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Tava indo tão bem!!! Parte 2 – estrelando…
A uma semana da estreia na Copa, o Mundo era dos melhores para Julen Lopetegui. Sua seleção vinha invicta, vencendo e convencendo. Eis que, dois ou três dias antes do primeiro jogo, foi anunciado como treinador do Real Madrid. O que teria sido indicativo de qualidade virou pesadelo. Por não ter informado a direção da Federação Espanhola (e, possivelmente, os atletas), foi demitido com justiça – já comentei na época. Com um substituto improvisado, a Espanha saiu melancolicamente invicta. O público, incluindo a torcida madridista, não perdoou quem começou o desastre. Foi assim que seu Mundo merengue já não começou dos melhores. Logo terminaria do pior jeito: apanhando do Barcelona – e sem Messi.
Como tudo pôde dar tão errado? Talvez o maior equívoco tenha vindo de quem o contratou. Substituir Zidane num time tricampeão europeu é missão para poucos. Por poucos, entenda-se técnicos de alto renome ou treinadores mais novos, porém com História no Santiago Bernabeu. Lopetegui não se enquadrava em nenhuma destas categorias. Foi goleiro reserva do clube e treinou a equipe B por um ano, em 2008. Seguiu treinando jogadores de base, então na seleção espanhola. Na primeira tentativa em alto nível, acabou chutado do Porto. Foi quando Vicente Del Bosque enfim se aposentou da seleção principal. Como em outros casos de seleções, a Federação resolveu apostar em treinador de base – onde, de fato, seu trabalho rendeu frutos. Os resultados foram acima do esperado. A ponto de o maior clube do planeta esquecer requisitos básicos – e indispensáveis – de cautela.
A primeira prevenção madridista passaria por uma distinção natural na Europa. Com a valorização dos técnicos em clubes, tornou-se raridade um treinador top assumindo seleções. Além da questão econômica, existe a diferença óbvia nos métodos de trabalho. Num ciclo completo de Copa do Mundo, dificilmente a soma de treinos será superior a seis meses. Sempre zelando para evitar lesões. Mais: pela carga reduzida, normalmente o técnico de seleção se preocupa em ajustar posicionamentos, deixando o resto com os jogadores. O desafio é combinar o maior número de ótimos atletas possível, sem tempo para corrigir incompatibilidades. Se não deu certo, escala ou convoca outro. Num clube, é preciso escalar quem está lá. Dependendo do gasto, tem que ralar até encaixar um cubo num cilindro, como em Apolo XIII. Ou faz, ou se perde no Universo.
Foi na rotina de seleção que Lopetegui chamou a atenção. Na rotina de clube, porém, ainda tinha dúvidas a esclarecer. Como apontado acima, ele fracassou num grande clube português. Aliás, voltemos ao começo do parágrafo. Lopetegui “chamou a atenção”, mas não era sucesso confirmado. A rigor, jogara uma eliminatória de Copa com apenas a enfraquecida Itália como adversário de peso. A primeira competição valendo taça seria a da Rússia. Por mais presumível que suas decisões e treinamentos teriam sido melhores que os de Hierro, seria recomendável aguardar. O Real Madrid poderia manter contato e só confirmar proposta depois da Copa – com plano B a tiracolo. Em vez disso, fechou negócio. Deixou, ainda, de considerar outro ponto: a pressão para escalar A ou B. Na Espanha eram Piqué, Ramos, Iniesta e o resto – forte, mas sem o mesmo status. Já no Real Madrid…
Na véspera da Copa do Mundo, Cristiano Ronaldo insinuava sair. Provavelmente, pensaram ser mais um charme de artista. Não foi. Subitamente, uma relação hierárquica de elenco bem definida, como era na Roja, entrou em ebulição. Quem seria o novo “protagonista”? Bale (após anos de espera)? Marcelo (com proteção especial para os avanços)? Asensio (uma promessa, no time e na seleção)? O desafio estava fora do script. Lidar com ele pode ter sido a ruína decisiva. Foram diversas tentativas, para todos os lados. A insegurança do treinador foi sentida pelos atletas. Isso já é fatal num time médio brasileiro. Imaginem numa seleção internacional, com oito jogadores lembrados na lista da Bola de Ouro. Nem é uma questão de fazer panela pra derrubar técnico. O descrédito em si abala a concentração coletiva. Como vinha sendo com Benitez, antecessor de Zidane.
Humilhado no topo profissional, após todo o episódio que começou em solo russo, Lopetegui deve despencar nas cotações. Seu retorno, quando acontecer, dificilmente será num clube de renome. Precisará remar tudo de novo. Nem sua marca de aproveitamento na seleção, que dificilmente será superada, servirá como atrativo no currículo. O papel aceita tudo, mas não supera o poder das imagens. Julen Lopetegui sai tão chamuscado e traumatizado que, numa dessas, mudará desesperadamente de canal se estiver passando o programa “Irmãos à Obra (Property Brothers)”. Não entenderam? Basta ver com que centroavante os apresentadores se parecem…
Leia também:
– Sobre as idas e vindas na análise dos técnicos (Tava indo tão bem!!! Parte 1)
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