Créditos da imagem: Alexandre Vidal/Flamengo
Com os recentes sucessos de Jorge Jesus e Jorge Sampaoli em solo brasileiro, ficou evidente para todos uma necessidade absoluta: precisamos importar “mão de obra qualificada” para dirigir nossos times de futebol.
Na esteira do salutar entendimento de que os treinadores brasileiros estão muito distantes do gabarito de bons profissionais estrangeiros, informações dão conta de que o Internacional pretende contratar um técnico argentino. Eduardo Coudet, Ariel Holan e Jorge Almirón são os nomes especulados.
E aí me vem uma grande preocupação: é preciso diferenciar “técnicos estrangeiros” de “técnicos europeus”.
Não tenho dúvidas de que hoje a média dos técnicos argentinos é superior à brasileira. Provavelmente, qualquer um desses profissionais fará trabalhos superiores aos dos nossos principais treinadores.
Mas atualmente qual é o papel ocupado pelo futebol argentino no mundo? A seleção argentina pena por não conseguir dar padrão de jogo a um plantel cheio de craques. Até mesmo o River Plate, comandado pelo celebrado Marcelo Gallardo, foi eliminado por um time árabe na semifinal do Mundial de Clubes.
Meu ponto é: o centro do futebol mundial hoje é a Europa. E ao contrário do que normalmente se imagina, não é somente por ter dinheiro para contratar os melhores jogadores. O intercâmbio frequente existente lá fez com que os profissionais que atuam no Velho Continente -nascidos lá ou não- levassem para outro nível o entendimento sobre o que é necessário para uma equipe praticar bem o futebol, especialmente após a revolução provocada pelo Barcelona de Guardiola. Exemplo maior é que hoje as seleções europeias também dominam totalmente o futebol mundial, tendo vencido as últimas quatro Copas do Mundo (com três finais entre europeus), além de terem feito os dois finalistas dos últimos Mundiais sub-17 e sub-20.
Alguém pode estar questionando que “há muitos treinadores argentinos de destaque na Europa, e o próprio Sampaoli é argentino”. Sim, mas profissionais como Maurício Pocchetino sequer foram treinadores na Argentina, enquanto o mais badalado deles, Diego Simeone, já dirige em solo europeu há oito temporadas. Outros, como Mauricio Pellegrino e Eduardo Berizzo passaram anos se aperfeiçoando na Europa. Mesmo Jorge Sampaoli passou uma temporada no Sevilla, enfrentando constantemente equipes como Real Madrid, Barcelona e Atlético de Madri.
Ou seja, muito antes de serem “estrangeiros”, Jorge Jesus e Jorge Sampaoli são “europeus”, no sentido de serem profissionais habituados ao que há de melhor no centro do futebol mundial contemporâneo. Não é uma questão de “carga genética do local de nascimento”, mas sim de prática, conhecimento e competitividade no mais alto nível.
Quando importamos treinadores estrangeiros para outras modalidades, buscamos de centros mais avançados que o nosso. Exemplos são a sueca Pia Sundhage, treinadora da Seleção Feminina de Futebol, e o croata Aleksandar Petrović, treinador da Seleção Masculina de Basquete.
Importar profissionais de centros tão periféricos quanto o nosso não adianta nada. Salvo o acaso, não será na América do Sul que encontraremos os profissionais que elevarão o nosso jogo a outro patamar, sob pena de repetirmos mais Garecas, Aguirres, Bauzas e Osorios do que “Jorges europeus” e chegarmos à conclusão de que “os estrangeiros não são tão bons assim”.
A maioria dos treinadores brasileiros são acomodados, sempre com desculpas para os maus resultados, treinos conhecidos, não criam nada de novo, sem paciência para trabalhar o jogador principalmente em fundamentos básicos para se formar uma equipe competitiva
Excessão é o Fernando Diniz.