Créditos da imagem: Reprodução Globo Esporte
Palmeiras
A não ser que faça uma exibição de gala, o título só terá importância por conta do peso que o rival, inclusive por sua diretoria, deu a um campeonato moribundo. Ser campeão paulista já foi tão importante quanto brasileiro, em outros tempos. Os tempos atuais é que são outros. Só que, se um rival seu exala desespero para conquistá-lo, negar este prazer fica mais gratificante que a própria conquista. Como as Copas América que a seleção brasileira conquistou em 2004 e 2007 (sem seus principais craques), deixando a Argentina com o jejum – que deixou jogadores como Riquelme e Verón definitivamente sem títulos com a camisa albiceleste. Muito divertido.
Por outro lado, com titulares desde a semifinal, o campeão sul-americano traz para si um potencial aborrecimento. A começar por dar algum sentido à supervalorização do vizinho de CT ao troféu nanico. O Palmeiras, em 2021, levou dois dos principais três títulos vencíveis. Portanto, toda taça que perder completo dará, ao ganhador, grande dose de confiança em sua qualidade. Some-se a isso a inquietação prévia por não levar nem a Supercopa, nem a Recopa (nos pênaltis, após perder em casa). Voltar do Morumbi sem a taça significará trazer, na bagagem, outra mala de reclamações contra um futebol competente e até moderno, porém ordinário.
São Paulo
Diretoria, jornalistas e parte da torcida fazem malabarismos para justificar a priorização total do torneio sobre a Libertadores. A decisão de levar apenas reservas a Montevideo, contra o Rentistas, foi tomada quando nem mesmo a classificação estava tão encaminhada assim. Danilo Mironga, em sua Patrulha Canguru, batizou como “Operação Papai Noel” a busca por um título para os pequenos são-paulinos. Como dito acima, enfrentar o Palmeiras titular traz à Terra parte das viajadas verbais. “Se não vale nada, por que o dono da América (do Mundo, nunca foi mesmo) quer tanto?”. Graças a esta inesperada colher de chá, temos muitos garotinhos de barba grisalha esperando o presente ao lado da chaminé.
Entretanto, se a moeda não cair do seu lado (ou em pé), não adiantará correr para a Lapônia. A zombaria será geral, com direito a sugestões de que o SPFC oficialize a mudança para BFRLJ – Botafogo Futebol e Regatas do Jardim Leonor. O novo presidente, um dos responsabilizados pela vexaminosa reta final no Brasileirão, logo terá que assumir outro problema: o São Paulo precisa de mais de uma centena de milhões em saídas de atletas. A janela de transferências se aproxima. Talvez, pois sim, a prioridade ao Paulistão tenha um motivo bem diferente do que bradou a psicologia infantil. Pode ser, para 2021, a única competição em que o uso da força máxima é realmente possível. Ao menos por todo o tempo.
Grupo Globo
Numa final sem público (por motivos mais que justificados), a transmissão de TV é a terceira parte do bolo. Em último ano de contrato, a Globo analisa se vale a pena seguir pagando alto. Afinal, os dois finalistas da Libertadores usaram reservas na primeira fase. O Palmeiras só se classificou porque o Novorizontino levou uma virada do Botafogo (o de Ribeirão preto), antes de perder para o Corinthians. Não era nada improvável uma pouco atrativa final entre o São Paulo e um time do interior. Outra: caso seja campeão, o próprio tricolor deve tirar a prioridade em 2022. Ouso apostar que, se o futebol praticado neste domingo for outro “mata-mata à brasileira”, o próximo ano ficará com a concorrência. Sem lamentos.
Excelente colunista (como sempre). Eu gostaria que os dois perdessem mas desejo que o Timeco dos Bambis continue na sua eterna fila.
Obrigado pelo elogio, mas você tem consciência de que sou são-paulino, querido leitor sereia? rs
[…] O que a final do Paulistão diz para cada um dos envolvidosPor Gustavo Fernandes22/05/2021 […]