Créditos da imagem: Montagem / No Ângulo
Desde o final da semana passada o noticiário esportivo não falou de outra coisa senão da saída do técnico Jorge Jesus do comando do Flamengo. Com mais títulos que derrotas (5 a 4), o treinador português retornou para seu país, por motivos particulares, para novamente comandar o Benfica, clube com o qual possui significativa relação.
Com a saída do treinador, o Flamengo possui uma missão que se comprova hercúlea, tão importante quanto o trabalho feito nos últimos meses que renderam tantos títulos em tão pouco tempo de trabalho.
Isso porque não é fácil arrumar um treinador no Brasil, ainda mais em tempos críticos em que a imagem do país lá fora está completamente desgastada pelas políticas de apoio ao coronavírus do presidente. Especialmente para um clube vitorioso, a missão é ainda mais complicada e nem sempre o êxito aparece imediatamente.
O sucesso de Jorge Jesus é uma certeza, mas as dúvidas sobre a sucessão são inevitáveis. É possível arrumar um treinador que chegue e não modifique a vitoriosa forma de jogar do clube? Como contratar um treinador que dê sequência e coloque a sua forma de jogar sem correr risco de apagar o time que se tornou o mais temido da América do Sul?
Histórias como essa são corriqueiras no futebol. Quem sofreu muito com isso foi outro clube de massa do país, o Corinthians. Em 2010, após estar liderando com folgas o Brasileirão, o Timão perdeu Mano Menezes, tentou seguir o caminhou com Adilson Batista, mas só foi se encontrar mais de um ano depois com Tite, que quase foi demitido também após uma eliminação frustrante e vexatória contra o Tolima.
Cinco anos depois, Tite saiu novamente, chegou Cristóvão Borges, Oswaldo Oliveira passou, mas o caminho das vitórias só brilhou novamente fruto de um acaso em razão de falta de opções que renderam a um então auxiliar, Fábio Carille, o posto de técnico no início da temporada.
Também há casos recentes no país. Neste ano, o Santos, após o vice-campeonato nacional e um belíssimo trabalho de outro Jorge, o Sampaoli, tem sofrido para se encontrar com o luso Jesualdo Ferreira, que já teve sua cabeça pedida inúmeras vezes pela torcida.
Mesmo internacionalmente, qualquer saída que venha de bons resultados gera abalos importantes. No Real Madrid tricampeão da Champions League, só mesmo Zinedine Zidane foi capaz de retomar o que ele mesmo havia feito no clube antes de sua saída. Já no rival Barcelona, por exemplo, Guardiola é lembrado até hoje e nem mesmo o título da Champions conquistado por Luis Enrique e o trio MSN diminuiu o tamanho do prejuízo que o clube tem adquirido com técnicos e maus trabalhos.
É claro que há exceções, como o também time corintiano de 1999 que seguiu firme e até mais forte após a saída de Vanderlei Luxemburgo para a Seleção Brasileira. Mas o insucesso é a regra.
Aliás, é provável que, a esta altura, a diretoria já tenha recebido dezenas de possíveis nomes, mas a chance de dar certo logo de cara, mesmo com um grande time como o Flamengo e com tantos bons jogadores, é pequena, pois, tal qual Tite, Zidane e Guardiola, o Mister criou uma identificação que o faz insubstituível.
A missão que o Flamengo terá a partir de agora é, portanto, ENORME, do tamanho de quem tinha que virar uma final de Libertadores em campo neutro.
Conseguiu. Conseguirá?