aprender como se portar? Agir de forma injusta é contribuir para que o mal se perpetue. As ações em prol do fim do assédio às mulheres no ambiente de trabalho, as maiores derrotadas com tudo isso.
Constrangimento é dor.
Qualquer acusação tem que ser criteriosamente formulada e quem acusa fica responsável civil e criminalmente pelo ato.