Créditos da imagem: Reprodução / Blog do Milton Neves
Com a quarentena, o SporTV reprisou todos os jogos do Brasil na Copa de 1970. Na íntegra. Assim todos puderam ver, no ritmo mais lento e no calor mexicano, a técnica de Pelé & Cia. Também puderam ver que nem todo mundo era craque naquele time. E puderam testemunhar aquilo que já era discutível na época. Félix foi questionado antes e durante a Copa. Mas eis que, por decreto, agora querem repreender quem repete o que foi dito ao vivo e em cores – ou preto e branco. Como se faltassem patrulhas, agora temos os vigilantes da História. Pra azar deles, contra fatos não há patrulhamentos.
João Saldanha alçou o então goleiro do Fluminense a titular. Zagallo o manteve. Desafetos, ambos deviam ter suas razões. Não eram loucos. Assim como Guardiola não é, mas trouxe o chileno Bravo para o City. Ninguém proibiu jornalistas e torcedores ingleses de falar que toda bola no gol entrava. Então ninguém pode vetar que se diga a mesma coisa sobre Félix. OK, teve a defesa da cabeçada de Lee (com direito a chute na cara). Mas teve os gols defensáveis e também os inexplicáveis. Justamente os dois últimos. Contra o Uruguai, uma finalização tosca de Cubillas. Contra a Itália, quis corrigir a falha de Clodoaldo, dividiu com o pezinho e colocou o laço no presente de Boninsegna. Um foi na semifinal. Outro na final. Até os estrangeiros encantados perguntavam se não havia goleiro melhor. É esse o direito que o povo do futuro ousa reivindicar.
Vida de goleiro não é fácil e muito menos naquele tempo. As luvas eram precárias. Nem todo mundo se sentia seguro com elas. Temiam que a bola escapasse. Félix era um deles. Não espantava que tanto goleiro fraturasse a mão. Precisava mesmo ser corajoso pra entrar de mãos desnudas contra bolas pesadas. Ele também não era alto. Poucos eram altos. Mas 1,76 m complicavam. Aí o telespectador vê um sujeito pequeno e sem luvas. Pensa “poxa, devia ser um felino pra compensar”. Só que nem tanto. Pulava, mas na média. Os gols tomados não sugerem a melhor das colocações. Só se pode imaginar que o Brasil estava num momento ruim pra posição. O terceiro reserva, Leão, provavelmente era o melhor deles. Tanto que seria titular por duas Copas seguidas – 1974 e 1978. Mas tinha 21 anos. Félix ganhou pela experiência – e tomou gols de novato.
Não digo que é justo apenas Félix ser questionado entre os goleiros campeões. Taffarel se consagrou nos pênaltis, justamente no pior momento da carreira. Muitos (eu, inclusive) acham que é o melhor que a seleção já teve. Mas não em 1994. Em 1990, era unanimidade. Só que, depois, regra de estrangeiros o deixou encostado no Parma. Deu calafrios na eliminatória de 1993. Continuou inseguro nos Estados Unidos. Jogou muito melhor em 1998. Tomou mais gols também. Jogar com Junior Baiano não era brinquedo, não. Coube ao VT global mostrar que nem Galvão acreditava em 1994. Histérico (ontem, hoje e sempre), reclamou que escolhia o canto. Estranhamente, Pagliuca fez o mesmo e saiu ileso de críticas. No fim, teve “vai que é sua, Taffarel!”, mas nada de “eu sou uma besta, Taffarel!”. Vamos ter que esperar até sua última narração. Sentados.
Se Taffarel foi o melhor ganhando na sua pior hora, Félix foi o mesmo em todas as horas. Não arrancou suspiros nem dos saudosistas. Como poderia arrumar agora? Voltou do México bradando que o frangueiro foi campeão. Teve todo o direito de ironizar. E nós temos o direito de, mesmo entendendo a intenção, constatar que falou sério. Sem ofensas a seus familiares e amigos. Muito pelo contrário. Talvez seja Félix, e não o espanhol De Gea (com luva da boa e tudo o mais), que mereça ser reconhecido como o melhor frangueiro do mundo. Sem ironias.
Criticar um jogador da seleção de 70 é xomo criticar um Beatles. Tem coisas que alguns – pobres de espírito – jamais serão capazes de entener.
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