Créditos da imagem: Reprodução Capricho
A dona da outra Copa – ou “arque com sua escolha”
Marta foi a grande personagem brasileira na Copa do Lacre. Bem mais do que na Copa do Mundo. Explique-se, Mironga. Em campo, o desempenho da monarca se resumiu a dois gols de pênalti. Justamente os que levaram o Lacração FC a seu gol de placa – a “maior artilheira de todas as Copas e gêneros” (faltou o “espécies”). Teve a chuteira da igualdade. E o batom sei lá do quê. O que não teve? Seu futebol. Sim, lesionou-se antes da estreia. Mas não, o seu melhor há muito não é visto nos gramados. Nem na seleção, nem nos clubes. É a verdade inconveniente que, por ironia, passou batida graças a uma polêmica com os marmanjos.
Enquanto o mundo discutia se foi justo Modric tirar o prêmio brega da FIFA de Cristiano Ronaldo, Marta levava seu hexa em 2018. Seu grande feito na temporada? Nenhum. Não foi campeã, nem teve atuações memoráveis. E não sou eu, o pérfido, que estou apontando isso. É uma mulher, Ana Carolina Silva. A repórter do UOL mostra que, no período em que se baseou a escolha, Marta marcou 10 gols em 26 jogos pelo Orlando Pride. Que, por sua vez, não foi além de um sexto lugar na liga norte-americana. Sua vitória, ainda nas palavras da jornalista, foi “surpresa”. Aí sim eu acrescento: ilusória. Os desavisados pensaram que ela voltou a jogar como antes. Foi o bastante pra até Tostão soltar um “Temos Marta”. Sim, temos Marta. Não, não temos aquela Marta. Mesmo que tivéssemos, diga-se de passagem, hoje não seria suficiente. Mas seria mais perto do suficiente. Seria, se fosse.
E como ela ganhou? Simples: quem votou, incluindo as mulheres, não viu ninguém jogar. Não teve Olimpíadas. Não teve Copa do Mundo. Não teve nada que chamasse a atenção enquanto os “hómi” jogavam na Rússia. Quantos campeonatos femininos passam na TV a cabo? Até link pirata é complicado de achar. Então prevaleceu o voto de lembrança. “Ah, dessa Marta eu lembro! Vou votar nela!”. Muitos do meio estranharam, mas evitaram comentar. Quem daria ouvidos? Se fosse homem reclamando, não tinha lugar de fala. Se fosse mulher, era invejosa. Marta ganhou porque “deve ter jogado muito”. E, se não jogou, quem se importa? Vamos repetir: uma coisa é a visão política do futebol feminino; outra é a visão esportiva. Essa não interessa. Na dúvida, fica-se com a menina pobre, do país preconceituoso e que fez das tripas coração pra jogar. Com brasileira não há quem possa.
Se for pra falar dessa parte desagradável da bola rolando, Marta despencou. E não é de domingo, quando nem dos lances brasileiros participou. Perdeu velocidade. Perdeu força. Seu repertório não se adaptou ao que perdeu. Não rende o mesmo como atacante. Não rende como armadora. Joga com dois trunfos: o medo que – por enquanto – coloca nas marcadoras e a esperança de um lampejo. Como teria sido, se bem sucedido, a tentativa tosca de encobrir a goleira francesa fora da área. A Marta do lacre nunca jogou tanto. A da bola logo será uma ex-jogadora em atividade. A não ser que busque apoio em especialistas, como os trintões Messi e Cristiano Ronaldo. Mesmo assim, seguirá sendo falácia dizer que, com a bola no pé, fazia tudo o que eles, Neymar e outros fazem. Pra um futebol com menos de trinta anos, é um mito. Pra um que existe há mais de cem, seria um bom nome. Mas só.
“Ah, essa é a sua opinião!”. Exatamente. Até porque seria estranho gastar quatro parágrafos dando a opinião de outra pessoa. O que mais me intriga é o seguinte: vale a pena Marta se focar em ser musa da Lacrolândia? Até algumas semanas atrás, tinha bom trânsito em todos os setores. Depois dos “recordes”, dos discursos e do batom, está mais para aqueles artistas estrangeiros que viravam arroz-de-festa no país. “Lá vem aquela chata da Marta”. Quem escolhe ser da turma dos Fefitos e Fátimas tem que pagar a conta.
Que textinho recalcado hein, você não é politicamente incorreto é só um chato de galochas. Que papinho raso de “Lacrolândia”. Você aqui tem todo o espaço para se expressar, mas quer fazer troça da expressão de outrem. Marta pode não ser na sua ou na minha opinião a melhor jogadora do mundo, mas viveu a vida do futebol desafiando as chances.
Marta é embaixadora na ONU e sempre militou com seu trabalho e exemplo em favor que as mulheres tenham mais chances, Marta veio, viu e venceu como dizia Júlio César. E hoje usa do que conquistou para promover uma modalidade que tem enorme potencial, mas que sofre com problemas de gestão. O Brasil no passado já disputou duas semifinais de Copa do Mundo e impôs medo em suas adversárias, hoje é uma seleção inofensiva diante do avanço do FF na Ásia e Europa, países menores dão muito mais infraestrutura para suas atletas. Muitos espectadores mais experientes de futebol têm cristalino que jogadoras brasileiras dão tudo que têm em campo, mas sucumbem diante de adversárias maiores, mais fortes e melhor treinadas. Pedir igualdade de condições, mesmo que soe utópico é o direito dela, mas para esse autor parece ser uma transgressão. QUEM ESSA MULHER PENSA QUE É EM PEDIR IGUALDADE? POR QUE NÃO SE CONTENTA COM O QUE JÁ TEM? O autor pensa que pedir melhores condições ao futebol feminino é dar as costas contra parte da sociedade, meu Deus do céu, o que é ser musa de uma terra que existe na cabeça desse autor?
A suposta “lacração” de Marta não prejudica ninguém, mas aparentemente cria repulsa neste senhor. A pergunta que fica é: o que ela fez contra você?
Ninguém entendeu como a Marta pode ser eleita a melhor jogadora de 2018. No mundo já havia outras jogadoras para ser eleita MVP.
Você é nojento
[…] Sendo assim, sem desmerecer a liberdade constitucional de Megan Rapinoe, não posso colocar o adjetivo “corajosa” para definir sua atitude. É como caminhar sobre uma superfície de um metro de largura, a três metros do solo e com três redes de proteção. Algo que até eu, com meu medo de altura, faria até com saltos. OK, sem os saltos. Mas caminharia numa boa. É, com o devido respeito, como vejo a atitude da craque americana. Considero que ela fez muito mais pelo esporte jogando bola. Um dia esta competição será lembrada pela até surpreendente evolução no esporte. Não como, nas palavras de Danilo Mironga, a Copa do Lacre. […]