Créditos da imagem: Thiago Calil, Estadão
Corinthians e Santos fizeram um jogo um tanto peculiar neste domingo, em Itaquera.
Sob a perspectiva corintiana, a equipe anfitriã teria “atropelado” a equipe visitante no primeiro tempo (que terminou 1 x 0) e, no segundo, teria sido vítima do cansaço da maratona a qual tem sido submetida, que culminaria no empate com gol do ainda excelente Ricardo Oliveira (o jogo terminou 1 x 1).
Já pelo lado santista, após um primeiro tempo de pressão do adversário, com direito a milagres do goleiro Vladimir nas tentativas de Guerrero (segundo o técnico adversário, Tite, à la Rodolfo Rodriguez), a sensação de que a troca realizada no segundo tempo, de Elano por Geuvânio, que teria corrigido o erro de escalação inicial, se não tivesse sido necessária, demonstraria desde o início um Santos que faria frente e, quem sabe, até quebraria a invencibilidade do adversário.
Pensamentos convenientes à parte, penso que um filtro das duas avaliações pode resultar em algo que retrate o que de fato representou a partida.
Em apertada análise, a mim restou claro que a equipe de Tite é hoje a mais organizada e coordenada do futebol brasileiro. Todos os jogadores parecem bem distribuídos e cientes do que fazer em campo. O primeiro tempo, em que pese o erro da escalação do Santos (mudar a forma de atuar da equipe que é a segunda melhor da competição?), demonstrou bem o Corinthians que o colunista Gabriel Rostey brilhantemente definiu como um “organismo vivo”, praticante de um “futebol total”. E, no segundo, uma surpreendente e decepcionante apatia, além de um aparente cansaço.
Já em relação ao Santos, fica o sentimento de dever cumprido, de ter enfrentado aquele que é hoje considerado o melhor time do futebol brasileiro e ter conseguido mexer com a sua aura de imbatível. Acredito que Robinho, Ricardo Oliveira, Lucas Lima e cia, colaboraram para que outros times passem a temer menos o novo caldeirão corintiano e entrem mais confiantes pelo triunfo que até hoje apenas o Figueirense (!) conseguiu.
Aliás, há muito não via um Santos tão “fechado” e brigador como este de 2015. Talvez unidos pela pouco promissora perspectiva de início de temporada (saída de nomes como Arouca e Edu Dracena, salários atrasados, ausência de patrocinador master etc), os jogadores do atual plantel parecem correr uns pelos outros (Robinho, Ricardo Oliveira, Elano e Renato foram companheiros no time que jogou a Libertadores de 2003), além de possuírem qualidade (a propósito, como joga o Lucas Lima, um verdadeiro achado!). A ressalva fica por conta do Elano, que, pra utilizar um termo da moda, parece um “ex-jogador em atividade”.
Outro ponto destacável é o brio dos atletas, que têm jogado com uma disposição incomum no Santos dos últimos anos. Explico: desde 2010, quando ganhou a pecha de “time do Neymar”, a equipe santista parecia que estava acostumada a ganhar os jogos desempenhando efetivamente um melhor futebol que seus adversários, sendo protagonista, mas, nem sempre com espírito de competitividade e volúpia na sua voltagem mais alta. Era um time que tinha dificuldade de enfrentar situações adversas. A derrota para o Barcelona, da maneira que foi, é emblemática.
Trata-se, portanto, de um Santos diferente. Mas, que também pode ser competitivo.
E segue o jogo.
Fernando, por mais que o Santos tenha parado o aparentemente imparável Corinthians, ainda assim eu prefiro esperar um confronto decisivo entre os dois pra fazer uma avaliação definitiva… O interesse pelo jogo era bem maior do Santos, já que o Corinthians é a bola da vez do futebol brasileiro e, sendo visado, desperta a cobiça nos outros de vencê-lo. Poderemos aferir a real capacidade do Santos em ganhar do Corinthians quando o interesse dos dois pela partida for exatamente o mesmo. O foco do time do Itaquerão agora é a Libertadores, sem dúvidas. O Paulista é teste e alguns clássicos que não valem a vida.
Guilherme, concordo com você. O jogo tinha mais “peso” para o Santos, além do time estar mais descansado.
De qualquer forma, pode ser útil para que ambos façam avaliações. No caso do Santos, que é possível sim lutar pelo título e acreditar e, no caso do Corinthians, que, embora tenha se mostrado melhor enquanto ainda tinha fôlego, de que não é esse esquadrão imbatível que muitos vinham “pintando”.
O Corinthians tem tudo pra faturar o que disputar em 2015.
O Santos, por sua vez, tem se mostrado muito forte e com jogadores que poucos times no Brasil podem dizer que têm. Entre eles: Robinho, Lucas Lima e Ricardo Oliveira. Além de contratações acertadas (mas pouco comentadas) de jogadores como Vanderlei e Chiquinho.
Jefferson, o Corinthians tem se mostrado um time acima dos demais aqui no Brasil. A pontuação acumulada nos dois campeonatos que disputa, o pouco risco que corre nos jogos (ontem foi uma exceção), o padrão tático empregado pelo Tite, tudo vem a confirmar essa constatação.
O Santos, na posição de franco-atirador (às vezes é melhor atuar sem grande responsabilidade em um clássico), jogou bem, “correu risco de vencer” e saiu com a auto-estima elevada. E realmente os jogadores que você citou são excelentes.
Vamos ver o que acontece nas fases finais do campeonato, quando ele realmente começa pra valer.
Discordo do termo “esquadrão imbatível”. Isso não existe no futebol.
Não vejo, muito menos concordo esse tipo de colocação ao Corinthians.
Pelo contrário, estamos falando de um time entrosado, no qual muitos jogadores atuam juntos há bastante tempo, que possui um treinador muito focado, que se ficou por um ano estudando nas escolas Européias diversos padrões táticos.
Ontem foi nítida a falta de “gás”, contra um time motivado, jogando contra seu maior rival. Foram 06 jogos nas ultimas 02 semanas, por conta desse calendário horrível do nosso futebol.
Creio inclusive, que Corinthians e Santos farão a final, pelo melhor momento vivido, pelo elenco, e pelo fator( no caso do Santos se manter em segundo) de decidirem em casa. Até porque o SPFC está em crise e sem treinador e o Palmeiras ainda é uma incógnita, somando a isso o fato de jogar apenas as quartas em sua nova casa, pois em caso de avançando para as próximas fases, serão datas de show em Pompéia.
Pode ser, Fabio. Mas, imagino um crescimento de Palmeiras (agora com Cleiton Xavier) e São Paulo (sem o Muricy) no campeonato. Aguardemos.
Acho que fosse um jogo com mais importância, o Santos seria atropelado. O primeiro tempo do Corinthians foi muito bom, e se não fosse o goleiro do santos, o primeiro tempo acabaria em 3 ou 4×0. No segundo tempo faltou pernas aos jogadores do Corinthians, e mesmo assim o Santos não conseguir imprimir o sufoco. Em dia dos dois times em igual situação física, o Santos teria apanhado. Acredito em um final entre Corinthians X Santos, aí sim uma melhor análise.
Fernando, vale lembrar que o Corinthians utilizou os jogadores reservas em alguns jogos do Paulista. Logo, esse desgaste que todos têm comentado talvez seja mais mental do que propriamente físico.
De qualquer maneira, concordo com você que o Corinthians conseguiu demonstrar a sua superioridade em campo, sobretudo no primeiro tempo.