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O argentino Edgardo Bauza, ganhador da Libertadores em 2008 (LDU) e 2014 (San Lorenzo), é atualmente o mais notado técnico estrangeiro a tentar se fixar no futebol brasileiro.
Pegou um São Paulo humilde para os padrões históricos do time do Morumbi, e mesmo assim começa a mostrar algum serviço. OK que a histórica goleada por 6×0 sobre o Trujillanos (a maior do clube na história do torneio) dá um gás a mais para o time, mas há a possibilidade de esta Libertadores e o Paulista serem experiências para o futuro.
Mas isso não impede dizer que o time parece estar ganhando corpo com ele. Ganso está voltando a jogar bem, Rodrigo Caio ganha funções mais importantes, Michel Bastos patina, ameaça sair, mas é bom e deve ganhar mais chances, e o veterano Lugano tem jogado melhor – mesmo se sabendo que não dá para esperar dele as atuações de outrora. Outros jogadores também têm mostrado que podem ser mais úteis a cada jogo que passa, como Kelvin. Já Calleri, tornou-se o primeiro jogador do São Paulo a fazer quatro gols (!) em um jogo na Libertadores. Palhinha, em 1992, havia sido o último a fazer três. O atacante, aliás, nunca havia marcado quatro gols em apenas uma partida. Nesta terça, encerrou o jejum de pênaltis do São Paulo e se tornou o artilheiro desta edição da Libertadores.
Bom, é difícil prever se Bauza terá título ainda este ano. Mas dá para notar que está começando a estruturar seu trabalho. Precisará, após estabelecer seu estilo de jogar, de reforços. E já indica ao São Paulo um caminho a seguir. Seu problema é ter pego o sempre forte São Paulo em época de vulnerabilidade, tanto administrativa como técnica. Mesmo assim, está deixando a impressão de ser um profissional capaz de descascar o abacaxi.
Cada vez mais é sabido que técnicos precisam de tempo para trabalhar, principalmente nesta rotina de os clubes sul-americanos perderem craques e não tão craques a cada ano. O difícil é saber se o paciente Bauza conseguirá vencer a impaciência com os treinadores estrangeiros que impera no Brasil. Técnico de futebol é uma das funções que, ultimamente, mais dão chances de se viver em outros países. No mundo inteiro não faltam exemplos de treinadores de diversas origens que vão trabalhar em outros grandes ou pequenos centros. Ouvimos sempre falar de franceses, holandeses, croatas, europeus em geral, trabalhando na Ásia, Oriente Médio ou África. Essas oportunidades de mudanças também contemplam grandes nomes, como o espanhol Guardiola, que está de saída do alemão Bayern de Munique para o inglês Manchester City. Felipão passou por Portugal, Chelsea e outros até chegar, mesmo após o 7 a 1, à China, onde estão Mano, Luxemburgo e, até recentemente, Cuca. Treinadores como Mourinho, Ancelotti, Rafa Benitez e Di Matteo passeiam por times da Europa e de todo o mundo.
Mas, justo no Brasil, que tem a fama de ser um país receptivo, que acolhe a todos com os braços abertos, isso não parece tão fácil. Aqui há uma coisa da qual podemos quase ter certeza: se você for técnico estrangeiro de futebol, suas chances de se dar bem em terras brasileiras são muito pequenas.
Não sei se é uma maldição recente, afinal, tivemos nomes como Bella Guttman, Filpo Nuñez, José Poy e Fleitas Solich, entre outros menos famosos e bastante antigos. Mas é fato que, nos últimos tempos, aqui os estrangeiros mais fracassam do que têm sucesso. Desde a passagem de Daniel Passarela pelo Corinthians, em 2005, não aconteceu sucesso para nenhum treinador forasteiro. Contando aí a modesta atuação de Darío Pereyra, que começou a dirigir times quando já estava aclimatado aqui como jogador.
Alguma coisa acontece e é difícil de explicar. Vejamos os exemplos: O uruguaio Jorge Fossati fez um trabalho que encaminhou o Internacional para o título da Libertadores em 2010, mas foi mandado embora algumas partidas antes da glória. Ricardo Gareca, depois de sucesso no Vélez, veio para o Palmeiras como proposta de postura moderna. Pegou um time que vinha de trapalhadas históricas, contratou uma legião de estrangeiros, e não resistiu aos maus resultados. Caiu em 13 partidas. O colombiano Juan Carlos Osório chegou com um currículo vencedor ao São Paulo. Pegou o time em turbulência administrativa, vendendo jogadores, e se mandou para a Seleção do México após 28 jogos, com 12 vitórias, sete empates e nove derrotas. Diego Aguirre levou o Inter à semifinal da Libertadores, mas foi demitido. Hoje, Gareca treina o Peru. Osório é o técnico da Seleção do México e Aguirre ganhou nova chance no Atlético-MG, considerado o melhor time do Brasil atualmente.
No país em que Tite é visto como a única alternativa para Dunga, onde não há outros brasileiros em grande cotação, não é difícil saber o motivo de os estrangeiros sofrerem tantas resistências. Não se dá tempo para consolidar um trabalho. Aqui, se demite técnico como se troca de roupa. E os estrangeiros são chamados para arrebentar logo de cara, e não para pedir paciência. É por esse e outros motivos que devemos refletir bastante quando Fossati afirma que “o futebol brasileiro não enxerga além de suas fronteiras”.
Com Bauza será diferente?
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Hoje o São Paulo deu gosto. Ganso e Michel Bastos (os jogadores mais capacitados e injustiçados do clube) foram muito bem, assim como o Kelvin (que não sai mais do time, no lugar do indefensável Centurión). Sem falar na histórica noite de Calleri, autor de 4 (!) gols na partida.
É bem provável que saia caso não vença o River Plate. Há quem diga até que parte do grupo de jogadores não goste dele.
Wir fanden ihn alle sehr, sehr fein. Bis auf meine Frau Mutter. Aber die würde auch bei einem Gericht von einem 3-Sterne-Koch nur murmeln: Ja,ja, ganz eseb;r…a-)Lisbe Grüsse zurück
O Jason está, de volta
[…] – Será que Bauza supera a maldição dos estrangeiros? […]